Desafiando normas: as representações dionisíacas e as assimetrias de gênero na Grécia do século V e IV AEC

Autores

Palavras-chave:

“ato performático”, gêneros discursivos multimodais, Dioniso, sátiros, mênades

Resumo

Este artigo busca explorar as representações dionisíacas nas iconografias gregas, sobretudo atenienses, dos séculos V e IV AEC. O objetivo é destacar, dentro de um corpus imagético, as assimetrias de gênero a partir da teoria de “atos performativos” da filósofa norte-americana Judith Butler, que postula que o gênero é uma construção social continuamente produzida e reproduzida através de performances. Na análise iconográfica, é possível observar algumas nuances de gênero, como a masculinidade feminina, o travestimento de alguns personagens e a exacerbação da masculinidade. A partir da análise das fontes, percebe-se uma subversão das normas de gênero, sugerindo que a identidade de gênero não é uma essência inata, mas um resultado das normas e discursos culturais constantemente reiterados pelos “atos performativos”. Em conclusão, ao integrar artefatos arqueológicos na narrativa histórica, enriquecemos nossa compreensão do passado e democratizamos a história, dando voz aos que não foram registrados nas fontes escritas. As representações de mênades e sátiros, quando analisadas através da lente da performatividade de gênero de Butler, oferecem uma perspectiva crítica das normas de gênero e das tensões sociais na Grécia Antiga.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Karolini Batzakas de Souza Matos, Universidade de Campinas, Campinas, Brasil

Doutoranda em História pela Universidade de Campinas

Contribuição de autoria: autora.

Referências

BREITWEISER, William. Gender Dynamics in Classical Athens. Theses, 778, 2012.

BUTLER, Judith. Os atos performativos e a constituição do gênero: um ensaio sobre fenomenologia e teoria feminista. Caderno de leituras. N. 78, Tradução de Jamille Pinheiro Dias, 2018.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero. Feminismo e subversão de identidade. Tradução de Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

BUTLER, Judith. Corpos que importam: os limites discursivos do “sexo”. São Paulo: Edusp, 2007.

FRONTISI-DUCROUX, Françoise. Du masque au visage. Aspects de l’identité en Grèce ancienne.Paris: Flammarion, 1995.

ISLER-KERÉNYI, Cornelia. Dionysos in Classical Athens: An Understanding through Images. Boston: Brill open, 2015.

KEULS, Eva C.. The Reign of the Phallus: Sexual Politics in Ancient Athens. Berkeley, Calif: University of California Press, 1993.

LESSA, Fábio de Souza. O feminino em Atenas. Rio de Janeiro: Mauad, 2004.

LISSARRAGUE, F. Images du gynécée. In: VEYNE, P. et al. Les mystères du gynécée. Paris: Gallimard, 1998.

MCNALLY, Sheila. The Maenad in Early Greek Art. In: PERADOTTO, J.; SULLIVAN, J.P. (ed.). Women in the Ancient World. The Arethusa Papers, Albany, UNYP, 1984, 107-141.

SURTEES, A. Satyrs as Women and Maenads as Men: Transvestites and Transgression. In: AVRAMIDOU, A.; DEMETRIOU, D. (eds.). Approaching the Ancient Artifact: Representation, Narrative, and Function. A Festschrift in Honor of H. Alan Shapiro. Berlin: De Gruyter, 2014, p. 281-296.

REGIS, Maria Fernanda Brunieri. Mulheres nos sympósia: representações femininas nas cenas de banquete nos vasos áticos (séculos VI ao IV a.C.). Dissertação (mestrado) – Programa de pós-graduação em Arqueologia do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009.

USTINOVA, Yulia. Divine ‘mania’: alteration of consciousness in Ancient Greek. Londres: Taylor & Francis, 2018.

VERNANT, Jean-Pierre. La muerte en los ojos: figuras del otro en la antigua Grecia. Barcelona: Gedisa, 2001.

XENOFONTE. Econômico. Trad. Anna Lia Amaral de Almeida Prado. São Paulo: Martins Fontes. 1999.

Downloads

Publicado

2024-08-19

Como Citar

MATOS, K. B. de S. Desafiando normas: as representações dionisíacas e as assimetrias de gênero na Grécia do século V e IV AEC. Perspectivas e Diálogos: Revista de História Social e Práticas de Ensino, Caetité, v. 7, n. 13, p. 73–84, 2024. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/nhipe/article/view/20912. Acesso em: 26 set. 2024.