Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva

Conscientes do impacto da supremacia branca e da branquitude nos processos de formação em saúde e/ou educação e do quanto práticas formativas no campo do cuidado ainda performam, de modo geral, os valores supremacistas brancos, buscamos evidenciar pesquisas que mostrem percursos de enfrentamento aos sistemas de opressão. Deste modo, este dossiê tem por objetivo pensar as contradições nos processos formativos em saúde e/ou educação quanto ao tema do cuidado, visando construir práticas contracoloniais que produzam brechas antirracistas nestes campos. Nesse sentido, o presente dossiê busca acolher estudos que problematizem os saberes hegemônicos que constituem os processos de formação em saúde/educação e apontam os desafios ao enfrentamento aos sistemas de opressão, principalmente no que tange ao racismo, sexismo e opressões de classe. Desta forma, nos interessam pesquisas e estudos que partem de epistemologias e saberes contracoloniais, cunhados por intelectuais desde suas posicionalidades e que nos possibilitem movimentar tanto o campo da saúde quanto da educação em prol de políticas de pesquisa que sejam antirracistas. Como constituir processos formativos implicados com a produção do cuidado e indissociáveis das práticas de enfrentamento ao racismo? Como produzir cuidado em uma relação engajada com fazeres e saberes que ampliam as possibilidades de vida? Desse modo, convidamos profissionais e estudantes ao exercício de repensar e revisitar suas práticas de vida, de trabalho e de pesquisa para, assim, apostarmos na partilha de experiências pautadas em uma ética antirracista e feminista. Nosso compromisso ético-político parte de uma ética do cuidar como espaço para exercícios de transformação, de autorrecuperação e de construção de uma comunidade de aprendizagem que possa se movimentar acompanhada dos ensinamentos de intelectuais negras/os e indígenas.