(Des)Colonizar-se a si mesmo:
memória e identidades em Venenos de Deus, remédios do Diabo, de Mia Couto
DOI :
https://doi.org/10.35499/tl.v16i2.15230Résumé
O escritor moçambicano Mia Couto se destaca como representante da literatura africana de expressão lusófona identificada como “pós-colonial”, surgida depois da emancipação de países outrora colonizados por Portugal e que, na afirmação de sua identidade (mesmo usando a língua do colonizador), assume um discurso de discordância ou revisão da dominação cultural sofrida por séculos. Contudo, a ficção de Couto transcende a filiação a uma tendência de época, buscando a universalidade. Analisaremos no romance Venenos de Deus, Remédios do Diabo (2008) como a noção de identidade (pessoal, social, histórica) se articula à de memória coletiva na experiência dos principais personagens. Os problemas da “descolonização” sem horizontes são vivenciados por Bartolomeu Sozinho, o velho doente, saudoso dos tempos coloniais. Ele cultiva a memória de um suposto tempo de glória evocado na idealização de sua atividade de marinheiro no navio Infante dom Henrique. As dificuldades do presente o levam a legitimar o discurso do colonizador. Em sentido oposto, a estada do médico português Sidónio em Moçambique, na busca frustrada de um amor, resulta no seu rico envolvimento com o país africano, e aponta para a busca da construção possível de uma identidade a partir do confronto com o diferente.
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Références
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PARRACHO Bianca Basile e FORLI Cristina Arena. Venenos de Deus, Remédios do Diabo: A Solidão no Compasso da Pós-Independência de Moçambique in Revista Historiador Número 03. Ano 03. Dezembro de 2010 Disponível em: http://www.historialivre.com/revistahistoriador
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