A COMPOSIÇÃO DE UM ÁLBUM FOTOGRÁFICO: OS RASTROS DE UMA AVÓ MATERNA
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2016.v1.n3.p428-446Parole chiave:
Álbum de Família, Fotobiografia, Imagens, NarrativasAbstract
Na montagem de um álbum de fotografias busco um rosto familiar: uma mulher de vestido azul, chamada Tereza, minha avó materna, descubro os laços que compõem a sua vida, os sonhos, as flores de sua preferência, os modelos de seus vestidos, os rastros que seus passos deixaram nas lembranças de infância de uma criança, as narrativas dos que com ela conviveram. Um álbum é pensado como uma construção narrativa e imagética de múltiplas grafias: daqueles que de modo separado realizaram as fotos, as descontinuidades do tempo que as mantiveram separadas, dos conhecimentos, narrativas e sentidos que elas evocam ao olhar, de sua conjugação entre temporalidades. Através da recuperação de imagens para montar um álbum, podemos criar, descobrir, desvelar conhecimentos, acender experiências. Contamos com a noção de fotobiografias (Fabiana Bruno, 2009); com o olhar sobre a imagem e suas supervivências (Didi-Huberman, 2011) e com Étienne Samain (2013), quando nos instiga a descobrir as peles da imagem e a acompanhar o que elas pensam. Na composição de um álbum, compomos uma origem, desbravamos a história de uma mulher, bem como de suas narrativas, que se inscrevem nas dedicatórias escritas em seus versos e nos caminhos que as imagens trilharam, em muitas mãos, até se encontrarem, em um álbum de fotografias.
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