O ideal da excelência escolar e os conflitos vividos pelo aluno de classes populares1
DOI:
https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2020.v29.n60.p227-245Palavras-chave:
Ideal da excelência escolar, Instâncias ideais, Idealização, Alunos de classes populares, Escolas de alto padrão acadêmicoResumo
Este artigo procura compreender o ideal da excelência escolar e a relação entre esse ideal e a história singular do estudante. Considera alguns conceitos da Psicanálise, sobretudo eu ideal, ideal do eu e supereu, para analisar os conflitos vividos pelos alunos diante das demandas idealizadas presentes em escolas de alto rendimento. Neste sentido, entre os esforços de adaptação ou a resistência aos modelos impostos, interessa-nos questionar a naturalização e o “peso” do ideal de excelência para a formação subjetiva do estudante de classes populares. Priorizamos a vivência daqueles que podem estar em posição inferiorizada, devido a um suposto distanciamento entre o capital cultural herdado da família
e a cultura escolar. A partir da metodologia de levantamento bibliográfico, refletimos em torno da polissemia e da não consensualidade acerca do conceito de excelência escolar, de modo a ponderar como esse ideal contribui para promover uma espécie de vigilância social na escola. Por fim, consideramos a plasticidade da influência desses ideais, bem como acreditamos nos diferentes destinos subjetivos que podem ser dados à idealização escolar.
Downloads
Referências
AMARAL, Mônica do. Culturas juvenis X cultura escolar: repensando as noções de (in)disciplina e autoridade no âmbito da educação. In: COLÓQUIO LEPSI, 6., 2007, São Paulo. Anais eletrônicos [...]. São Paulo: Faculdade de Educação da USP, 2007. Disponível em: www.scielo.br. Acesso em: 05 mar. 2020.
ARREGUY, Marília Etienne. Um lugar para a escuta psicanalítica no campo das aprendizagens. Revista Aleph, Niterói, RJ, 2011, v. 1, n. 15, p. 99-106. Disponível em: http://revistaleph.uff.br/index.php/REVISTALEPH/article/view/354/261. Acesso em: 04 abr. 2017.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.
BOURDIEU, Pierre. Escritos de educação. In: NOGUEIRA, Maria Alice; CATANI; Afrânio (org.). 9. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. p. 73-79.
BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 29 jan. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 29 jan. 2020.
BRYM, Robert. Et al. Sociologia: sua bússola para um novo mundo. São Paulo: Thompson Pioneira, 2006.
BUNGE, Mario. Dicionário de Filosofia. Tradução: Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectivas, 2002.
CABRAL, Themys. Jubilamento: uma prática legal? Gazeta do Povo, Curitiba, 19 dez. 2010. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/jubilamento-uma-pratica-legal-jh7avrj2ytbli2h1yrgl61qm/. Acesso em: 23 abr. 2013.
CAMPOS, Érico Bruno V. A concepção de sublimação no trabalho de Jean Laplanche. Psicologia em Estudo, Maringá, PR, v. 18, n. 3, p. 465-474, jul./set. 2013.
CORRÊA, Cristia Rosineiri Gonçalves Lopes. A inauguração da interlocução entre a Educação e a Psicanálise no Brasil: Arthur Ramos, transferência, ideal e autoridade. Psicologia, São Paulo, v. 22, n. 4, p. 789-811, 2011.
COSTA, David Miqueias de Oliveira; ARREGUY, Marília Etienne. Das diferentes posições subjetivas em Garota Exemplar: uma interpretação sobre a falsidade narcísica na idealização midiática. APRENDER – Cadernos de Filosofia e Psicologia da Educação, Vitória da Conquista, BA, Ano XI, n. 18, p. 142-160, jul./dez. 2017.
COUTINHO, Luciana G. Pesquisa-intervenção na escola: adolescência, educação e inclusão social. Arquivos Brasileiros de Psicologia, Rio de Janeiro, v. 63, n. 1, p. 1-110, 2011.
DOURADO, Luiz Fernandes; OLIVEIRA, João Ferreira de. A qualidade da educação: perspectivas e desafios. Caderno Cedes, Campinas, SP, v. 29, n. 78, p. 201-215, maio/ago. 2009.
FERENCZI, S. Psicanálise e pedagogia. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011. (Obras Completas – Psicanálise I).
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Tradução de Laura Almeida Sampaio. 23. ed. São Paulo: Loyola, 2013.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREUD, Sigmund. Introdução ao narcisismo, ensaios de metapsicologia e outros textos (1914-1916). In: FREUD, S. Obras Completas, vol. 12. Tradução: Paulo César de Souza. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2014. p. 10-37.
FREUD, Sigmund. Psicologia de grupo e análise do eu. In: FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras de Sigmund Freud, vol. XVIII. Rio de Janeiro: Imago, 1969a. p. 17-19.
FREUD, Sigmund. O ego e o id. In: FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras de Sigmund Freud, vol. XIX. Rio de Janeiro: Imago, 1969b. p. 16-23.
FREUD, Sigmund. Uma breve descrição da psicanálise. In: FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras de Sigmund Freud, vol. XIX. Rio de Janeiro: Imago, 1969c. p. 12-15.
FREUD, Sigmund. (1930). O mal estar na civilização. In: FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, vol. XXI. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 14-17.
FREUD, Sigmund. Des Types libidinaux. In: FREUD, Sigmund. Oeuvres Complètes, vol. XIX. Paris: PUF, 1995.
GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Introdução à metapsicologia freudiana 3: artigos de metapsicologia (1914-1917): narcisismo, pulsão, recalque, inconsciente. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1995.
JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de Filosofia. 4. ed. atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
KANT, Immanuel (1787). Crítica da razão pura. Tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
LAHIRE, Bernard. Sucesso escolar nos meios populares: as razões do improvável. São Paulo: Ática, 1997.
MARINHEIRO, Carlos. A etimologia da palavra excelência. 2009. Disponível em: https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-etimologia-da-palavra-excelencia/26601. Acesso em: 23 fev. 2020.
MARTINS, Cecília Freire. Sublimação e idealização: destinos da pulsão na construção da cultura. 2016. 153 f. Tese (Doutorado em Psicologia) – Programa de Pós-graduação em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Rio de Janeiro, 2016.
MORA, José F. Dicionário de Filosofia. Tradução: António José Massano e Manuel Palmeirim. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1978.
NASCENTES, Antenor. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1955.
NASCENTES, Antenor. Dicionário Etimológico Resumido. Brasília, DF: Instituto Nacional do Livro/Ministério da Educação e Cultura, 1966. (Coleção Dicionário Especializados).
ORIGEM DA PALAVRA. Palavra excelente. 2005. Disponível em: https://origemdapalavra.com.br/palavras/excelente/. Acesso em: 23 fev. 2020.
PERRENOUD, Phillipe (1984). La fabrication de l’excellence scolaire: du curriculum aux pratiques d’évaluation. Vers une analyse de la réussite, de l’échec et des inégalités comme réalités construites par le système scolaire. 2e édition. Paris: Librerie Droz, 2010.
ROCHA, Zeferino. Esperança não é esperar, é caminhar: reflexões filosóficas sobre a esperança e suas ressonâncias na teoria e clínica psicanalíticas. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 255-273, abr./jun. 2007.
ROCHA, Zeferino. O papel da ilusão na psicanálise freudiana. Ágora, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 259-271, 2012.
VASCONCELLOS, Celso dos S. Metodologia dialética em sala de aula. Revista de Educação AEC, Brasília, DF, n. 83, p. 1-18, abr. 1992.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
O encaminhamento dos textos para a revista implica a autorização para a publicação.
A aceitação para a publicação implica na cessão de direitos de primeira publicação para a revista.
Os direitos autorais permanecem com os autores.
Após a primeira publicação, os autores têm autorização para a divulgação do trabalho por outros meios (ex.: repositório institucional ou capítulo de livro), desde que citada a fonte completa.
Os autores dos textos assumem que são autores de todo o conteúdo fornecido na submissão e que possuem autorização para uso de conteúdo protegido por direitos autorais reproduzido em sua submissão.
Atualizado em 15/07/2017