AINDA SOBRE A “IDEOLOGIA DE GÊNERO”: DISCURSOS DE DOCENTES DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Autores

Palavras-chave:

Análise do Discurso, Docentes, Educação para a diversidade, Contexto político

Resumo

O objetivo deste estudo consiste em analisar a percepção acerca da “ideologia de gênero” a partir da análise do discurso de professores de Ciências Humanas e Sociais na educação básica, com vistas a averiguar como as tensões do campo político, acentuadas a partir do acontecimento da eleição de 2018, têm impactado as abordagens em torno das questões de gênero e sexualidade na escola. Para isso, foram ouvidos seis docentes do ensino médio da rede pública da cidade de Mossoró/RN. O aparato teórico que norteia a análise advém das reflexões de Michel Foucault. A pesquisa pode ser classificada como descritivo-interpretativa de natureza qualitativa. Os discursos dos docentes evidenciam uma dificuldade em compreender as tensões que atravessam a “ideologia de gênero” e um sutil controle acerca do que pode ser dito sobre gênero e sexualidade no ambiente escolar, tendo em vista a conjuntura do Brasil atual.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rafael Danrley Barra de Menezes, Professor na Universidade Potiguar - Brasil

Mestre em Ensino pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Assessor de Gabinete de Juiz no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. Membro do Grupo de Pesquisa Discurso com Foucault

Francisco Vieira da Silva, Docente no Programa de Pós-Graduação em Ensino da Universidade Federal Rural do Semi-Árido e no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - Brasil

Doutor em Linguística pela Universidade Federal da Paraíba. Líder do Grupo de Pesquisa Discurso com Foucault.

Referências

ALMEIDA, R. de. Bolsonaro presidente: conservadorismo, evangelismo e crise brasileira. Novos Estudos, v.38, n.1, p.185-213, 2019.

AMARAL, T; MACEDO, E. Os embates em torno do kit anti-homofobia do MEC (2011) e a vitória conservadora. In: POCHAY, F.; CARVALHO, F. S. P.; COUTO JUNIOR, D. R. (Orgs.). Gênero, sexualidade e geração: intersecções na educação e/m saúde. Aracaju: EDUNIT, 2018. p. 195-220.

ANDRADE, S. S. Professor/a pesquisador/a: problematizando gênero e sexualidade na escola. In: SILVEIRA, C. et al (Org.). Educação em gênero e diversidade. 2 ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2018. p. 43-54.

BARZOTTO, C. E.; SEFFNER, F. Escola sem partido e sem gênero: redefinição das fronteiras entre público e privado na educação, Rev. FAEEBA – Ed. Comp., v.29, n.58, p.150-167, 2020.

BIMBATI, A. P.; MARQUES, G. Contra ideologia, Ribeiro repete Bolsonaro e quer acesso antecipado ao Enem. UOL. 2021. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/noticias/2021/06/03/contra-questoes-ideologicas-milton-ribeiro-quer-acesso-antecipado-a-enem.htm Acesso em 25 jun. 2021.

BIROLI; F.; QUINTELA, D. F. Mulheres e direitos humanos sob a ideologia de “defesa da família”. In: AVRITZER, L.; KERCHE, F.; MARONA, M. (Orgs.). Governo Bolsonaro: retrocesso democrático e degradação política. Autêntica: Belo Horizonte, 2020, p.359-374.

BORTOLINI, A. Pode falar sobre gênero na escola? In: PINHEIRO, D.; REIS, C. (Org.). Quando LGBTs invadem a escola e o mundo do trabalho. Rio de Janeiro: UNIRIO, 2020. p. 13-44.

BRANDÃO, E. R.; LOPES, R. F. F. Não é competência do professor ser sexólogo: o debate público sobre gênero e sexualidade no Plano Nacional de Educação. Civitas, v.18, n.1, p.100-123, 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: ciências humanas e suas tecnologias, 2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_03_internet.pdf Acesso em: 27 nov. 2019.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.

BRASIL. Lei nº 9.9394/1996. Estabelece as diretrizes e Bases da Educação nacional. Brasília: Casa Civil, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 22 jun. 2021.

BRASIL. Lei nº 13.004/2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 2014.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio. Brasília: MEC, 2018.

BUTLER, J. Regulações de gênero. Cadernos Pagu, n.42, p.249-274, 2014.

CANDAU, V. M. F. Direito à educação, diversidade e educação em direitos humanos. Educação & Sociedade, v.33, n.120, p.715-726, 2012.

CARVALHO, F. F.; PAIVA, B. A. O. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos: uma análise do discurso de posse do presidente Bolsonaro, Revista da Anpoll, v. 53, n. 1, 2022.

CARVALHO, C. P. F. de. Negação da política e politização da educação: a prática discursiva do Movimento Escola Sem Partido. Educação em Questão, v.56, n.50, p.65-87, 2018.

FAZENDA, I. C. A. (Org). O que é interdisciplinaridade? São Paulo: Cortez, 2013.

FERNANDES, C. A. Análise do discurso: reflexões introdutórias. 2 ed. São Carlos: Claraluz, 2008.

FERREIRA, P.; GRANDELLE, R. Atacadas por Bolsonaro, Ciências Humanas e Sociais já recebem menos recursos para bolsas que Exatas, O Globo, Rio de Janeiro, 2019.

FETTER, S. A.; SILVA, D. R. Q. Ideologia do azul e do rosa: sexualidade e gênero na educação, Prâksis, v. 1, p. 5-21, 2022.

FOUCAULT, M. O sujeito e o poder. In DREYFUS, H. L.; RABINOW, P. Michel Foucault, uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 13 ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1998.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 20 ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1999.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. 8 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2020a.

FOUCAULT, M. História da sexualidade I: a vontade de saber. 10. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2020b.

GIACOMONI, M. P.; VARGAS, A. Z. Foucault, a Arqueologia do Saber e a Formação Discursiva. Veredas, v.14, n.2, p.119-129, 2010.

LOURO, G. L. Currículo, gênero e sexualidade. In: LOURO, G. L.; FELIPE, J.; GOELLNER, S. V. (Orgs.) Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo. 8 ed. Petrópolis: Vozes, 2012. p. 41-52.

LOURO, G. L. Pedagogias da sexualidade. In: LOURO, G. L. (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. 4. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019. p. 7-42.

LOPES, A. C. Itinerários formativos na BNCC do Ensino Médio: identificações docentes e projetos de vida juvenis. Retratos da Escola, v.13, n.25, p.59-75, 2019.

MARINHO, C. Novas relações de poder e novas resistências: corpos em aliança como resistência à precariedade neoliberal. In: MARTINS, A. C. A.; VERAS, E. F. (orgs.). Corpos em aliança: diálogos interdisciplinares sobre gênero, raça e sexualidade. Curitiba: Appris, 2020. p. 117-138.

MELLO, L.; AVELLAR, R. B. de; MAROJA, D. Por onde andam as Políticas Públicas para a População LGBT no Brasil. Revista Sociedade e Estado, v.27, n.2, p.289-312, 2012.

MELO, K. M. T.; PONTES, V. M. de A.; SOUZA, F. C. S. Gênero e ensino na educação básica: questionar, subverter, (trans)formar. In: NUNES, A. O.; PONTES, V. M. A. o; SOUZA, F. C. S. (Orgs.). Ensino na educação básica. Natal: IFRN, 2018. p. 40-64.

MENEZES, R. D. B.; SILVA, F. V. As ciências sociais e humanas e o enfrentamento à LGBTfobia: uma abordagem interdisciplinar. In: Nunes, A. O.; SOUZA, F. C. S. PONTES, V. M. A. (Org.). Ensino na educação básica. Natal: IFRN, 2019. p. 342-359.

MENEZES, R. D. B. et al. A LGBTfobia na perspectiva docente: entre a estatística e o enfrentamento. Educa, v.17, p.710-729, 2020.

MENEZES, R. D. B. A emergência da “ideologia de gênero” no pleito eleitoral de 2018: da análise do discurso político às vozes de docentes de Ciências Humanas na educação básica. 2021. 124 f. Dissertação (Mestrado em Ensino) – Programa de Pós-Graduação em Ensino. Universidade Federal Rural do Semi-Árido: Mossoró, 2021.

MISKOLCI, R. CAMPANA, M. “Ideologia de gênero”: notas para a genealogia de um pânico moral contemporâneo. Sociedade e Estado, v.32, n.3, p.725-747, 2017.

MISKOLCI, R. Exorcizando um fantasma: os interesses por trás do combate à “ideologia de gênero”. Cadernos Pagu, n.53, e185302, 2018.

MISKOLCI, R. Teoria queer: um aprendizado pelas diferenças. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2020.

PARAÍBA JÁ. Consuni repudia fala do ministro Milton Ribeiro em aula magna na UFPB. 2021. Disponível em: https://paraibaja.com.br/consuni-repudia-fala-de-ministro-milton-ribeiro-durante-aula-magna-na-ufpb/. Acesso em: 10 ago. 2021.

PRADEL, C.; DAU, J. A. T. A Educação para valores e as políticas públicas educacionais. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v.17, n.64, p.521-548, 2009.

R7. “Não admito questões de gênero em livros didáticos”, diz ministro. 2021. Disponível em: https://noticias.r7.com/educacao/nao-admito-questoes-de-genero-em-livros-didaticos-diz-ministro-14072021. Acesso em: 01 ago. 2021.

REIS, T.; EGGERT, E. Ideologia de gênero: uma falácia construída sobre os planos de educação brasileiros. Educação & Sociedade, v.38, n.138, p.9-26, 2017.

SEFFER, F. Disputas de narrativas em gêneros e sexualidades nas fronteiras entre cultura escolar, famílias e religiões. In: SILVA, F. P.; BONETTI, A. L. (Orgs.). Gênero, diferença e direitos humanos: é preciso esperançar em tempos hostis. Florianópolis: Tribo da Ilha, 2020. p.11-30.

SOUZA, V. H. F. de. O que significa o Movimento Escola Sem (com) Partido? In: MAGALHÃES, J. et al. (Orgs.). Trabalho docente sob fogo cruzado [recurso eletrônico]. Rio de Janeiro: UERJ/LPP, 2021. p. 347-364.

SOUZA JUNIOR, P. R. A questão de gênero, sexualidade e orientação sexual na atual Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o Movimento LGBTTQIS. Revista de Gênero, Sexualidade e Direito, v.4, p.1, 2018.

SCHIBELINSKI, D. “Isso é coisa do capeta!”: o papel da “ideologia de gênero” no atual projeto político de poder, Retratos da Escola, v.14, n.28, p.15-38, 2020.

Publicado

2022-06-18

Como Citar

Menezes, R. D. B. de, & Vieira da Silva, F. (2022). AINDA SOBRE A “IDEOLOGIA DE GÊNERO”: DISCURSOS DE DOCENTES DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA. Cenas Educacionais, 5, e12501. Recuperado de https://revistas.uneb.br/index.php/cenaseducacionais/article/view/12501

Edição

Seção

Artigos (Fluxo Contínuo)