Tradição Oral das Rezas Populares e a Simbologia de Elementos Linguísticos e Performáticos
DOI:
https://doi.org/10.59360/ouricuri.vol13.i2.a18203Palavras-chave:
Práticas culturais; rezadeiras; oralidade.Resumo
O presente artigo tem como objetivo analisar a função de mecanismos da oralidade nas práticas socioculturais de rezadeiras, haja vista a prevalência de tal modalidade da língua na realização, preservação e difusão dos rituais de cura. O corpus é constituído do vídeo intitulado “Benzedeiras”, de Sílvia Batista Godinho, exibido no programa Sala de Notícias do Canal Futura. O aporte teórico em que as análises se fundamentam origina-se de Calvet (2011); Câmara (2020); Câmara e Fialho (2021); Câmara et al (2016); Gomes (2017); Cunha (2018); Nascimento (2002); Nascimento (2010); Vanoye (2018); Vasconcelos (1975). Quanto à metodologia, este trabalho se caracteriza pela utilização do enfoque qualitativo, sendo empregadas a pesquisa bibliográfica e a documental como procedimentos para a coleta de dados. Os resultados revelam que, embora se reconheça a existência de uma oralidade secundária, as rezas analisadas expõem a prevalência de recursos próprios da modalidade oral, a exemplo dos enunciados curtos, em linguagem informal, das repetições de palavras e, principalmente, do interlocutor presente na situação discursiva e da definição de fatores como tempo e lugar, sendo que esses elementos citados foram manejados tendo em vista a salvaguarda da memória e das identidades das classes populares. Conclui-se que elementos linguísticos e performáticos, utilizados nas preces das curandeiras, materializam a força resistente da tradição oral, que ultrapassa culturas e gerações.
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Referências
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