Produção e Gestão do Conhecimento em Sexualidades, Gênero e Raça/Etnias: Múltiplas Interseções na Educação – Editorial Dossiê
DOI :
https://doi.org/10.47207/2763-6879/producaoegestaodoconhecimentoMots-clés :
Sexualidades, Gênero, Raça/Etnias, EducaçãoRésumé
É com enorme satisfação que o Grupo de Estudos em Educação Científica/GEEC, vinculado ao Departamento de Educação-Campus VII da Universidade do Estado da Bahia, organizou o Dossiê PRODUÇÃO E GESTÃO DO CONHECIMENTO EM SEXUALIDADES, GÊNERO E RAÇA/ETNIAS: MÚLTIPLAS INTERSEÇÕES NA EDUCAÇÃO, elencando uma variedade de trabalhos acadêmicos que vêm ao encontro de mais um momento político no Brasil marcado por expressões veladas a quem fala, escreve e atua no campo da sexualidade, gênero e raça/etnias. Essa proposta faz parte de um desejo e de uma vontade que hoje se materializa, de trazer contribuições de várias pesquisadoras e pesquisadores que não se furtam em investigar, discutir e refletir sobre como contribuir para minimizar as discriminações e os preconceitos relacionados às diferenças sexuais, étnico-raciais e de gênero.
Os artigos que compõem o Dossiê referendam a importância das temáticas e registram ações efetivas de docentes e pesquisadoras/es que atuam na educação básica e educação superior e, sem dúvida, contribuirão para a ampliação de saberes na área, fazendo frente a empreitada conservadorista que continua ameaçando a produção do conhecimento sobre as relações de gênero, sexualidades e étnicos-raciais.
Com ênfase na diversidade, temos os estudos: “Escola e docência no contexto da diversidade: notas crítico-reflexivas e propositivas” de Antonio José Mendes, Ana Maria Anunciação, Sandra Araújo e Heron Ferreira Souza que trata de reflexões e problematizações sobre os sentidos da educação escolar, expressos no currículo e na prática pedagógica, bem como a necessidade de uma postura ética na práxis docente no contexto da diversidade; e “Mapeamento dos estudos sobre lésbicas: um olhar para a produção escrita de professoras lésbicas” de Jaqueline Santos e Zuleide Silva, que aponta a invisibilidade da professora lésbica e da sua produção intelectual. Vale a pena conferir a escolha das autoras, nesse texto denso e inovador ao assumir a cartografia como método e a pesquisa bibliográfica e bibliométrica como dispositivo para descortinar a invisibilidade lésbica, apreendida como expressão da lesbofobia, em função do gênero e da sexualidade não heterossexual.
Sobre educação em sexualidade, em especial, o texto “Ensino de biologia e educação em sexualidade” de Jesiane Oliveira, Clara Gomes e Maria José Pinho destaca a necessidade de avançarmos nos debates sobre gênero e sexualidade no ambiente escolar, abrindo espaços para que se dialogue de forma transversal. A natureza do conhecimento biológico faz da Biologia um território importante para o exercício da observação e do estabelecimento da rede densa de relações entre os seres vivos, mas não apenas isso. É também um espaço fértil para cultivar a prática do olhar pensante, dos conhecimentos situados e da universalidade da ciência.
Interseccionando indicadores, o artigo “Raça, Gênero, Sexualidades e produção de conhecimento” de Licia Barbosa, Gabriela Cavalcanti e Dagmar Souza analisa a produção técnica e bibliográfica acerca de Relações Étnico-Raciais, Gênero e Sexualidades, gerada num Programa de Pós Graduação da Universidade do Estado da Bahia. As autoras vão mapeando estudos sobre relações étnico-raciais, de gênero e sexualidades nas dissertações defendidas e principais conteúdos teórico-metodológicos da temática voltados à formação de professores/as e estudantes, abrindo espaços para questionamentos e reavaliações de abordagem às formas analíticas tradicionais de produção do conhecimento.
O artigo “Experiências que fazem a diferença: práticas crítico-formativas no curso de Licenciatura em Letras, Língua Inglesa e Literaturas do Campus V da UNEB” das/os professoras/es Alyxandra Gomes Nunes, Clebemilton Nascimento e Sally Cheryl Inkpin reflete sobre algumas experiências (trans)formadoras propostas e vivenciadas em projetos extensionistas desenvolvidos pelos autores problematizando o currículo e as práticas pedagógicas de um curso em licenciatura em Língua Inglesa, reposicionando o lugar da educação e nos ajudando a repensar o que é educar, como educar e para que educar.
Também com ênfase na educação básica, no artigo “Práticas Educativas para educação étnico-racial em escolas da Educação Básica do maciço de Baturité-Ceará” Afonso Mendes, Ana Cristina de Moraes e João Pereira objetivaram compreender os processos que envolvem práticas educativas de professores para educação étnico-racial e ações que devem ser tomadas para colaborar na concretização dessa educação nas escolas do ensino básico de uma região do estado do Ceará. Como não poderia deixar de ser, trazem a contribuição e a emergência desse campo teórico e nos instigam a alargar nosso âmbito de ações e atravessar fronteiras.
O artigo “Gênero, sexualidade e escola: o que e quem tem pesquisado na educação básica?” de Clara Gomes, Franciele Reis e Maria José Pinho promovem através de uma revisão sistemática da literatura, o mapeamento de produções científicas acadêmicas sobre gênero e sexualidade na escola, com o recorte temporal de 2015 a 2021. Assim, esse texto ratifica a ideia de Fagundes (1995) ao entender que a escola é lugar para educação em sexualidade, não para rotular ou plasmar comportamentos, mas preparar o indivíduo para a vida.
Concluindo, temos o importante relato do estudo que objetivou a discussão da força da linguagem e o papel da educação na construção das subjetividades e das identidades de Gênero, intitulado “Gaiolas discursivas, educação e subjetividades” da professora Rita de Cassia Moreira. A autora nos instiga a refletir em que nível de realidade, homens e mulheres estão potencialmente abertos/as a viver sua sexualidade? Como perceber as representações de gênero e as relações de poder propagadas nos processos educativos? Como educar mulheres e homens para a sensibilidade, para a diversidade, para a aceitação de si e do outro? Essas e outras questões são problematizadas para que percebamos que as lutas e as conquistas dos coletivos devem ser em prol de uma educação que respeite os sujeitos e suas subjetividades.
Desejamos a todas, todos e todes excelentes leituras e reflexões!
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Références
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NUNES, A. G.; NASCIMENTO, C. G.; INKPIN, S. C. Experiências que fazem a diferença: práticas crítico-formativas no curso de Licenciatura em Letras, Língua Inglesa e Literaturas do Campus V da UNEB. Revista Multidisciplinar do Núcleo de Pesquisa e Extensão (RevNUPE), v. 1, n. 1, p. e202107, 18 dez. 2021.
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SANTANA, C. G.; MESSIAS, F. R.; PINHO, M. J. S. Gênero, Sexualidade e Escola: O que e quem tem pesquisado na Educação Básica? Revista Multidisciplinar do Núcleo de Pesquisa e Extensão (RevNUPE), v. 1, n. 1, p. e202106, 18 dez. 2021.
SANTOS, J; SILVA, Z. Mapeamento dos estudos sobre lésbicas: um olhar para a produção escrita de professoras lésbicas. Revista Multidisciplinar do Núcleo de Pesquisa e Extensão (RevNUPE), v. 1, n. 1, p. e202104, 18 dez. 2021.
SOUZA, A. J; SILVA, A. M. A; ARAÚJO, S. S; FERREIRA SOUZA, H. Escola e docência no contexto da diversidade: notas crítico-reflexivas e propositivas. Revista Multidisciplinar do Núcleo de Pesquisa e Extensão (RevNUPE), v. 1, n. 1, p. e202105, 18 dez. 2021.
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