AS MULHERES NEGRAS BRASILEIRAS E O ACESSO À EDUCAÇÃO SUPERIOR
DOI:
https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2016.v25.n45.p71-87Palavras-chave:
Gênero, Raça, Educação superior, Ação afirmativa, Mulher negraResumo
O artigo apresenta conclusões de pesquisa que indagou sobre as relações de gênero, no contexto da política de ações afirmativas adotada para negros, por universidades brasileiras. A partir de estudo que indicava uma desvantagem das mulheres negras com a implementação dessa política, na UFBA, a pesquisa examinou a participação
de mulheres negras, em cursos de elevado prestígio social naquela Instituição, em dois momentos: 2006 e 2010. Buscou ainda compre-ender o que se passa no cotidiano das mulheres que ali ingressaram. Os resultados indicam que o crescimento da participação de mulheres nesses cursos ocorre desigualmente entre os segmentos raciais. Confirmando o estudo que deu origem à pesquisa, as mulheres pretas,
embora tivessem obtido uma sensível elevação de sua participação, formam o contingente de menor expressividade nos cursos de alto prestígio, mesmo naqueles onde as mulheres tiveram presença predominante, como Odontologia e Psicologia.
Conclui-se que as mulheres pretas ainda se encontram em desvantagem em relação às mulheres pardas, e mais ainda em relação às brancas. Percebe-se também que seu cotidiano torna-se extremamente perverso pela atuação dos marcadores gênero, raça e classe, demandando dessas estudantes um esforço adicional para superar o preconceito e a discriminação presentes na sua experiência, particularmente no
ambiente universitário.
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Atualizado em 15/07/2017