O que elas dizem sobre mim, o que eu digo sobre elas: a constituição da biblioteca pessoal e a formação do professor
DOI :
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2021.v6.n17.p101-117Mots-clés :
Relatos de vida, Sucesso e fracasso escolar, História da escola, Profissão docenteRésumé
Ao rememorar meus títulos inesquecíveis, aqueles que constituem minha biblioteca vivida, retomo em grande parte leituras acadêmicas e não acadêmicas realizadas a partir da minha graduação e cujo potencial formativo se faz presente ainda nos dias atuais na minha prática profissional, pesquisas e produções. Percebo que o fio que une as tramas das obras rememoradas relaciona-se ao aprendizado de algo que considero muito caro: a “desnaturalização” do conceito instituição escolar. São leituras que me permitiram perceber a escola e a profissão docente de modos diferentes dos considerados recomendados e oficiais, compreender o cotidiano e as vicissitudes do sistema público de ensino, especialmente para as crianças das classes populares, de forma mais acurada, como por exemplo, no livro “A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia” de Maria Helena Patto (1991), de forma complementar e oposta à obra o “Sucesso escolar nos meios populares: as razões do improvável” de Bernard Lahire (2008) ou ainda “O calvário de uma professora” de Violeta Leme Fonseca (1928) para tratar da profissão docente. Tais títulos somam-se aos escritos de Pierre Bourdieu (1998, 2004), que comparados a um grande tear para a trama tecida me permitem compreender de maneira mais arguta o funcionamento do campo educacional
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