Formação em música: lugares, espaços e tempos histórico-sociais

Resumo

Apresento e discuto este trabalho a respeito do que foi instituído (e, ainda é) como concepção do saber musical em cursos de formação docente, assim como experiências instituintes com música em práticas educacionais. Para tanto, organizei este texto em três partes. Na primeira, teço aproximações conceituais entre instituído-instituinte e colonial-decolonial e, consequentemente, estabeleço relações entre o que já está dado e procura se manter, e a força de experiências instituintes que anseiam por mudanças. Em seguida, dou ênfase à colonialidade musical instituída, destacando a predominância da partitura para a execução de obras musicais, de determinados instrumentos musicais em detrimento de outros, bem como da seleção do repertório, permitido e fidedigno, por grupos organizados que estão no seio das instituições, onde processos de aprendizagem e socialização são efetuados. Na terceira parte, descrevo e analiso experiências musicais instituintes e decoloniais. Escolhi fontes de diferentes contextos para evidenciar práticas pedagógico-musicais vivas, a partir de experiências docentes: a primeira, é a história da professora Leda Maffioletti (Pedrollo, 2022, 2023; Pedrollo; Mateiro, 2023); e, a segunda, a do professor Jorge Aníbal Coral Guerrón (Salgado Pereira, 2023). Concluo, enumerando semelhanças e diferenças existentes entre os dois casos. Por um lado, a formação musical em culturas distintas, contato e aprendizagem da música por meio do “tocar de ouvido”, o acordeom como instrumento principal, estudos musicais em faculdades de música, onde o repertório ocidental europeu foi o pressuposto para ser professor e professora; e, por outro, experiências instituintes realizadas pela professora brasileira no contexto da escola de Educação Básica e pelo professor colombiano no entorno universitário, destacando a presença da música e de instrumentos musicais da cultura popular.