“Peço perdoar os borrões”: marcas da escolarização em cartas de amor
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2022.v7.n22.p738-754Palavras-chave:
Cartas de amor, Escrita delegada, Escolarização, Pacto epistolar.Resumo
O presente texto se volta para 47 cartas de amor trocadas entre Cícero e Margarida, no período de namoro e noivado, entre 1945 e 1947, quando residiam em cidades distintas. Por meio delas se conheceram e se deram a conhecer. Para a análise da correspondência, fez-se necessário atentar ao contexto da escrita, aos sujeitos que escreviam e liam, às motivações para escrever, à cerimônia epistolar, aos temas tratados e à materialidade do escrito. Tal procedimento permitiu observar que as cartas enviadas pela correspondente tinham caligrafias distintas, o que provocou um estranhamento. Nele nos detivemos. Estávamos diante daquilo que na literatura acadêmica se convencionou denominar como escrita delegada, quando alguém recorre a mãos alheias para colocar no papel o que deseja comunicar. Compreender por que Margarida pediu a uma intermediária para expor sua intimidade implicou investigar seu processo de escolarização, entrecruzando documentos e depoimentos, supondo que ali residiria a chave de compreensão.
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