Etnomedicina de uma comunidade Alagoana

remédios caseiros como alternativa de cura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.59360/ouricuri.vol14.i2.a19618

Palavras-chave:

Etnobotânica, Medicina Popular, Conhecimento Local, Saúde Coletiva

Resumo

A utilização de plantas medicinais como prática terapêutica tradicional, no qual o conhecimento popular se destaca na confecção e uso de preparações a partir de insumos caseiros, vêm aumentando no Brasil, onde esse conhecimento se transmite oralmente entre as gerações passadas e futuras. O objetivo deste trabalho é registrar o conhecimento acerca dos preparos caseiros de plantas medicinais utilizados na comunidade Lages, município de Porto de Pedras (09º 09’ 30” S e 35º 17’ 42” O), estado de Alagoas, nordeste do Brasil. A pesquisa ocorreu entre setembro e dezembro de 2016 após o parecer positivo do Comitê de Ética e Pesquisa e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos participantes. Entrevistas semiestruturadas com a população e com especialistas locais apontam o chá, lambedor, emplastro e banho como os principais preparos caseiros. Todas as partes do corpo vegetal são utilizadas, sendo a folha a mais relevante para os preparos. As espécies vegetais: Mentha sp. (hortelã da folha miúda); Lippia alba (Mill.) N. E. Br. (cidreira); Cymbopogon citratus (DC.) Stapf. (capim santo); Alpinia zerumbet (Pers.) B.L Burtt. & R.M.Sm. (colônia); Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. (hortelã da folha grossa); Schinus terebinthifolia Raddi (aroeira) e Cnidoscolus urens (L.) Arthur (cansanção branca) foram as mais mencionadas. Os resultados mostraram que há uma grande abrangência a respeito do emprego de preparações caseiras no local estudado, onde a utilização dessas fontes terapêuticas encontra-se difundida e consolidada entre os moradores.

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Biografia do Autor

Leomar da Silva de Lima, Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS

Licenciado em Ciências Biológicas (UFAL); Mestre em Botânica Aplicada (UNIMONTES); Doutorando em Botânica (UEFS).

Elaine de Lima de Jesus, Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS

Técnica em agroindústria pelo Centro Territorial de Educação Profissional (CETEP) do Portal do Sertão; farmacêutica graduada pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS); Mestranda em Botânica (UEFS), atuação em pesquisa de plantas integradas às práticas etnomédicas objetivando discussão etnobotânica decolonial; Pesquisadora vinculada ao Laboratório de Etnobiologia e Etnoecologia (UEFS); Integra o grupo de Pesquisa Etnobiologia e Patrimônio Biocultural.

Izabella Martins da Costa Rodrigues, Rede Estadual de Educação - ES.

Possui graduação em Ciências Biológicas (ênfase em Biologia Vegetal) pela Universidade Federal de Viçosa (2006), licenciatura em Biologia (Universidade Cruzeiro do Sul). Mestre em Fitotecnia pela Universidade Federal de Viçosa (2008). Doutora em Biologia Vegetal pela Universidade Federal de Minas Gerais (2013), tendo realizado parte deste doutorado em Londres, Natural History Museum, durante o período sanduíche. Foi pesquisadora pós-doutoranda do Programa de Pós Graduação em Biologia Vegetal, no Departamento de Botânica da UFMG, em 2014, e no Instituto Nacional da Mata Atlântica em 2019-2020. e Foi pesquisadora de pós-doutorado no Instituto Federal do Espírito Santo, campus Serra, Foi coordenadora da equipe de florística na avaliação de impacto ambiental da duplicação da BR-040, em 2014. Possui experiência na área de Biologia Vegetal (Sistemática e Taxonomia), Florística, Fitoterapia, Palinologia, Ilustração Botânica, Fitoquímica e Ensino à Distância. Foi professora na Faculdade Capixaba de Nova Venécia, MULTIVIX, tendo lecionado disciplinas de Ecossistemas, Gestão de Recursos Naturais e Qualidade e Certificação Ambiental. Atualmente é professora do ensino básico (fundamental e médio) e profissionalizante.

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Publicado

2024-07-01

Como Citar

DA SILVA DE LIMA, L.; DE LIMA DE JESUS, E.; MARTINS DA COSTA RODRIGUES, I. Etnomedicina de uma comunidade Alagoana: remédios caseiros como alternativa de cura. Revista Ouricuri, [S. l.], v. 14, n. 2, p. 03–19, 2024. DOI: 10.59360/ouricuri.vol14.i2.a19618. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/ouricuri/article/view/19618. Acesso em: 17 jul. 2024.

Edição

Seção

Artigos