O TRABALHO DOCENTE E A SUA RELAÇÃO COM O ADOECIMENTO: PERCEPÇÕES DE PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO DA REDE PÚBLICA

Autores

Palavras-chave:

Processo saúde-doença, Professores, Escola, Trabalho

Resumo

O estudo teve por objetivo conhecer a percepção dos professores do ensino médio do município de Cascavel/PR sobre o processo de saúde e doença no cotidiano do trabalho. Utilizou-se um roteiro semiestruturado para coleta dos dados, aplicado na forma de entrevistas e analisados por meio da Técnica de Análise de Conteúdo. Constatou-se que 66,7% dos professores exercem suas atividades nos períodos da manhã e tarde, e que 53,3% deles arcam com uma carga laboral semanal de 40 horas, o que representa uma jornada de trabalho exaustiva, pois eles exercem outras funções que não estão vinculadas à docência. Diante desse contexto, os professores adoecem devido uma conjunção de fatores, e consequentemente, tendo que desenvolver as atividades laborais mesmos doentes, conforme afirmado por 100% dos entrevistados. E dentre os problemas de saúde relatados os principais são as doenças de ordem musculoesqueléticas, enxaquecas e estresse. Infere-se que as condições de trabalho adversas resultantes da desvalorização profissional, da estrutura física inadequada, do excesso de alunos em sala, da dupla jornada e da sobrecarga de trabalho, entre outros, são causas que levam ao adoecimento dos professores. Diante dessa complexidade, ou seja, desse caleidoscópio do processo de saúde e doença, constatou-se que esse fenômeno extrapola o corpo físico e biológico. Assim, portanto, ao olhar para esse sujeito é necessário ponderar também o contexto em que está inserido, bem como, seus valores, crenças, sentidos e percepções, para então planejar e promover ações que visem à redução de vulnerabilidades e de riscos à saúde no ambiente de trabalho.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Terezinha Aparecida Campos, Docente no Programa de Pós-Graduação da Residência de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Brasil

Mestrado em Educação pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

Tania Maria Rechia Schroeder, Professora no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Brasil

Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas, com Pós-Doutorado em Ciências Humanas pela Université René Descartes e pela Universidade Federal de São Paulo. Integrante do grupo de pesquisa IMAGINAR – Grupo de Pesquisa sobre Imaginário, Educação e Formação de Professores e Grupo de Estudos e Pesquisas em Desenvolvimento da Educação Básica

Soraia Bernal Faruch, Enfermeira na Rede Municipal de Saúde de Salgado Filho - Brasil

Especialisata em Gerenciamento de Enfermagem em Clínica Médica e Cirúrgica pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

Referências

ABERGO. Associação Brasileira de Ergonomia. A certificação do ergonomista brasileiro - Editorial do Boletim 1/2000. Disponível: <http://www.abergo.org.br/.> Acesso em: 10 Nov. 2016.

AUTOMEDICAÇÃO. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v.47, n.4, p. 269-270, Dez., 2001. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302001000400001&Ing=en&nrm=iso>. Acesso em: 05 Set. 2017.

BAGATIN, E.; COSTA, E. A. Doenças das vias aéreas superiores. Jornal Brasileiro de Pneumologia. São Paulo, v. 32, supl. 2, p. S17-S26, Mai., 2006. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1806-37132006000800005&Ing=en&nrm=iso>. Acesso em: 06 Set. 2017.

BARROS, José Augusto C. Pensando o processo Saúde-Doença: a que responde o modelo biomédico? Saúde e Sociedade. São Paulo, v. 11, n. 1, p. 67-84, 2002.

BRANDÃO, S. F.; ANDRADE, T. B. A.; PEDROSA, R. C. S. A ergonomia como fator de influência na mudança organizacional: um estudo de caso na biblioteca da Faculdade Sete de Setembro/Fasete. Revista Rios Eletrônica, Paulo Afonso/BA, ano 2, n. 2, p. 72-81, dez. 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC-SUS, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília/DF, 2006. Disponível: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnpic.pdf >. Acesso em: 16 Mai. 2017.

CANALE, A.; FURLAN, M. M. D. P. Depressão. Arquivo Mudi, Maringá/PR, v. 10, n. 2, p. 23-31, 2006.

CEBALLOS, A. G. C. Modelos conceituais de saúde, determinação social do processo saúde e doença, promoção da saúde. Recife: [s.n.], 2015. 20 p. Disponível em: .

Acesso em: 12 Dez. 2017.

CUNHA, R. V.; BASTOS, G. A. N.; DUCA, G. F. D. Prevalência de depressão e fatores associados em comunidade de baixa renda de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Epidemiologia. São Paulo/SP, v. 15, n. 2, p. 346-354, Jun. 2012. Disponível em: <http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-790X2012000200012&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 17 Set. 2017.

DEJOURS, C. A loucura do trabalho: Estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez/Oboré, 1992.

DEJOURS, C. Subjetividade, trabalho e ação. Revista Produção, São Paulo, v. 14, n. 3, p. 027-034, Set./Dez. 2004.

DELCOR, N. S. et al. Condições de trabalho e saúde dos professores da rede particular de ensino de Vitória da Conquista, Bahia. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.20, n.1, p. 187-196, jan./fev. 2004. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482006000200011&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 09 Fev. 2017.

DOPP, M. V. Saúde como elemento para repensar a prática do ensino na educação. Monografia. Universidade Estadual de Maringá/UEM, 2011. Disponível em: <http://www.dad.uem.br/especs/monosemad/trabalhos/_1323446416.pdf >.Acesso em: 10 Dez. 2016.

ECHEVERRIA, A. L. P. B.; PEREIRA, M. E. C. A dimensão psicopatológica da LER/DORT (Lesões por esforços repetitivos/Distúrbios osteomusculares relaciona dos ao trabalho). Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, São Paulo,v.10, n. 4, p. 577-590, Dec. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?sscript=sci_arttext&pid=S1415-47142007000400002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 20 Jan. 2017.

FILME. O Sorriso de Monalisa. Direção: Mike Newell. Produção: Elaine Goldsmith- Thomas, Paul Schiff, Deborah Schindler. Dez., 2003.

GASPARINI, S. M.; BARRETO, S. M.; ASSUNCAO, A. Á. O professor, as condições de trabalho e os efeitos sobre sua saúde. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.31, n.2, p. 189-199, Aug. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_Arttext&pid=S1517-97022005000200003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 17 Fev. 2017.

GOMES, L. Trabalho multifacetado de professores/as: a saúde entre limites. Dissertação. Escola Nacional de Saúde, Fundação Osvaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2002.

HYPÓLITO, A. M. Trabalho docente, classe social e relações de gênero. Campinas/SP: Papirus, 1997.

LAZZAROTTO, M. E. (Org). Gestão dos serviços de saúde: condições de trabalho nas organizações. Editora Coluna Saber: Cascavel/PR, 2004.

LIMA, K. M. S. V.; SILVA, K. L.; TESSER, C. D. Práticas integrativas e complementares e relação com promoção da saúde: experiência de um serviço municipal de saúde. Interface (Botucatu), Botucatu/SP, v. 18, n. 49, p. 261-272, Jun. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832014000200261&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 01 Out. 2017.

LUCHESI, K. F.; MOURÃO, L. F.; KITAMURA, S. Ações de promoção e prevenção à saúde vocal de professores: uma questão de saúde coletiva. Revista CEFAC, São Paulo, v. 12, n. 6, p. 945-953, Dez. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462010000600005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 16 Set. 2017.

MAFFESOLI, M. O tempo retorna: as formas elementares da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 2012.

MAFFESOLI, M. O ritmo da vida. Variações sobre o imaginário pós-moderno. Rio de Janeiro: Record, 2007.

MAFFESOLI, M. No fundo das aparências. Petrópolis/Rio de Janeiro: Vozes, 1996.

MAFFESOLI, M. O. A contemplação do mundo. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.

MENDES, M. I. B. S. Reflexões sobre corpo, saúde e doença em Merleau-Ponty: implicações para práticas inclusivas. Revista Movimento, Porto Alegre, v. 20, n. 4, p. 1587-1609, out./dez. de 2014. Disponível em: . Acesso em: 19 Fev. 2017.

MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. (C. Moura, Trad.), São Paulo: Martins Fontes, 1994.

MERLO, C.R., JAQUES, C.G., Trabalho de Grupo com Portadores de Ler/Dort: Relato de Experiência. Revista Psicologia: Reflexão e Crítica, v.14, p.253-258, 2001.

PARANÁ. Boletim. Resultados do Censo Escolar. Curitiba/PR, n. 6, jun./jul. 2014. Disponível em: . Acesso em: 28 Abr. 2017.

PRADO, R. A. et al. O quotidiano e o imaginário no processo saúde-doença para as famílias quilombolas. Saúde e Transformação Social, Florianópolis/SC, v. 4, n. 4, p. 47-53, 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312012000200005&Ing=pt&nrm=isso>. Acesso em: 15 Nov. 2015.

RIBEIRO, P. C. C.; YASSUDA, M. S. Cognição, estilo de vida e qualidade de vida na velhice. In: NERI, A. L. (Org.). Qualidade de vida na velhice: enfoque multidisciplinar. Campinas/SP: Alínea, 2007, p. 189-284.

SANTOS, M. T. C. et al. Cefaléia e disfunção têmporo-mandibular. 2012. Disponível em: <http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=5462 >.Acesso em: 20 Ago. 2017.

SANTOS, E. G.; NOVO, L. F. TAVARES, L.F. Do prazer ao sofrimento docente: uma análise sob a perspectiva da qualidade de vida no trabalho em uma IFES. 2010. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/96973?show=full>. Acesso em: 12 Dez. 2016.

SANTOS, E. A. Profissão Docente: uma questão de gênero? Fazendo Gênero 8 - Corpo, Violência e Poder. Florianópolis/SC, 2008. Disponível em: <http://www.fazendogenero.ufsc.br/8/sts/ST8/Elizabeth_Angela_dos_Santos_08.pdf>. Acesso em: 17 Nov. 2017.

SCHUSTER, M. Corpo e adoecimento na percepção docente. Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação. Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Unioeste, Cascavel/PR, 2016.

SILVANY-NETO, A. M. S. et al. Condições de trabalho e saúde de professores da rede particular de ensino de Salvador, Bahia. Revista Baiana de Saúde Pública, Salvador, v. 24. n. 1/2, p. 42-56, jan/dez. 2000. Disponível em: <http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-314761?lang=fr>. Acesso em: 01 Ago. 2017.

SILVA, G. J. et al . Sintomas vocais e causas autorreferidas em professores. Revista CEFAC, São Paulo, v. 18, n. 1, p. 158-166, Fev. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462016000100158&lng=em&nrm=isso>.Acesso em: 07 Set. 2017.

SOUZA, J. C., SOUSA, I. C., AZEVEDO, C. V. M. Conhecimento e hábitos de sono de professoras do ensino médio. In Associação Brasileira de Pesquisa em Educação e Ciências (Ed.), Anais do IIIV ENPEC. Campinas/SP, 2012. Disponível em: <http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/viiienpec/resumos/R1174-1.pdf.>. Acesso em: 04 Nov. 2017.

TEIXEIRA, R. A. Onde a enxaqueca se encontra com o derrame cerebral. ComCiência, Campinas/SP, n. 109, 2009. Disponível em:

<http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-76542009000500032&lng=es&nrm=iso>. Acesso em: 05 Set. 2017.

VICINI, G. Abraço afetuoso em corpo sofrido: saúde integral para idosos. São Paulo: SENAC, 2002.

ZANATO, A. R. O Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação por professores de Ciências da Natureza no Ensino Médio. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE, 2016.

Publicado

2022-11-18

Como Citar

Campos, T. A. ., Schroeder, T. M. R. ., & Faruch, S. B. . (2022). O TRABALHO DOCENTE E A SUA RELAÇÃO COM O ADOECIMENTO: PERCEPÇÕES DE PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO DA REDE PÚBLICA. Cenas Educacionais, 5, e14891. Recuperado de https://revistas.uneb.br/index.php/cenaseducacionais/article/view/14891

Edição

Seção

Dossiê Temático - SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO