Ciência branca, origem negra: o biodeterminismo ao longo da história

Autores

Palavras-chave:

biodeterminismo, racismo científico, ciência

Resumo

Analisando historicamente o biodeterminismo, o século de XIX foi palco para o crescimento dessa ideologia, foi marcado pelo fascínio pela ciência e os fatos que pudessem ser testados e quantificados pelo olhar científico destacavam-se com uma credibilidade quase inabalável. Inúmeras teorias raciais foram desenvolvidas nesse contexto histórico e ganharam adeptos em várias nações, são produções categorizadas como racistas e que alimentam uma das vertentes do racismo que é o racismo científico. As produções acadêmicas objetivavam confirmar crenças que os cientistas já traziam consigo como verdade incontestável: a existência de diferentes raças humanas e a hierarquização entre elas, colocando sempre os povos indígenas e negros como os que possuíam menos inteligência e estavam mais predispostos fisiologicamente ao trabalho braçal. Tais teorias utilizaram de crânios humanos a cálculos matemáticos para respaldar a expansão capitalista europeia que se tornou o que é através do trabalho escravo. Mesmo sem rigor metodológico, os estudos foram ganhando espaço, ocupando outras áreas do conhecimento como a criminologia e a psicologia e muito das ideias preconcebidas e racistas que socialmente continuam nos dias atuais decorrem desses trabalhos que, mesmo não tendo credibilidade, se refazem, ressurgem e permanecem.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Jéssica Ohana Silva Pereira, Colégio Estadual Luís Prisco Viana, Lagoa Real, Bahia - Brasil

Mestranda em Ensino, Linguagem e Sociedade (PPGELS) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Docente do ensino médio no Colégio Estadual Luís Prisco Viana, Caetité-BA.

Contribuição de autoria: autora.

Zoraide Portela Silva, Universidade do Estado da Bahia, Caetité, Bahia - Brasil

Doutorado em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo, docente permanente do Programa de Pós-Graduação, mestrado em Ensino, Linguagem e Sociedade (PPGELS) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Cultura, Sociedade e Linguagem (GPCSL).

Contribuição de autoria: autora.

Referências

ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo estrutural / Silvio Luiz de Almeida. São Paulo : Sueli Carneiro; Pólen, 2019.

ANTUNES, A. P. A rede dos invisíveis: Uma análise dos auxiliares na expedição de Louis Agassiz ao Brasil (1865-1866). 2015. Dissertação de mestrado - Casa de Oswaldo Cruz – FIOCRUZ. Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde, Rio de Janeiro, 2015. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/20457. pdf. Acesso em: 21 set. 2021.

CITELI , M. T. Fazendo diferenças: teorias sobre gênero, corpo e comportamento. Rev. Estud. Fem. vol.9 no.1 Florianópolis, 2001.

DORIA, C. A. Cadências e Decadências do Brasil (o futuro da nação à sombra de Darwin, Hæckel e Spencer). Campinas: [s. n.], 2007.

GOULD, S. J. A falsa medida do homem. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

HAAG, C. As fotos secretas do professor Agassiz: Exposição e livro trazem à luz imagens polêmicas feitas por rival de Darwin. Revista Pesquisa FAPESP. Edição 175. Set. 2010. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/as-fotos-secretas-do-professor-agassiz/ Acesso em 2 out. 2021.

KURY, L. B. A sereia amazônica dos Agassiz: Zoologia e racismo na Viagem ao Brasil Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 21, nº 41, p. 157-172. 2001.

OLIVEIRA, I. M.; SANTOS; N. C. S. Solidão tem cor? Uma análise sobre a afetividade das mulheres negras. Interfaces Científicas - Humanas e Sociais • Aracaju • V.7 • N.2 • p. 9 - 20 • Out. 2018.

PADOVANI, N. C. O olhar sobre uns de outros: desnudando rastros e raças de Louis Agassiz. PROA – Revista de Antropologia e Arte. 2010. Disponível em: https://www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/proa/article/view/2624/0 Acesso em 12 abr. 2021.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças. Cientistas, instituições e questão racial no Brasil, 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

Downloads

Publicado

2023-12-23

Como Citar

PEREIRA, J. O. S.; SILVA, Z. P. Ciência branca, origem negra: o biodeterminismo ao longo da história. Perspectivas e Diálogos: Revista de História Social e Práticas de Ensino, Caetité, v. 6, n. 11, p. 79–103, 2023. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/nhipe/article/view/19422. Acesso em: 19 nov. 2024.