Narrativas de Futuras Professoras Indígenas Kaingang
conhecimentos, experiências e desafios em seus processos de aprendizagem da docência
DOI :
https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2023.v32.n71.p324-342Mots-clés :
professor indígena; formação docente; aprendizagem; educação básica; ensino superior.Résumé
Este artigo discute como futuras professoras indígenas aprendem a ensinar, considerando as experiências e conhecimentos da docência que constroem em contextos diversos, bem como os desafios enfrentados no processo. Para tanto, analisam-se as narrativas produzidas, em entrevistas individuais e grupal, por cinco licenciandas Kaingang que estudam em uma universidade pública rio-grandense. Entre os resultados destacam-se as reflexões por elas produzidas sobre a importância da interculturalidade na ação pedagógica e a relação, por vezes conflituosa, que mantêm com a cultura escolarizada e os conhecimentos científicos. O reconhecimento positivo da profissão docente em suas comunidades, aliado às contribuições sociais, políticas e epistêmicas que ela tem ajudado a produzir por meio dos professores indígenas com quem convivem e delas próprias, motivam-nas a investir na educação escolar como um instrumento de luta política por direitos e de concretização de aspirações individuais e coletivas.
Téléchargements
Références
ALVES, C. P. Políticas de identidade e políticas de educação: estudo sobre identidade. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 29, e172186, 2017.
AMARAL, L. A. Diferenças, estigma e preconceito: o desafio da inclusão. In: OLIVEIRA, M.K; REGO, T.C; SOUZA, D.T.R. (Orgs.). Psicologia, Educação e as temáticas da vida contemporânea. São Paulo: Moderna, 2002.
AMARAL W. R. do; BAIBICH, T. M. A política pública de ensino superior para povos indígenas no Paraná: trajetórias, desafios e perspectivas. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 7, Número Especial, p. 197-220, dez. 2012. Disponível em: http://www.revistas2.uepg.br/index.php/praxiseducativa. Acesso em nov. 2022.
AQUINO, J. G. Do cotidiano escolar: ensaios sobre a Ética e seus avessos. São Paulo, SP: Summus. 2000.
AZANHA, J. M. P. Uma reflexão sobre a formação do professor da escola básica. Educação e Pesquisa [online]. 2004, v. 30, n. 2 [Acessado 17 março 2023], pp. 369-378. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1517-97022004000200016>. Epub 01 Out 2004. ISSN 1678-4634.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
BACURY, G. R.; MELO, E.; CASTRO, R. Práticas Investigativas em Educação Matemática na Formação de Professores Indígenas. Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, v. 31, n. 67, p. 20-36, 16 ago. 2022.
BENITES, S. Viver na língua guarani nhandewa (mulher falando). 2017. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) - Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
BERGAMASCHI, M. A.; DOEBBER, M. B.; BRITO, P. O. Estudantes indígenas em universidades brasileiras: um estudo das políticas de acesso e permanência. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Brasília, v. 99, n. 251, p. 37-53, jan. 2018. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-66812018000100037&lng=pt&nrm=iso>. acesso em 07 jul. 2020.
BERGAMASCHI, M. A.; MEDEIROS, J. S. História, Memória e Tradição na Educação Escolar Indígena: o caso de uma escola Kaingang. Revista Brasileira de História (Impresso), v. 60, p. 1, 2010.
BERGAMASCHI, M. A.; ANTUNES, C. P.; MEDEIROS, J. S. Escolarização kaingang no rio Grande do Sul de meados do século XIX ao limiar do século XXI: das iniciativas missionárias à escola indígena específica e diferenciada. Revista Brasileira de História da Educação, Maringá, v. 20, e103, 2020. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2238-00942020000100203&lng=en&nrm=iso>. acesso em 22 dez. 2020.
BETTIOL, C. A.; MUBARAC SOBRINHO, R. S.. Quando a Educação Infantil é na aldeia: narrativas de professoras indígenas em formação. Cadernos CEDES, v. 43, n. Cad. CEDES, 2023 43(119), p. 98–108, jan. 2023.
BONIN, I. T.; KIRCHOF, E. R.; RIPOLL, D. Disputas pela Representação do Corpo Indígena no Twitter. Revista Brasileira de Estudos da Presença, Porto Alegre, v. 8, n. 2, p. 219-247, jun. 2018.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. São Paulo: Saraiva, 1990. (Série Legislação Brasileira).
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Referenciais para a Formação de Professares de Professores Indígenas, 2002.
BRASIL. Ministério da Educação. Parecer CNE/CEB n. 13/2012. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 jun. 2012. Seção 1, p. 18.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores Indígenas em cursos de Educação Superior e de Ensino Médio e dá outras providências. Resolução nº 1. (2015, 7 de janeiro). Institui Diretrizes Curriculares Nacionais . Ministério da Educação, 2015.
CONFERÊNCIA DE EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA, 1., 2009, Luziânia, GO.
DAY, C. A relação da avaliação com a reflexão, a aprendizagem e a mudança do professor. In: ESTRELA, A.; NÓVOA, A. Avaliações em educação: novas perspectivas. Porto/Portugal: Porto Editora, 1993, pp. 102-108.
DUTRA, J. C. de O.; MAYORGA, C. Mulheres indígenas em movimentos: possíveis articulações entre gênero e política. Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, v. 39, n. spe, e221693, 2019. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932019000500303&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 24 jul. 2022.
FRASER, M. T. D.; GONDIM, S. M. G. Da fala do outro ao texto negociado: discussões sobre a entrevista na pesquisa qualitativa. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto, v.14, n.28, p.139-152, ago. 2004.
GABRIEL, C. T. Conhecimento escolar, cultura e poder: desafios para o campo do currículo em “tempos pós”. In: MOREIRA, A. F.; CANDAU, V. M (Orgs.). Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas. 10 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. p. 212-245.
GATTI, B. A.; BARRETO, E. S. de S.; ANDRÉ, M. E. D. A. Políticas docentes no Brasil: um estado da arte. Brasília: UNESCO, 2011.
GATTI, B. A. Educação, escola e formação de professores: políticas e impasses. Educar em Revista, Curitiba, n. 50, p. 51-67, out./dez. 2013.
GATTI, B. A. A formação inicial de professores para a educação básica: as licenciaturas. Revista USP, (100), pp. 33-46. 2014. Disponível em; https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i100p33-46
GEGLIO, P. C.. Políticas públicas de formação continuada para professores: um estudo de cursos realizados a partir de propostas licitatórias. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 23, n. Ensaio: aval.pol.públ.Educ., 2015 23(86), p. 231–257, jan. 2015.
GOMES, N.L. Apresentação. In: ______. (Org.). Um olhar além das fronteiras: educação e relações raciais. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
HALL, S. Quem precisa da identidade? In: SILVA, T. T. da (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais. Rio de Janeiro: Vozes, 2011, p. 103-133.
HALL. S. O espetáculo do outro. In: ______. Cultura e representação. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: Apicuri, 2016, pp. 139-259.
INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. MEC e Inep divulgam dados do Censo da Educação Superior 2016. 2017. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/id/854595. Acesso em: 14 jul. 2021.
LARROSA BONDÍA, J. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação, n. Rev. Bras. Educ., 2002 (19), p. 20–28, jan. 2002.
LISBÔA, F. M.; NEVES, I. DOS S.. Sobre alunos indígenas na universidade: dispositivos e produção de subjetividades. Educação & Sociedade, v. 40, n. Educ. Soc., 2019 40, p.
MARCELO GARCIA, C. Formação de professores: para uma mudança educativa. Porto: Porto Editora, 1999.
MAYORGA, C.; PRADO, M. A. M. Democracia, instituições e a articulação de categorias sociais. In: MAYORGA, C. (Org.). Universidade cindida, universidade m conexão: ensaios sobre democratização da universidade. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010, p.46-65.
MIZUKAMI, M. G. N.; REALI, A. M. M. R. (Orgs.). Aprendizagem profissional da docência: saberes, contextos e práticas. São Carlos: EdUFSCar, 2010, 347p.
MOREIRA, A. F. B.; CANDAU, V. M. Educação escolar e cultura(s): construindo caminhos. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 23, p. 156-168, 2003.
NÓVOA, A.. Firmar a posição como professor, afirmar a profissão docente. Cadernos de Pesquisa, v. 47, n. Cadernos de Pesquisa, 2017 47(166), p. 1106–1133, out. 2017.
OLIVEIRA, M. K.; REGO, T. C. AQUINO, J. G. Desenvolvimento psicológico e constituição de subjetividades: ciclos de vida, narrativas autobiográficas e tensões da contemporaneidade. Pro-Posições, Campinas, SP, v. 17, n. 2, p. 119–138, 2006.
PORTAL KAINGANG. Disponível em: http://www.portalkaingang.org/populacao_por_estado.htm. Acesso em 19 nov. 2020.
REALI, A. M. M. R; MIZUKAMI, M. G. N. (Orgs.) Desenvolvimento profissional da docência: teorias e práticas. São Carlos: EdUFSCar, 2012, 351p.
RICOEUR, P. Lectures on ideology and utopia. Edição George H. Taylor. Nova York: Cambridge University Press, 1981.
RICOEUR, P. Em torno do político, São Paulo: Loyola, 1995.
RICOEUR, P. Tempo e narrativa. Tomo I. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.
RODRIGUES MARQUI, A.; BOLDRIN BELTRAME, C. As experiências Xikrin e Baniwa com os conhecimentos tradicionais nas escolas. Universitas Humanistica, Bogotá, n. 84, p. 239-261, Dec. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0120-48072017000200239&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 16 set. 2020.
ROLDÃO, M. do C. Formar para a excelência profissional: pressupostos e rupturas nos níveis iniciais da docência. Educação & Linguagem, n. 15, p. 18-42, jan./jun. 2007.
SILVA, J. B. S. da; LAROQUE, L. F. S. A história dos Kaingang da terra indígena Linha Glória, Estrela, Rio Grande do Sul/Brasil: sentidos de sua (re)territorialidade. Sociedade & Natureza, Uberlândia, v. 24, n. 3, p. 435-447, dez. 2012.
SILVA, N. C.; SCARAMUZZA, G. F. “É Complicado, Eles São Muito Fechados” : docência e cultura indígena na escola urbana. Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, v. 31, n. 67, p. 113-126, 16 ago. 2022.
SOUZA, I. R. C. S de; BRUNO, M. M. G. Ainda não sei ler e escrever: alunos indígenas e o suposto fracasso escolar. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 42, n. 1, p.199-213, Mar. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-62362017000100199&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 23 Jul. 2020.
TARDIF, M; LESSARD, C. O trabalho docente: elementos paa uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 7ª ed., 2012.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (Org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005, p. 117-142.
WALSH, C. Interculturalidade e decolonialidade do poder: um pensamento e posicionamento “outro” a partir da diferença colonial. Revista Eletrônica da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), V. 05, N. 1, jan.-jul., 2019, p. 6-39.
ZEICHNER, K. M. Uma análise crítica sobre a “reflexão” como conceito estruturante na formação docente. Educação e Sociedade, Campinas, SP, v. 29, n. 103, p. 535-554, 2008.
ZEICHNER, K. M. Repensando as conexões entre a formação na universidade e as experiências de campo na formação de professores em faculdades e universidades. Revista Educação, Santa Maria, v. 35, n. 3, p. 479-504, set./dez. 2010.
Fichiers supplémentaires
Publié-e
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés Ivone Maria Mendes Silva 2023
Cette œuvre est sous licence Creative Commons Attribution - Pas d'Utilisation Commerciale 4.0 International.
O encaminhamento dos textos para a revista implica a autorização para a publicação.
A aceitação para a publicação implica na cessão de direitos de primeira publicação para a revista.
Os direitos autorais permanecem com os autores.
Após a primeira publicação, os autores têm autorização para a divulgação do trabalho por outros meios (ex.: repositório institucional ou capítulo de livro), desde que citada a fonte completa.
Os autores dos textos assumem que são autores de todo o conteúdo fornecido na submissão e que possuem autorização para uso de conteúdo protegido por direitos autorais reproduzido em sua submissão.
Atualizado em 15/07/2017