Professores e suas bibliotecas: histórias de peregrinações
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2021.v6.n17.p47-64Palavras-chave:
Relações com a leitura, Apropriações, Bibliotecas pessoais, Trajetórias de vidaResumo
Podemos entender a biblioteca como um sonhado espaço reunindo livros e saberes acumulados. Segundo Chartier, ela é um traço marcante da civilização ocidental, resultado da busca por títulos e do anseio de se guardar a memória de um grupo ou mesmo as nossas memórias individuais. A história dos textos, de suas formas e apropriações remetem à multiplicidade evocada na famosa Biblioteca de Babel imaginada por Borges. Nela, cada prateleira agrupa um universo de livros. Em cada corredor e andar, multiplicam-se os textos, formando um mosaico em constante movimento porque abriga vários caminhos e leituras. Propomos aqui descrever nossas bibliotecas pessoais, marcando o que lemos em diferentes momentos de nossas vidas, durante nossa infância, em casa, na escola, em nossos trabalhos de pesquisa e no exercício do magistério. Não se trata apenas de lembrarmos dos livros marcantes, que vão compondo o catálogo que cada um vem construindo em sua trajetória. É inevitável pensar sobre o lugar desses títulos em nossa formação. Como os conhecemos? Por que os escolhemos? A quais “prateleiras” temos acesso em cada momento e espaço de nossas vidas? É nesse sentido que nossas narrativas, enquanto alunos, professores e pesquisadores, constituem uma reflexão sobre nossas relações com a leitura.
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