De movimentos nascem flores: análise ergológica de um processo de compostagem
Palavras-chave:
Atividade, Encontros sobre o Trabalho, Ergologia, Ergonomia, TrabalhoResumo
Este artigo buscou analisar a relação trabalho, saúde e subjetividade no processo de compostagem de uma instituição pública no Rio de Janeiro, a partir da perspectiva ergológica. Para isso, a observação prévia dos trabalhadores em situação de trabalho foi seguida por entrevistas. Os resultados dessa incursão foram devolvidos aos trabalhadores através de Encontros sobre o Trabalho (EST), que contemplaram o debate sobre as normas antecedentes do trabalho e as renormatizações. Os trabalhadores participaram dos EST trazendo mais exemplos das microgestões e decisões cotidianas, das dificuldades para enfrentamento do trabalho real, manifestando uma verdadeira dinâmica mobilizadora do coletivo. Foi identificada uma gestão caracterizada pelo baixo controle sobre a produção que permite o exercício da autonomia desses trabalhadores, não só em relação à gestão das pausas e horários de descanso, mas também em relação à decisão pelo modo de realização das tarefas, possibilitando o desenvolvimento de diferentes modos operatórios, através do uso da comunicação e cooperação. Foi possível identificar também que as trocas linguageiras no e sobre o trabalho fortalecem a produção do coletivo ampliando suas possibilidades de ação.
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