Editorial
Palavras-chave:
Privação de liberdade, Narrativas de si, Encarceramento, Memórias, EscritasResumo
O contexto atual do país tem sido marcado por ações e políticas de desmonte em diferentes esferas, mas com atenção para a arena política e democrática, científica, jurídica, educacional e de saúde. Quais verdades produzem esses discursos e matérias? De que forma são forjados? E por que produzem sentidos para parte da população que, por sua vez, reproduzem em forma de violências física, simbólicas, políticas e raciais? Tais argumentos são problematizados nos sete textos que compõem o Dossiê Narrativas de si em espaços de privação de liberdade, organizado por Daiane de Oliveira Tavares da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Marcos Estevão Gomes Pasche da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), cujo objetivo incide em reflexões sobre artes de viver e sobreviver em espaços de privações de liberdade, através dos modos como os sujeitos narram suas histórias e como constroem cotidianamente dispositivos para viverem em espaços prisionais. Os textos do dossiê socializam experiências de escritas, mas também de relatos diversos de como homens e mulheres presas incorporam e produzem sentidos sobre si, sobre a prisão e a privação de liberdade. As narrativas nos espaços prisionais ganham potência e força, pois demarcam condições e reconfigurações das narrativas e histórias de pessoas como forma de reexistências. A seção “Artigos” é constituída por sete textos que discutem questões metodológicas no domínio da pesquisa (auto)biográfica, com ênfase em processo de transcriação de entrevistas e narrativas, de questões de escrita e de análise. Prossegue com teorizações sobre experiências no exílio e suas relações com a migração a partir de diálogos com a hermenêutica, em seguida partilha-se narrativas de estudantes de um mestrado profissional no contexto da pandemia, de representações de mulheres autistas e de experiências sobre processos formativos no campo da educação de jovens e adultos.