Lembranças, reflexões e formações: apontamentos sobre a escrita de memoriais
DOI :
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2019.v4.n12.p1020-1033Mots-clés :
Narrativas, Autobiografia, Subjetivação, Formação,Résumé
Discutir a mobilização de memoriais na formação de professores (de Matemática) é o objetivo deste artigo. Para isso, será apresentada uma introdução sobre as narrativas autobiográficas para que, na sequência, possa ser justificada a opção pela terminologia “memorial de formação” e explicitada uma compreensão sobre como os memoriais podem se comportar quando inseridos em processos formativos. No que se segue, será apresentada uma possibilidade para o uso dos memoriais nas disciplinas de Tendências em Educação Matemática I e II e Funções Elementares, em um curso de Licenciatura em Matemática. A pesquisa é de cunho qualitativo e o movimento analítico ocorreu a partir da leitura e do estudo dos memoriais produzidos no âmbito das disciplinas citadas e dos questionários avaliativos respondidos pelos alunos, ao final de cada uma delas. Com isso, foi possível observar que essa modalidade de escrita, em que o sujeito se coloca como autor, narrador e ator da história, é potente para a formação. O memorial, ao estimular o movimento de rememorar e narrar, permitiu que o sujeito ressignificasse suas vivências e se aproximasse de seu processo de tornar-se o que se é. Além disso, eles se constituíram como espaços outros para a reflexão sobre a/na ação docente.
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