“Uma modestíssima e escondidíssima admiradora”: cartas de Liddy Mignone para Mário de Andrade
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2022.v7.n22.p692-707Palavras-chave:
Escrita de si. Escrita epistolar. Liddy Chiaffarelli Mignone. Mário de Andrade. Correspondência.Resumo
O objetivo do artigo é analisar como a educadora musical e cantora Liddy Chiaffarelli Mignone revela aspectos da escrita de si, nas cartas redigidas durante o ano de 1937 para Mário de Andrade, manifestando uma mulher que se coloca em segundo plano perante os homens com os quais conviveu. O conjunto está arquivado no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo e este trabalho utiliza o recorte contendo 10 cartas de uma troca epistolar entre 1937 e 1945. O recorte documental limita-se a 10 cartas escritas durante o ano de 1937, período no qual a escrita pessoal da cantora demonstra atividades profissionais, desvelando muito sobre como Liddy se mostra ao amigo e se posiciona em relação à atuação de Mário de Andrade, Francisco Mignone e Antônio de Sá Pereira durante o Congresso de Língua Nacional Cantada, organizado pelo Departamento de Culturas de São Paulo. Para análise, recorri, principalmente, aos autores Carlo Ginzburg, bell hooks, Jean-François Sirinelli Ângela de Castro Gomes, Maria Helena Camara Bastos, Maria Teresa Santos Cunha e Ana Chrystina Mignot. Destaca-se que não basta à mulher entrar no mundo do trabalho para conquistar uma emancipação feminina. Conscientização e demanda por mudança são imperativas para reverter a posição social da mulher na sociedade brasileira.
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