O que pensam licenciandos(as) em matemática sobre sua formação para lidar com a diversidade sexual e de gênero em sala de aula?
Resumo
Educar para a diversidade é uma das atribuições de qualquer professor(a), não importa a disciplina nem o nível educacional. Partindo dessa premissa, este artigo discute o papel do(a) professor(a) (de matemática) no debate sobre a diversidade de gênero e sexual em sala de aula, procurando desfazer a ideia de que essa discussão tem viés ideológico, como movimentos conservadores afirmam. Questiona a ausência desse tema nos currículos dos cursos de licenciatura, fundamentando-se em pesquisas sobre educação para diversidade e em documentos oficiais brasileiros sobre a formação docente. Além disso, apresenta e discute os dados de uma pesquisa realizada virtualmente com 710 licenciandos(as) em matemática das instituições públicas do estado do Rio de Janeiro sobre sua percepção a respeito da importância de se discutir sobre diversidade de gênero e sexual nas aulas de matemática da educação básica e da licenciatura. Alguns respondentes entendem que a matemática é neutra e indiferente a quem a produz e em que realidade está inserido(a), de modo que seu ensino não deve discutir questões sociais que atravessam as vidas de professores(as) e alunos(as). No entanto, a maior parte dos(as) licenciandos(as) defende a importância de formação específica para diversidade, apresentando, com dificuldades, algumas possibilidades para discussão do tema em aulas de matemática.
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