Professora, engenheira e mulher: o sujeito da experiência no processo autoformativo de professores

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2020.v5.n15.p1370-1386

Resumo

Este artigo apresenta a narrativa (auto)biográfica de uma professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas- IFAM, e acadêmica do Mestrado Profissional em Ensino Tecnológico (MPET), com o objetivo de problematizar as dimensões formativas da autora na mediação entre a estudante dos anos 1970 e a professora de Desenho Técnico. A ideia da pesquisa surge de uma fotografia do museu Moacir Andrade e Sala Memória, em que a pesquisadora/professora aparece em um desfile cívico, como estudante. Baseada na pesquisa narrativa como metodologia, conclui-se que o método (auto)biográfico como procedimento de análise possibilita a autoformação pela análise de narrativas biográficas.

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Biografia do Autor

Inalda Tereza Sales de Lima, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Acadêmica do Mestrado Profissional em Ensino Tecnológico (MPET) do Programa de Pós-Graduação em Ensino Tecnológico (PPGET) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM). Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFAM. Bacharel em Engenharia Operacional da Indústria da Madeira pela Universidade de Tecnologia da Amazônia (UTAM) e licenciada em Desenho pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap). É membro do grupo de estudo e pesquisa sobre Processos Formativos de Professores no Ensino Tecnológico, vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Nilton Paulo Ponciano, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM). Professor do Mestrado Profissional em Ensino Tecnológico (MPET) do Programa de Pós-Graduação em Ensino Tecnológico (PPGET) do IFAM, Campus Manaus Centro (CMC). É membro do grupo de estudo e pesquisa sobre Processos Formativos de Professores no Ensino Tecnológico, vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Referências

LISTA FORMATADA DE CITAÇÕES DO ARTIGO SUBMETIDO

Os trabalhos de Delory-Momberger (2011, p. 43) sobre pesquisa biográfica em educação mostram que,

A narrativa biográfica nessas sociedades [sociedades desenvolvidas] só pode ser a narrativa da identificação do indivíduo com as representações e os valores coletivos. E, tratando-se de narrativa de aprendizagem, será a narrativa da reprodução do mesmo e do processo de adequação do indivíduo aos modelos de savoir-faire ou de estado (de estabelecimento) que lhes impõem seus pertencimentos. Nas estruturas relativamente fechadas e rígidas, que constituem as sociedades tradicionais, nas quais as funções sociais são, proporcionalmente, ainda pouco diferenciadas e identicamente transmitidas de geração em geração, os indivíduos não dispõem de um leque de possibilidades e de itinerários e, portanto, da margem de escolhas e de riscos, implicados na narrativa de formação.

Do mais, na interpretação de Souza (2010, p. 17) o método (auto)biográfico, que compõem as dimensões epistêmico-metodológicas da pesquisa narrativa, são prenhes de sentidos constituídos na superação do conceito de ciência em que separa o sujeito cognoscente do objeto pesquisado, senão vejamos:

Já a autobiografia expressa o “escrito da própria vida” [...], porque o sujeito desloca-se entre o papel de ator e de autor de suas próprias experiências, sem que haja uma mediação externa de outros. Dessa forma, entende-se que a abordagem biográfica e a autobiografia das trajetórias de escolarização e de formação, tomadas como narrativas de formação, inscrevem-se nesta abordagem epistemológica e metodológica por serem compreendidas como processo formativo e autoformativo por meio das experiências dos sujeitos em formação. Inserem-se também nessa abordagem porque ela constitui estratégia adequada e fértil para ampliar a compreensão do mundo escolar e de práticas culturais do cotidiano dos sujeitos em processo de formação.

Nessa inferição epistemológica compactua-se o conceito de educação como uma prática social que dialoga com o eu singular e o eu social, se constituindo na “narratividade intersubjetiva”. (SOUZA, 2010, p.15).

Logo, este trabalho sustenta-se em Chartier (1991, p. 178), para quem percebe o texto como revelador de práticas sociais e posiciona-se “Contra uma definição puramente semântica do texto, é preciso considerar que as formas produzem sentidos, e que um texto estável na sua literalidade se investe de uma significação e de um estatuto inéditos…”.

Souza e Meireles (2018, p. 19), ao refletir sobre os possíveis diálogos em pesquisa narrativa, faz uma colocação pertinente quanto ao olhar do pesquisador que pretende recorrer a esta metodologia,

Na pesquisa narrativa, cada sujeito, entendido como narrador, valendo-se dos próprios recursos biográficos, possui um motivo que organiza, integra, direciona e elege os elementos e acontecimentos que dão forma a sua narrativa, tornando-a subjetivamente única, original e irrepetível por conta dos significados pessoais contidos em cada uma das histórias narradas.

Estas reflexões remetem aos escritos de Delory-Momberger (2015, p.36), pois a pesquisadora apresenta, em um de seus escritos, um modelo de narrativa que recorre às origens históricas e antropológicas para pensarmos as nossas representações e práticas biográficas, argumentando que, “fazer a narrativa de vida consiste em retraçar as etapas de uma gênese, o movimento de uma formação em ação, em outras palavras, contar como um ser se tornou o que ele é. (Grifo meu).

Segundo a pesquisadora, esse movimento não se separa do valor de totalidade, posto que é um movimento de formação de si que considera a reflexão sobre as experiências de vida “[...] como aperfeiçoamento de uma completude do ser pessoal. ” (idem, p.37).

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Publicado

2020-10-11

Como Citar

LIMA, I. T. S. de; PONCIANO, N. P. Professora, engenheira e mulher: o sujeito da experiência no processo autoformativo de professores. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)biográfica, [S. l.], v. 5, n. 15, p. 1370–1386, 2020. DOI: 10.31892/rbpab2525-426X.2020.v5.n15.p1370-1386. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/rbpab/article/view/8178. Acesso em: 25 abr. 2024.