(Des)epistemologizar a clínica: o reconhecimento de uma ciência guiada pelo pensamento cisgênero
DOI :
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2020.v5.n13.p403-418Mots-clés :
clínica, autobiografia, travestis, epistemologia.Résumé
Este artigo busca refletir acerca da despatologização das identidades trans e travestis, considerando que tais mobilizações têm sido direcionadas a pensar o indivíduo que vai à clínica, mas não as epistemologias que sustentam a psicologia. Por essa via, resgata a parcialidade feminista para apostar nas autobiografias trans como modos de produção de agenciamento. Pretende, portanto, guiar a clínica em direção a éticas outras, capazes de questionar o pensamento nosológico atravessado pela cisgeneridade na condução de uma terapêutica pajubariana.
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