Ciência branca, origem negra: o biodeterminismo ao longo da história
Palavras-chave:
biodeterminismo, racismo científico, ciênciaResumo
Analisando historicamente o biodeterminismo, o século de XIX foi palco para o crescimento dessa ideologia, foi marcado pelo fascínio pela ciência e os fatos que pudessem ser testados e quantificados pelo olhar científico destacavam-se com uma credibilidade quase inabalável. Inúmeras teorias raciais foram desenvolvidas nesse contexto histórico e ganharam adeptos em várias nações, são produções categorizadas como racistas e que alimentam uma das vertentes do racismo que é o racismo científico. As produções acadêmicas objetivavam confirmar crenças que os cientistas já traziam consigo como verdade incontestável: a existência de diferentes raças humanas e a hierarquização entre elas, colocando sempre os povos indígenas e negros como os que possuíam menos inteligência e estavam mais predispostos fisiologicamente ao trabalho braçal. Tais teorias utilizaram de crânios humanos a cálculos matemáticos para respaldar a expansão capitalista europeia que se tornou o que é através do trabalho escravo. Mesmo sem rigor metodológico, os estudos foram ganhando espaço, ocupando outras áreas do conhecimento como a criminologia e a psicologia e muito das ideias preconcebidas e racistas que socialmente continuam nos dias atuais decorrem desses trabalhos que, mesmo não tendo credibilidade, se refazem, ressurgem e permanecem.
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