Lives de festas nos tempos da COVID-19: arranjos, vínculos e performances
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2020.v5.n16.p1503-1517Parole chiave:
Covid-19, Pandemia, Live, Redes Sociotécnicas, Pedagogias Culturais.Abstract
Com a pandemia da Covid-19 fomos estimulados por governos e profissionais de saúde a ficar em casa, em isolamento físico. Para as pessoas conectadas o isolamento físico não significa isolamento social. Nossas experiências ciberculturais são repletas de redes sociotécnicas que reconstroem e impulsionam a nossa vida social, sobretudo no contexto da pandemia, por meio, por exemplo, do fenômeno das lives. Nesse contexto, o objetivo do artigo é analisar arranjos, vínculos e narrativas gerados a partir das performances humanas e não-humanas em uma live de uma festa virtual. O argumento central é que a live é uma pedagogia cultural que nos orienta a festejar a vida, cuidar do corpo, explorar outras possibilidades para a paquera e a sexualidade online, ao mesmo tempo em que continuamos a defender nossas pautas políticas e ativistas. O método usado foi o da pesquisa pós-qualitativa, por meio da estratégia da observação participante. Concluímos que as lives rapidamente se popularizaram como redes sociotécnicas dinâmicas, repletas de pedagogias culturais que nos ajudam a organizar a vida social em meio ao isolamento físico e que a live da festa da resistência, com suas performances celebradas, mostra que reinventamos o social, agora na esfera do online, promovendo diversos hibridismos.
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