EDUCAÇÃO COMO LUTA DE RESISTÊNCIA E AFIRMAÇÃO DA RADICALIDADE QUILOMBOLA
Palavras-chave:
racismo, fascismo, desigualdades, quilombismo escolar, emancipação.Resumo
A estrutura educacional brasileira está sedimentada por um Estado organizado pela classe dominante, herdeira da sociedade escravocrata, com cobranças de saberes universais, excluindo-se as singularidades e a multiplicidade de saberes locais. Objetivamos enumerar as questões de lutas de resistência que foram e são fundamentais na emancipação de negros e negras e refletir sobre a educação quilombola, a partir da sua subalternidade, problematizando a manutenção do status quo pelas vias da universalidade dos saberes, numa sociedade classista. A discussão se fundamenta em pesquisas realizadas e em práticas de ensino voltadas para a formação do docente investigador. Como resultados, demonstramos que a imposição de diretrizes curriculares padronizadas inviabiliza outras formas de compreensão da realidade com as quais se possam destacar e refletir o mundo pela vivência e experiência das comunidades pobres, da classe trabalhadora, das comunidades tradicionais como ribeirinhos, povos da floresta e quilombolas. Assim, situamos a educação como potencializadora da (re)existência e afirmação quilombola, dando centralidade ao quilombismo escolar como forma de enfrentamento ao capitalismo, colonialismo e heteropatriarcalismo contemporâneo. Em conclusão, defendemos a afirmação da radicalidade quilombola como caminho para a desnaturalização da estrutura racista e fascista e a destruição de formas de opressão, injustiça e desigualdade social e territorial.
Downloads
Referências
FANON, Frantz. Os Condenados da Terra. 2ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.
FERRARA, L. A nossa vida é ensinar. A nossa vida é disciplinar. Entrevista com Dona Dalva. Revista Cult, ano 24, n. 271, 2022. Edição do Kindle.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
GOMES, F. S. A Hidra e os pântanos: quilombos e mocambos no Brasil (sécs. XVII-XIX). 1997. Tese (Doutorado) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, 1997. Programa de Pós-Graduação em História. Disponível em: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/9920. Acesso em: 22/11/2021.
GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos. Organização: Flavia Rios e Márcia Lima. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. tradução de Marcelo Brandão Cipolla. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2017.
KÖSSLING, K.S. Vigilância e repressão aos Movimentos Negros (1964-1983). In: GOMES, F., DOMINGUES, P. (org.). Experiências da emancipação. Biografias, instituições e movimentos sociais no pós-abolição (1890-1980). São Paulo: Summus Editorial, 2011, edições Kindle, cap. 13.
LINDOSO, D. O poder quilombola. Maceió: Edufal, 2007.
MARX, K. O capital: crítica da economia política: Livro I: o processo de produção do capital Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.
MOURA, C. A Quilombagem como Expressão de Protesto Radical. In: MOURA, C. (org.). Os quilombos na dinâmica social do Brasil. Maceió: Edufal, 2001. p. 103-115.
MOURA, C. Dialética radical do Brasil negro. São Paulo: Anita, 1994.
MOURA, C. História do negro brasileiro. São Paulo: Ática, 1992.
MOURA, C. Sociologia do negro brasileiro. São Paulo: Perspectiva, 2019.
MOURA, J. D. P. A Lei nº 10.639/03 e a Educação Inclusiva: Notas para um Trabalho Escolar Integrado. In: Santos, Adriana Regina de Jesus...[et al.] (org.). Práticas e reflexões de metodologias de ensino e pesquisa do Projeto PRODOCÊNCIA da UEL. Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 2012. p. 210- 233. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/lenpes-pibid/pages/publicacoes-lenpes-pibid-prodocencia/praticas-e-reflexoes-de-metodologias-de-ensino-e-pesquisa-do-projeto-prodocencia-da-uel.php. Acesso em: 26 abril 2022.
MUNANGA, K. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
NASCIMENTO, A. O Quilombismo. São Paulo: Editora Perspectiva, Rio de Janeiro: Ipeafro, 2019.
NASCIMENTO, A. Quilombismo: documentos da militância pan-africanista. Petrópolis, Vozes, 1980.
RAMOS, D. J.; MOURA, J. D. P. Escolas Que São Asas: Uma Análise Sartreana Da Escola Do Campo. Rev. Tamoios, São Gonçalo (RJ), ano 14, n. 2, pág. 69-80, jul-dez 2018.
SANTOS, Milton. Por uma geografia cidadã: por uma epistemologia da existência. Boletim Gaúcho de Geografia, Porto Alegre, n. 21, agosto, 1996. p. 6-14.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Revista Diálogos e Diversidade (RDD) implica na transferência, pelas(os) autoras(es), dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os manuscritos publicados nesta revista são das(os) autoras(es), com direitos da RDD sobre a primeira publicação. As(os) autoras(es) somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando explicitamente a RDD como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License, que permite copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato, adaptar, remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial, dando o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas, distribuindo as suas contribuições sob a mesma licença que o original, não podendo aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.