AS LEIS Nº 10.639/03 E Nº 11.645/08: REFLEXÕES A PARTIR DO PENSAMENTO CRÍTICO ACERCA DA COLONIALIDADE DO SABER
Palavras-chave:
Educação. Colonialidade. Modernidade. Racismo. Saber-Poder.Resumo
Este artigo tem como objetivo refletir sobre os efeitos contemporâneos da colonialidade que alimentam obstáculos à implementação das leis 10.639/03 e 11.645/08. Partimos da ideia de que a narrativa oficial acerca da vida e cultura de povos originários de África e indígenas no Brasil segue uma lógica proveniente da “Matriz colonial de poder e saber” própria do Ocidente. Interpretamos o papel do Movimento Negro no Brasil e suas relações com as leis 10.639/03 e 11.645/08 a partir das noções de “razão negra” e de “consciência negra do Negro” que enfrenta a “consciência ocidental do Negro”. Elencamos alguns obstáculos levantados por pesquisadores da educação no Brasil e concluímos que a predominância monocultural na escola, fruto das relações de poder-saber derivadas da colonialidade e da “consciência ocidental do Negro”, permanecem operando. Apontamos o caminho da interculturalidade como possibilidade de superação do racismo epistemicida que ainda predomina na escola.
Downloads
Referências
APPLE, Michael W. A política do conhecimento oficial: faz sentido a ideia de um currículo nacional? In: MOREIRA, Antonio Flavio B; SILVA, Tomaz Tadeu da. (Orgs.) Currículo, Cultura e Sociedade. 11. Ed. São Paulo: Cortez, 2009. P. 59-91.
BARROS, Zelinda dos S. et al. Educação e relações étnico-raciais. Brasília: Ministério da Educação. Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; Salvador: Programa A Cor da Bahia, 2013.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Senado Federal/ 1988.
______. Congresso Nacional (1996) LDB - Lei 9.394/96. Estabelece Leis, Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF, 1996.
______. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 1O.639, de 09 de janeiro de 2003. Brasília, 2003.
______. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino da História afro-brasileira e africana. Brasília/DF: SECAD/ME, 2004.
______. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. Brasília, 2008.
______. Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para as Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Junho, 2009.
CANDAU, Vera Maria Ferrão. Educación intercultural crítica: construyendo cminos. In: WALSH, Catherine. Pedagogías Decoloniales. Práticas Insurgentes de resistir, (re)existir e
(re)vivir. Serie Pensamiento Decolonial. Equador: Abya-Yala, 2017. Tomo 1. P. 146-161.Disponível em: <https://ayalaboratorio.com/2018/03/31/catherine-walsh-pedagogiasdecoloniales-praticas-insurgentes-de-resistir-reexistir-e-reviver/ > Acesso em: 25 de abril
CANDAU, Vera Maria Ferrão. Multiculturalismo e Práticas Pedagógicas. In: MOREIRA, Antônio Flávio; CANDAU,
Vera Maria (orgs.). Multiculturalismo: Diferenças Culturais e Práticas Pedagógicas. 2.ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2008. p.67-89
DUSSEL, Enrique. 1492: o encobrimento do outro. A origem do "mito da modernidade". Vozes, 196 páginas, 1993.
GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis: Vozes, 2017.
GOMES, Nilma Lino. Limites e possibilidades da implementação da Lei nº 10.639/03 no contexto das políticas públicas em educação. In: HERINGER, Rosana; PAULA, Marilene de. (Orgs.). Caminhos convergentes: estado e sociedade na superação das desigualdades raciais no Brasil. Rio de Janeiro: Henrich Boll Stiftung; Action Aid, 2009, p. 39-74.
GROSFOGUEL, Ramón. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do Sul.
São Paulo: Cortez, 2010. P. 455- 491.
MASSEY, Doreen. Pelo espaço: uma nova política da espacialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
MIGNOLO, W. D. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Tradução de Marco Oliveira. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v.32, n.94, Jun. 2017. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.17666/329402/2017 >Acesso em: 10 jun. 2018.
MIGNOLO, W. D. Novas reflexões sobre a “ideia da América Latina”: a direita, a esquerda e a opção descolonial. Caderno CRH, Salvador, v.21, n.53, Maio/Ago. 2008. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0103-49792008000200004 > Acesso em: 05 maio 2018.
MOORE, Carlos. Racismo e Sociedade: novas bases espistemológicas para entender o racismo. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007.
PEREIRA, Amilcar Araujo. A Lei 10.639/03 e o movimento negro: aspectos da luta pela “reavaliação do papel do negro na história do Brasil”. Cadernos de História, Belo Horizonte, v.12, n.17, 2º sem. 2011. P.25-45.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do Poder e Classificação Social. In: SANTOS, Boaventura de Sousa, MENESES, Maria Paula (Orgs.) Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010. P.73-117.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. In: Edgardo Lander (org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. Disponível em: <http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ > Acesso em: 01 de maio 2018
REGIS, Katia. Relações étnico-raciais e currículos escolares nas teses e dissertações em educação (1987-2006): possibilidades de repensar a escola. In: VALETIM, S. dos S; PINHO, V. A. de; GOMES, N. L. (Orgs.) Relações étnico-raciais, educação e produção de conhecimento: 10 anos do GT 21 da Anped. Belo Horizonte: Nandyala, 2012. P. 45-62.
SANTOS, Wellington Oliveira dos. Relações raciais em livros didáticos de Geografia do Paraná. In: VALETIM, S. dos S; PINHO, V. A. de; GOMES, N. L. (Orgs.) Relações étnicoraciais, educação e produção de conhecimento: 10 anos do GT 21 da Anped. Belo
Horizonte: Nandyala, 2012.
SILVA, Petronilha B. G. Aprender, ensinar e relações étnico-raciais no Brasil. Educação, Porto Alegre/RS, ano XXX, n. 3 (63), p. 489-506, set./dez. 2007.
SILVA, Ana Célia da. Desconstruindo a discriminação do negro no livro didático. 2.ed. Salvador: EDUFBA, 2010.
SILVA, Ana Célia da. A discriminação do negro no livro didático. Salvador: CEAO, CED, 1995.
VALENTIM, Silvani dos Santos; SANTOS, Renato Lopes dos. Relações étnico-raciais na educação profissional integradas à EJA: reflexões acerca da formação continuada de professores. In: VALETIM, S. dos S; PINHO, V. A. de; GOMES, N. L. (Orgs.) Relações étnicoraciais, educação e produção de conhecimento: 10 anos do GT 21 da Anped. Belo Horizonte: Nandyala, 2012. P. 27-44.
WALSH, Catherine. Pedagogías Decoloniales. Práticas Insurgentes de resistir, (re)existir e (re)vivir. Serie Pensamiento Decolonial. Equador: Abya-Yala, 2017. Disponível em: <https://ayalaboratorio.com/2018/03/31/catherine-walsh-pedagogias-decoloniales-praticasinsurgentes-de-resistir-reexistir-e-reviver/ > Acesso em: 25 de abril 2018.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Cenas Educacionais (CEDU) implica na transferência, pelas(os) autoras(es), dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os manuscritos publicados nesta revista são das(os) autoras(es), com direitos da CEDU sobre a primeira publicação. As(os) autoras(es) somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando explicitamente a CEDU como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.