Vidas em trânsito: sujeitos, percursos e narrativas na cidade de belo horizonte

Abstract

O objetivo deste trabalho é investigar a experiência formativa dos deslocamentos urbanos de trabalhadores/as pela Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. O pressuposto é que tais deslocamentos não são apenas um hiato ou um ato funcional, mas constituem processos de subjetivação. Fundamental para essa investigação é o conceito de Experiência de Walter Benjamin, que por sua vez mantém vínculo indissociável com a narrativa. Dessa forma, abordamos as narrativas produzidas durante e após os deslocamentos urbanos, tomando as figuras do “camponês sedentário” e do “marinheiro comerciante” para pensar as “viagens no tempo” e as “viagens no espaço” dos sujeitos. A experiência do deslocar-se pela cidade foi analisada a partir dos seguintes eixos: as histórias de vida dos sujeitos em Belo Horizonte; os usos e percepções do espaço do ônibus; as relações que os sujeitos estabelecem com os estranhos que se apresentam nas viagens; o lugar do corpo e das sensibilidades nos deslocamentos e os desejos de cidade e de vida. As experiências dos trabalhadores/as suscitaram uma necessária abertura para a dimensão estética dos deslocamentos urbanos, condição fundamental para a construção de uma cultura pública de encontros que materialize o Direito à Cidade aos seus habitantes.