TEORIA E PRÁTICA NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES EM PORTUGAL
Palavras-chave:
formação inicial de professores, práticas reflexivas, competências, modelos de formação, Portugal.Resumo
Os primeiros programas de formação inicial de professores surgiram em Portugal na década de 70 e foram ensaiados nas faculdades de ciências. Pretendeu-se então criar uma via de formação alternativa para o exercício da docência, numa altura em que o sistema educativo português se começava a expandir e a procura por pessoal docente com preparação científica e pedagógica tinha de ser assegurada a longo prazo. Contudo, o processo de criação de novos cursos de informação inicial foi relativamente lento, pelo que apenas na década de 80 se verificou a sua extensão a todas as instituições de ensino superior público. A expansão da formação inicial foi marcada desde o seu início por aquilo que alguns autores designam de universitarização dos programas, ou seja, pela reprodução de uma lógica de forte separação disciplinar, reforçada pelos próprios modelos de organização e gestão das instituições formadoras. Sob o ponto de vista da qualidade da formação, este contexto potenciou uma forte separação entre a teoria e a prática e, desse modo, não forneceu aos jovens docentes as ferramentas conceptuais e metodológicas mais adequadas à entrada no mundo das escolas. O problema resulta em grande medida da incapacidade das instituições formadoras para delinearem e aplicarem modelos de formação alternativos, que façam uso de ferramentas que impliquem ativamente os formandos na construção do seu próprio saber. Modelos de natureza reflexiva, que atendam aos saberes experienciais dos sujeitos e lhes permitam encontrar um sentido para a teoria e, dessa forma, propiciar uma mudança efetiva das práticas.
Downloads
Referências
ALEXANDRE, F. Assessing teachers’ practices through standards and the conflict between rational knowledge and beliefs: the case of Portuguese geography initial teacher training. The 30th International Geographical Union Congress/Higher Education Research Group. Glasgow, 2004.
ALEXANDRE, F. The standardization of geography teachers’ practices: a journey to selfsustainability and identity development. International Research in Geographical and Environmental Education, v.25, n.2, 2016. P. 166-188.
ALEXANDRE, F. The place of epistemological beliefs within teachers’ social representation systems: a model to explain geography teachers’ practices”. In G. Schraw, J. Brownlee, L.
Olafson e M. VanderVeldt (Eds.), Teachers’ Personal Epistemologies: Evolving Models for Transforming Practice. Charlotte, NC: Information Age Publishing, 2017. P. 353-386.
ASSEN, J. et al. How can a dialogue support teachers’ professional identity development? Harmonising multiple teacher I-positions. Teaching and Teacher Education, v.73, 2018. P. 130-140.
BENTON, T.; Craib, I. Philosophy of social science: the philosophical foundations of social thought. Hampshire: Palgrave, 2001.
BULL, B. National standards in local context: A philosophical and policy analysis. In B. A. Jones (ed.), Educational leadership: Policy dimensions in the 21st century. Stamford, CT: Ablex Publishing Corporation, 2000.
CAMPOS, B. Teacher education policies in Portugal. In B. Campos (eds.), Teacher education policies in the European Union. Lisboa: Ministério da Educação, 2000. P. 225-242.
CANÁRIO, R. Formação inicial de professores: que futuro(s)? Síntese dos relatórios de avaliação dos cursos para o 3.º ciclo do ensino básico e ensino secundário. Lisboa: INAFOP, 2001.
CARIA, T. A cultura profissional dos professores: o uso do conhecimento em contexto de trabalho na conjuntura da reforma educativa dos anos 90. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/Fundação para a Ciência e Tecnologia, 2000.
CARIA, T. Itinerário de aprendizagens sobre a construção teórica do objecto saber. Etnográfica, v.11, n.1, 2007. P. 215-250.
CROOK, S. Social theory and the postmodern. In G. Ritzer e B. Smart (eds.), Handbook of social theory. Londres: Sage Publications, 2001. P. 308-323.
DELANDSHERE, G.; PETROSKY, A. Framing teaching and teachers? National Board English language arts certification in the US. L1-Educational Studies in Language and Literature, 1. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 2001. P. 115-133.
DELANDSHERE, G.; PETROSKY, A. Political rationales and ideological stances of the standards-based reform of teacher education in the US. Teaching and Teacher Education, v.20, n.1, 2004. P. 1-15.
DELANTY, G. Modernity and postmodernity – knowledge, power and the self. Londres: Sage Publications, 2000.
DOECKE, B. Professional identity and educational reform: Confronting my habitual practices as a teacher educator. Teaching and Teacher Education, v.20, n.2, 2004. P. 203-215.
ENGLUND, T. Are professional teachers a good thing?. In I. F. Goodson, e A. Hargreaves (eds.), Teachers’ professional lives. Londres: Falmer Press, 1996. P. 75-87.
ETIENNE, R. et al. [eds.]. L’université peut-elle vraiment former les enseignants? Bruxelas: Éditions De Boeck, 2009.
FERNÁNDEZ, M. Framing Teacher Education: Conceptions of Teaching, Teacher Education, and Justice in Chilean National Policies. Education Policy Analysis Archives, v.26, n.34, 2018. P. 1-37.
FORMOSINHO, J. Teacher education in Portugal. Teacher training and teacher professionality. In B. Campos (eds.), Teacher education policies in the European Union. Lisboa: Ministério da Educação, 2000. P. 25-42.
GASSNER, O.; KERGER, L.; SCHRATZ, M. (eds.) ENTEP the first ten years after Bologna. Bucareste: Editura Universitãtii din Bucuresti, 2010.
GASSNER, O. ENTEP and European teacher education. Policy issues since 2000. In O. Gassner, L. Kerger e M. Schratz (eds.), ENTEP the first ten years after Bologna. Bucareste: Editura Universitãtii din Bucuresti, 2010. P. 13-42.
GOLANN, J. Conformers, Adaptors, Imitators, and Rejecters: How No-excuses Teachers’ Cultural Toolkits Shape Their Responses to Control. Sociology of Education, v.91, n.1, 2018. P. 28-45.
GONZALEZ, J.; WAGENAAR R. Tuning educational structures in Europe – Final Report/Phase One. Bilbao: Universidad de Deusto, 2003.
GONZALEZ, J.; WAGENAAR R. Tuning educational structures in Europe - II. Bilbao: Universidad de Deusto, 2005.
HAMACHEK, D. Effective teachers: What they do, how they do it, and the importance of self-knowledge. In R. P. Lipka e T. M. Brinthaupt (eds.), The role of self in teacher development. Albany, NY: State University of New York Press, 1999. P. 189-224.
HARGREAVES, A.; GOODSON, I. F. Teachers’ professional lives: Aspirations and actualities. In: I. F. Goodson, e A. Hargreaves (eds.), Teachers’ professional lives. Londres: Falmer Press, 1996. P. 1-27.
HENNISSEN, P.; BECKERS, H.; MOERKERKE, G. Linking practice to theory in teacher education: A growth in cognitive structures. Teaching and Teacher Education, v.63, 2017. P. 314-325.
HOFSTETTER, R.; SCHNEUWLY, B.; LUSSI, V. Professionnalisation des enseignants et développement des sciences de l’éducation. In Richard Etienne et al. (eds.) L’université peut-elle vraiment former les enseignants?. Bruxelas: Éditions De Boeck, 2009. P. 29-51.
KORTHAGEN, F. In search of the essence of a good teacher: Towards a more holistic approach in teacher education. Teaching and Teacher Education, v.20, n.1, 2004. P. 77-97.
LEITE, C., Fernandes, P. e Sousa-Pereira, F. Post-Bologna policies for teacher education in Portugal: tensions in building professional identities. Profesorado - Revista de Currículum y Formación del Profesorado, v.21, n.1, 2017. P. 181-201.
LEGENDRE, M.-F. La notion de compétence au coeur des réformes curriculaires: effet de mode ou moteur de changements en profondeur?. In F. Audigier e N. Tutiaux-Guillon (eds.), Compétences et contenus. Les curriculums en questions. Bruxelas: Éditions De Boeck, 2008. P. 27-50.
LESSARD, C. Le référentiel de compétences, un levier de la professionnalisation de la formation ou un effet de langage?. In Richard Etienne et al. (eds.), L’université peut-elle vraiment former les enseignants?. Bruxelas: Éditions De Boeck, 2009. P. 127-144.
KUHLEE, D. The Impact of the Bologna Reform on Teacher Education in Germany: An Empirical Case Study on Policy Borrowing in Education. Research in Comparative and International Education, v.12, n.3, 2017. P. 299-317.
MARTIN, S.; DISMUKE, S. Investigating Differences in Teacher Practices Through a Complexity Theory Lens: The Influence of Teacher Education. Journal of Teacher Education, v.69, n.1, 2018. P. 22-39.
MAULINI, O.; PERRENOUD, P. La structuration des savoirs dans un curriculum de formation professionnelle. In Richard Etienne et al. (eds.), L’université peut-elle vraiment former les enseignants?. Bruxelas: Éditions De Boeck, 2009. P. 55-76.
MIKKOLA, A. Research-based teacher education in Finland. In O. Gassner, L. Kerger e M. Schratz (eds.) ENTEP the first ten years after Bologna. Bucareste: Editura Universitãtii din Bucuresti, 2010. P. 115-120.
PERRENOUD, P. La formation des enseignants entre théorie et pratique. Paris: L’Harmattan, 1994.
PERRENOUD, P. Dix nouvelles compétences pour enseigner. Paris: ESF éditeur, 1999.
PERRENOUD, P. Développer la pratique réflexive dans le métier d’enseignant. Paris: ESF éditeur, 2001.
PERRENOUD, P. Construire des compétences dès l’école. Paris: ESF éditeur, 2004.
PERRENOUD, P. et al. [eds.] Conflits de savoirs en formation des enseignants. Bruxelas: Éditions De Boeck, 2008.
PIAGET, J. e Chomsky, N. Teorias da linguagem. Teorias da Aprendizagem. Lisboa: Edições 70, 1987.
PIRES, A. L. Educação e formação ao longo da vida: análise crítica dos sistemas e dispositivos de reconhecimento e validação de aprendizagens e de competências. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/Fundação para a Ciência e Tecnologia, 2005.
SCALES, R. et al. Are We Preparing or Training Teachers? Developing Professional Judgment in and Beyond Teacher Preparation Programs. Journal of Teacher Education, v.69, n. 1, 2018. P. 7-21.
SHAUGHNESSY, M.; BOERST, T. Uncovering the Skills That Preservice Teachers Bring to Teacher Education: The Practice of Eliciting a Student’s Thinking. Journal of Teacher Education, v.69, n.1, 2018. P. 40-55.
SCHRATZ, M. What is a “European teacher”?. In O. Gassner, L. Kerger e M. Schratz (eds.) ENTEP the first ten years after Bologna. Bucareste: Editura Universitãtii din Bucuresti, 2010. P. 97-102.
UITTO, M. et al. Recalling life-changing teachers: Positive memories of teacher-student relationships and the emotions involved. International Journal of Educational Research, v.87, 2018. P. 47-56.
WARD, J. R.; McCOTTER, S. Reflection as a visible outcome for preservice teachers. Teaching and Teacher Education, v.20, n.3, 2004. P. 243-257.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Cenas Educacionais (CEDU) implica na transferência, pelas(os) autoras(es), dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os manuscritos publicados nesta revista são das(os) autoras(es), com direitos da CEDU sobre a primeira publicação. As(os) autoras(es) somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando explicitamente a CEDU como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.