O que pensam licenciandos(as) em matemática sobre sua formação para lidar com a diversidade sexual e de gênero em sala de aula?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47207/rbem.v1i.9898

Palavras-chave:

Formação docente para a diversidade, Formação de professores(as) de matemática, Diversidade de gênero e sexual.

Resumo

Educar para a diversidade é uma das atribuições de qualquer professor(a), não importa a disciplina nem o nível educacional. Partindo dessa premissa, este artigo discute o papel do(a) professor(a) (de matemática) no debate sobre a diversidade de gênero e sexual em sala de aula, procurando desfazer a ideia de que essa discussão tem viés ideológico, como movimentos conservadores afirmam. Questiona a ausência desse tema nos currículos dos cursos de licenciatura, fundamentando-se em pesquisas sobre educação para diversidade e em documentos oficiais brasileiros sobre a formação docente. Além disso, apresenta e discute os dados de uma pesquisa realizada virtualmente com 710 licenciandos(as) em matemática das instituições públicas do estado do Rio de Janeiro sobre sua percepção a respeito da importância de se discutir sobre diversidade de gênero e sexual nas aulas de matemática da educação básica e da licenciatura. Alguns respondentes entendem que a matemática é neutra e indiferente a quem a produz e em que realidade está inserido(a), de modo que seu ensino não deve discutir questões sociais que atravessam as vidas de professores(as) e alunos(as). No entanto, a maior parte dos(as) licenciandos(as) defende a importância de formação específica para diversidade, apresentando, com dificuldades, algumas possibilidades para discussão do tema em aulas de matemática.

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Biografia do Autor

Hygor Batista Guse, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Possui graduação em Matemática pela Universidade Federal Fluminense (2018). Mestrando em Ensino de Matemática no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Matemática (PEMAT/UFRJ). Atualmente é tutor de matemática do pré-vestibular social da Fundação Centro de Ciências e Educação Superior à Distância do Estado do RJ. Tem experiência na área de Ensino de Matemática.

Tadeu Silveira Waise, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Possui graduação em Matemática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2020). Tem experiência na área de Educação Matemática.

Agnaldo da Conceição Esquincalha, Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Rio de Janeiro/RJ

Professor do Instituto de Matemática e do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Matemática - PEMAT/UFRJ, com Estágio Pós-Doutoral no Programa de Pós-Graduação em Educação e Ciências e Matemática da UFRRJ. Doutor em Educação Matemática pela PUC-SP, Mestre em Modelagem Computacional pela UERJ e Licenciado em Matemática pela UFRRJ. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Matemática (PEMAT/UFRJ), Coordenador do subprojeto Matemática no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) na UFRJ, Coordenador da Comissão de Acessibilidade e Inclusão do Instituto de Matemática da UFRJ. Diretor da Sociedade Brasileira de Educação Matemática - Regional Rio de Janeiro (2019-2021). Líder do Grupo de Pesquisa TIME: Tecnologias, Inclusão, Matemática e Educação, cadastrado no CNPq, e Coordenador de Disciplina na Licenciatura em Matemática a distância oferecida pelo Consórcio CEDERJ. Foi Professor do Departamento de Matemática da Faculdade de Formação de Professores da UERJ, onde atuou como Coordenador da Licenciatura em Matemática e Professor do Programa de Pós-Graduação em Matemática (PROFMAT/UERJ). Antes disso, foi Professor do Departamento de Matemática da PUC-Rio, Coordenador de Matemática nas Diretorias de Extensão e de Mídias Digitais da Fundação CECIERJ, Professor Pesquisador do Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino da UFF, Coordenador de Tutoria do Programa de Formação de Professores de Matemática do Estado de São Paulo e Coordenador Geral de Matemática dos Programas de Formação Continuada da SEEDUC-RJ/CECIERJ. Além disso, foi Professor Substituto nas áreas de Matemática e Educação Matemática na UFRJ, na UERJ e na UFRRJ, além ter sido bolsista de desenvolvimento de projetos em EaD na UNIRIO, e professor na Rede Pública Estadual do Rio de Janeiro. Tem experiência nas áreas de Tecnologias Digitais em Educação Matemática, Educação Matemática Inclusiva, Formação do Professor de Matemática e Educação a Distância.

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Publicado

20-11-2020

Como Citar

Batista Guse, H., Silveira Waise, T., & Esquincalha, A. da C. (2020). O que pensam licenciandos(as) em matemática sobre sua formação para lidar com a diversidade sexual e de gênero em sala de aula?. Revista Baiana De Educação Matemática, 1, e202012. https://doi.org/10.47207/rbem.v1i.9898