ENTRE O DISCURSO (DA EXIGENCIA) E O ENSINO (DA INEXISTENCIA): O MEMORIAL ACADEMICO COMO CALCANHAR DE AQUILES DA AUTOAVALIAÇÃO ACADEMICA

Autores

Palavras-chave:

Autoavaliação acadêmica, Discurso, Ensino, Memorial acadêmico

Resumo

Em Modelos de Gestão Pública, Rennó (2019) explicita as várias etapas pelos quais passou o serviço público: do patrimonialismo, focado na pessoalidade do Governante, ao “Public Service Orientation” (PSO), modelo de gestão pública que, ao contrário do patrimonialismo, assume o princípio da “accountability” ou da “prestação de contas”. Nesse sentido, a ideia de ‘prestar contas’ acabou por se estabelecer (mesmo que ainda de forma incipiente em alguns locais, e com tantos detentores ferozes) sobretudo no meio acadêmico. Mas como esta prestação de contas deverá ser feita? Se pensarmos nos processos de ascensão funcional da docência superior de uma universidade pública do Estado do Ceará, o documento escrito que deverá prestar contas deverá ser um memorial acadêmico (Oliveira, 2005). Supomos que este gênero materializa, apesar de ser marginalizado, através de sua escrita, e junto aos professores universitários, o discurso da “accountability”, visto que, no memorial acadêmico, o docente do ensino superior de uma universidade pública deverá justificar (prestar contas) de suas atividades (de ensino, de pesquisa, de extensão e de administração universitária) para ter concedida a sua ascensão funcional. Objetivamos, portanto, por meio de uma espécie de entrevista (ou um ensaio com perguntas e respostas), baseadas em questionamentos reais, com perguntas e respostas curtas (quando possível), estas construídas sobretudo a partir do trabalho de Oliveira (2005) e em reflexões subsequentes, refletir sobre o memorial, texto que, apesar de sua importância para o “sucesso” acadêmico, para seu début e continuidade, ainda é um gênero subestimado, senão marginalizado, pela academia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Antonio Lailton Moraes Duarte, Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Ceará - Brasil

É graduado em Letras e em Direito, com mestrado em Linguística. Professor na Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos. Integrante do grupo de estudos PROTEXTO e do grupo Discurso Institucionalizado e Argumentação. Pesquisado a argumentação em decisões judiciais proferidas pelo STF.

Arnaldo César Almeida de Oliveira, Docente na Cooperativa dos Trabalhadores em Educação do Estado do Ceará - Brasil

Graduado em Letras, com mestrado em Linguística. Membro efetivo, como docente e coordenador, da Academia Apeoc e Apeoc nas Escolas da Associação dos Professores dos Estabelecimentos Oficiais do Ceará.

Referências

BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução feita a partir do francês por Maria Ermantina Galvão G. Pereira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

BELTRÃO, Odacir; BELTRÃO, Mariúsa. Correspondência: linguagem e comunicação oficial, comercial, bancária e particular. 22 ed. São Paulo: Atlas, 2004.

BERNARDINO, Cibele Gadelha. O metadiscurso interpessoal em artigos acadêmicos: espaço de negociações e construção de posicionamentos. Orientador: Adriana Silvina Pagano. 2007. 243 f. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) - Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.

BOAVENTURA, Edivaldo M. Memorial. Apresentado à Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão - FAPEX para o Prêmio Pesquisador do Ano 1994/UFBA, Área ... Apresentado à Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão - FAPEX para o Prêmio Pesquisador do Ano 1994/UFBA, Área III - Ciências Humanas. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Salvador - 1995.

BOURDIEU, P. O campo científico. In: ORTIZ, R. ( org.). Pierre Bourdieu: sociologia. São Paulo: Ática, 1983, p. 122-155.

BOURDIEU, Pierre. A gênese dos conceitos de habitus e de campo. In: BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Lisboa: Difel, 1989, p. 59-73.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 1 dez. 2020.

CARDOSO, Carlos. ESE de Lisboa. Accountability e igualdade de oportunidades em educação: edição n.º 149, ano 14, outubro, 2005. Disponível em: https://www.apagina.pt/?aba=7&cat=149&doc=11072&mid=2. Acesso em: 11 jul. 2019.

CAVALCANTE, Mônica Magalhães et al. Linguística textual e argumentação. Campinas, SP: Pontes, 2020.

CARVALHO, Claudio J. Barros de. Memorial. Documento elaborado para Professor Titular da Universidade Federal do Paraná. Curitiba: UFPR, 2000.

CEARÁ. Governo do Estado. Secretaria da Administração. Manual de comunicação oficial. Fortaleza: SEAD, 1994.

CEARÁ, Governo do Estado do Ceará. Secretaria da Ciência Tecnologia e Educação Superior Universidade Estadual do Ceará – UECE Secretaria dos Órgãos de Deliberação Coletiva - SODC. Resolução nº 935/2013 - CONSU, de 18 de fevereiro de 2013. Estabelece normas para a avaliação especial de estágio probatório do docente para confirmação no cargo de provimento efetivo do grupo ocupacional Magistério Superior - MAS - da Fundação Universidade Estadual do Ceará - FUNECE. Disponível em: http://www.uece.br/depes/index.php/arquivos/doc_view/122-?tmpl=component&format=raw. Acesso em: 02 jul. 2019.

CORACINI, Maria José. Um fazer persuasivo: o discurso subjetivo da ciência. São Paulo: Pontes, 1991.

DIAS, Luiz Francisco; BEZERRA, Maria Auxiliadora; REINALDO, Maria Augusta G. M. Critérios para o julgamento de progressão funcional vertical sem titulação: contribuição do Departamento de Letras da Universidade Federal da Paraíba. 1999. Trabalho de Conclusão de avaliação (Progressão funcional vertical sem titulação) - Centro de Humanidades, Departamento de Letras, Campina Grande, 22 julho, 1999.

HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Memorial. Documento apresentado por ocasião do concurso para Titular em Teoria Crítica da Cultura. Rio de Janeiro: UFRJ, 1993.

LUFT, Celso Pedro et al. Novo manual de Português. 6. ed. rev. e atual. São Paulo: Globo, 2005.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português instrumental. 21. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2000.

MEDEIROS, João Bosco. Correspondência: técnica de comunicação criativa. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

MORAES, Irany Novah. [1984]. Redação de memorial. Rio de Janeiro: EPUME, 1990.

MOTTA-ROTH, D. Escritura, gêneros acadêmicos e construção do conhecimento, Letras, 1998.

MOTTA-ROTH, Désirée; HENDGES, Gabriela Rabuske. Produção textual na universidade. São Paulo: Parábola, 2010.

MOTTA-ROTH, D. A construção social do gênero resenha acadêmica.Trabalhos em Linguística Aplicada, 2001. Disponível em: http://periodicos.sbu.unicamp.br. Acesso em: 10 jul. 2018.

NADÓLSKIS, Hêndricas. Comunicação redacional atualizada. 11. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009.

OLIVEIRA, Arnaldo César Almeida de. Memorial acadêmico: contexto comunicativo-situacional de produção e organização retórica do generoOrientadora: Bernardete Biasi-Rodrigues. 2005. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2005.

RENNÓ, Rodrigo. Modelos de Gestão Pública: Patrimonialismo, Burocracia e Gerencialismo. (Aula Completa), 11 de julho, 2019. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PZ3lghD6Ff8. Acesso em: 11 jul. 2019.

SILVA, Marcelo Gurgel C. da. Elaboração de memorial. Fortaleza: EdUECE, 2001.

SOARES, M. B. Metamemória: memórias travessia de uma educadora. São Paulo: Cortez, 1991.

SWALES, J. M. Genre analysis: english in academic and research settings. Cambridge: University Press, 1990.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ. CONSELHO SUPERIOR DE ENSINO E PESQUISA. RESOLUÇÃO Nº 3.442/CSEP. Regulamenta no âmbito da Universidade Federal do Pará a progressão para a Classe de Professor Associado e estabelece critérios de avaliação. De 18 de agosto de 2006. Disponível em: http://cppd.ufpa.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12&Itemid=11. Acesso: 02 maio. 2019.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ. Comissão Permanente do Pessoal Docente – CPPD, Instruções para processos. Disponível em: http://cppd.ufpa.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12&Itemid=11. Acesso em: 20 jul. 2o20.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ. Guia de Orientação ao Servidor. Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal – PROGEP, Carreira de Magistério Superior: Progressão/Promoção Funcional. Disponível em: http://www.progep.ufpa.br/progep/documentos/Guia-de-Orientacao-ao-Servidor-PROGEP_UFPA.pdf. . Acesso em: 20 jul. 2020.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Resolução N° 10/14 – CEPE. Estabelece os critérios de avaliação para fins de promoção e progressão na Carreira do Magistério Superior na Universidade Federal do Paraná. Disponível em: http://www.cppd.ufpr.br/portal/wp-content/uploads/2019/06/resolucao_10_14_cepe_progressao_magisterio_superior_na_ufpr.pdf. . Acesso em: 20 jul. 2o20.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Resolução no. 38/93 - Conselho de Ensino e Pesquisa da Universidade Federal do Paraná. Orientações para produção de memorial comentado. Curitiba: UFPB, 1993.

Publicado

16-12-2020

Como Citar

DUARTE, A. L. M.; OLIVEIRA, A. C. A. de. ENTRE O DISCURSO (DA EXIGENCIA) E O ENSINO (DA INEXISTENCIA): O MEMORIAL ACADEMICO COMO CALCANHAR DE AQUILES DA AUTOAVALIAÇÃO ACADEMICA. Cenas Educacionais, [S. l.], v. 3, p. e7457, 2020. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/cenaseducacionais/article/view/7457. Acesso em: 26 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Temático