Educação, exílio e revolução: o camarada Paulo Freire

Autori

  • Débora Mazza Universidade Estadual de Campinas
  • Nima Imaculada Spigolon Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2018.v3.n7.p203-220

Parole chiave:

Autobiografia

Abstract

O artigo apresenta o percurso político-pedagógico de Paulo Freire, no exílio brasileiro (1964-1980), a partir de (auto)biografias. Autores sugerem que o exílio político promove diásporas, reconversões identitárias, militâncias e processos de mudança, nos percursos individuais e coletivos, que aqui analisamos. Ancoradas em narrativas (auto)biográficas, incluindo uma entrevista jornalística concedida e coletada em África; as autoras do artigo esquadrinham tempos e espaços nos quais o então educador do governo do presidente João Goulart, em decorrência do golpe de 1964 e na condição de exilado político, aliou sua experiência de Educação com Revolução, impulsionado pelos desafios da Alfabetização de Adultos. Paulo Freire e família residiram e trabalharam nas Américas e na Europa e estenderam suas intervenções em África – nos países recém-independentes da colonização portuguesa. Em época de desmonte do Estado de direito e de inflexão social conversadora, recobrar o percurso de Paulo Freire no exílio e compreender os processos que transformaram o educador popular - então parte dos quadros do governo federal-, em camarada revolucionário, é uma forma de se indignar contra as muitas formas de opressão e resistir dentro dos limites da ordem democrática.

Downloads

I dati di download non sono ancora disponibili.

Biografie autore

Débora Mazza, Universidade Estadual de Campinas

Faculdade de Educação (FE). Departamento de Ciências Sociais na Educação (DECISE). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Nima Imaculada Spigolon, Universidade Estadual de Campinas

Faculdade de Educação (FE). Departamento de Políticas, Administração e Sistemas Educacionas (DEPASE). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Riferimenti bibliografici

BEISIEGEL, Celso de Rui. Estado de educação popular. São Paulo: Pioneira, 1974.

BEISIEGEL, Celso de Rui. Política e educação popular. São Paulo: Ática, 1982.

BOITO JR, Armando; BERRINGER, Tatiana. Brasil: classes sociais, neodesenvolvimentismo e política externa nos governos Lula e Dilma. Rev. Sociol. Polit., v. 21, n. 47, p. 31-38, 2013.

BRUNEAU, Michel. Pour une approche de la territorialité internationale: les notions de disapora et de communité transnationale. In: ARAB, Chadia et al. Les circulations transnationales. Lire les turbulences migratoires contemporaines. Paris: Armand Colin, 2009. p. 29-42.

BRUNER, Jerome. Atos de significação. Porto Alegre: Artmed, 1997.

CHAUÍ, Marilena. Conformismo e resistência. São Paulo: Brasiliense, 1985.

CHARTIER, Roger. A visão do historiador modernista. In: FERREIRA, Marieta de M.; AMADO, Janaina. (Orgs.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1996. p. 215-218.

CORTES, Geneviève; FARET, Laurent. La circulation migratoire dans “l’ordre des mobilités. In: ARAB, Chadia et al. Les circulations transnationales. Lire les turbulences migratoires contemporaines. Paris: Armand Colin, 2009. p. 7-19.

COSTA, Albertina de Oliveira et al. (Orgs.). Memórias das mulheres do exílio. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

CRUIKSHANK, Julie. Tradição oral e história oral: revendo algumas questões. In: FERREIRA, Marieta de M.; AMADO, Janaina (Orgs.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1996. p. 149-166.

DAVIS, Kathy; PRADILLA, Victoria. La biografia como metodologia critica. Historia, Antropologia y Fuentes Orales, Barcelona, Memoria Rerum, n. 30, p. 153-160, 2003.

DELORY-MOMBERGER, Christine. A pesquisa biográfica: projeto epistemológico e perspectivas metodológicas. In: ABRAHÃO, Maria Helena M. B.; PASSEGGI, Maria da Conceição. (Orgs). Dimensões metodológicas da pesquisa (auto)biográfica: Tomo I. Natal: EDUFRN; Porto Alegre: EDIPUCRS; Salvador: EDUNEB, 2012. p. 71-93.

DEMARTINI, Zeila de Brito Fabri. Relatos orais, documentos escritos e imagens: fontes complementares na pesquisa sobre imigração. In: ROCHA-TRINDADE, Maria Beatriz; CAMPOS, Maria Christina Siqueira de Souza. (Orgs.). História, memória e imagens nas migrações: abordagens metodológicas. Oeiras: Portugal: Celta Editora, 2005. p. 99-134.

DREIFUSS, René Armand. 1964: a conquista do Estado: ação política, poder e golpe de classe. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

DUBAR, Claude. A crise das identidades: a interpretação de uma mutação. São Paulo: EDUSP, 2009.

FÁVERO, Osmar. Cultura popular, educação popular, memória dos anos 60. Rio de Janeiro: Graal, 1983.

FERNANDES, Florestan. A revolução burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Porto: Afrontamento, 1972.

FREIRE, Paulo. Há uma unidade indissolúvel entre a revolução e a educação. Entrevista. In: Jornal “Nô Pintcha”, Bissau, Guiné-Bissau, ed. 09 de abril, p. 05, 1977.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança. São Paulo: Paz e Terra, 1992.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora Unesp, 2000.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2006.

FREIRE, Paulo; BETTO, Frei. Essa escola chamada vida: depoimentos ao repórter Ricardo Kotscho. São Paulo: Editora Ática, 2000.

FREIRE, Paulo; FAUNDEZ, Antônio. Por uma pedagogia da pergunta. São Paulo: Paz e Terra, 1985.

FREIRE, Paulo; GUIMARÃES, Sérgio. Aprendendo com a própria história. V. I. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001.

FREIRE, Paulo; GUIMARÃES, Sérgio. Aprendendo com a própria história. V. II. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

FREIRE, Paulo; OLIVEIRA, Rosiska Miguel Darcy de.; CECCON, Claudius. Vivendo e aprendendo: experiências do IDAC em educação popular. São Paulo: Brasiliense, 1980.

GALEANO, Eduardo. As palavras andantes. Porto Alegre: L&PM, 2007.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Editora Centauro, 2015.

HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2009.

JULIÃO, Francisco. Esperança é meu signo. In: CAVALCANTI, Pedro Celso Uchôa; RAMOS, Jovelino. (Coords.). Memórias do Exílio, Brasil 1964/19?? Volume 1 – De muitos caminhos. São Paulo: Editora e Livraria Livramento Ltda., 1978. p. 287-299.

LARROSA, Jorge. La experiencia de la lectura. Estudios sobre literatura y formación. Barcelona: Laertes S. A. Ediciones, 1996.

LEFEBVRE, Henri. Espaço e política. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2008.

MAZZA, Débora. A produção sociológica de Florestan Fernandes e a problemática educacional: uma leitura (1941-1964). Taubaté: Cabral Editora e Livraria Universitária, 2003.

MAZZA, Débora; FERREIRA, Márcia dos Santos; SPIGOLON, Nima Imaculada. O golpe de 1964 no Brasil: memórias de mulheres sobre o exílio. Cadernos CERU, São Paulo, FFLCH/ USP, v. 26, n. 1, p. 167-183, 2015.

NÓVOA, Antônio. Firmar a posição como professor, afirmar a profissão docente. Cadernos de Pesquisa, v. 47, n. 166, p. 1106-1133, out./dez. 2017.

PAIVA, Vanilda. Educação popular e educação de adultos, contribuição à história da educação brasileira. São Paulo: Loyola, 1973.

PEPETELA [PESTANA dos Santos, Artur Carlos Maurício]. A geração da utopia. Lisboa: Dom Quixote, 1997.

ROLLEMBERG, Denise. Exílio entre raízes e radares. Rio de Janeiro: Editora Record, 1999.

ROSAS, Paulo. Papéis avulsos sobre Paulo Freire, 1. Recife: Centro Paulo Freire – Estudos e Pesquisas: Editora Universitária da UFPE, 2003.

SAID, Edward. Reflexões sobre o exílio e outros ensaios. São Paulo: Cia. das Letras, 2003.

SAINT MARTIN, Monique de. Reconversões e reestruturações das elites: o caso da aristocracia em França. Análise Social, Revista do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, v. XXX (5º.), n. 134, p. 1023-1039, 1995.

SPIGOLON, Nima Imaculada. Pedagogia da convivência: Elza Freire – uma vida que faz educação. Jundiaí: Paco Editorial, 2016

SPIGOLON, Nima Imaculada. As noites da ditadura e os dias de utopia – o exílio, a educação e os percursos de Elza Freire nos anos de 1964 a 1979. 2014. 506 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2014.

SOUZA, Elizeu Clementino de.; CASTAÑEDA, José Antonio Serrano; MORALES, Juan Mario Ramos. Autobiografía y educación: tradiciones, diálogos y metodologías. Revista mexicana de investigación educativa (RMIE), México, v. 19, n. 62, p. 683-694, jul./sep. 2014.

TOLEDO, Caio Navarro de. O governo Goulart e o golpe de 64. São Paulo: Brasiliense, 1983.

WEFFORT, Francisco Correia. O populismo na política brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

YANKELEVICH, Pablo. Introducción. In: YANKELEVICH, Pablo; JENSEN, Silvina. (Orgs.). Exilios: destinos y experiências bajo la dictadura militar. Buenos Aires: Libros Del Zorzal, 2007. p. 09-20.

VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Entre a realidade e a utopia: ensaios sobre política, moral e socialismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

VIÑÃO, Antonio. A modo de prólogo: refugios del yo, refugio de otros. In: MIGNOT, Ana Crystina V.; BASTOS, Maria Helena Câmara; CUNHA, Maria Teresa Santos. (Orgs.). Refúgios do eu: educação, história e escrita autobiográfica. Florianópolis: Mulheres, 2000. p. 9-15.

Pubblicato

2018-04-26

Come citare

MAZZA, D.; SPIGOLON, N. I. Educação, exílio e revolução: o camarada Paulo Freire. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)biográfica, [S. l.], v. 3, n. 7, p. 203–220, 2018. DOI: 10.31892/rbpab2525-426X.2018.v3.n7.p203-220. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/rbpab/article/view/4462. Acesso em: 25 nov. 2024.

Articoli simili

<< < 2 3 4 5 6 7 8 > >> 

Puoi anche Iniziare una ricerca avanzata di similarità per questo articolo.