Patrimônio imaterial: reflexões sobre a rebeldia da matéria
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2020.v5.n14.p490-507Palavras-chave:
patrimônio imaterial, cultura material, imaterialidadeResumo
O debate contemporâneo sobre patrimônio, em suas múltiplas nuances, tem enfatizado a chamada dimensão imaterial das mais diversas culturas desde o nascer do novo século. Este artigo objetiva contribuir com estas trocas a partir de problematizações em torno da emblemática dicotomia: de um lado o mundo da cultura material, do outro, tudo aquilo que vem se compreendendo em termos de imaterialidade. Em abordagem ensaísta, o texto estrutura-se em dois momentos confluentes: um que contempla reflexões em torno da dimensão (i)material de duas experiências artísticas, e em diálogo com proposições de Ingold (2015) e Tarde (2007), outro, que busca aprofundar os desdobramentos das abordagens ali em relevo, agregando aí a dimensão ética proposta por Jonas (2006). Os principais eixos reflexivos aqui propostos enfocam a natureza contraditória da dualidade material/imaterial, bem como o que é posto em termos dos “pontos cegos” decorrentes ou vinculados em alguma medida a tal polarização, a exemplo dos riscos de aprofundamento dos desafios geralmente encontrados pelas políticas patrimoniais. Ademais, este artigo visa estimular a inclusão de perspectivas pouco usuais ao debate patrimonial, sobretudo, em seus desdobramentos éticos, pragmáticos e políticos.
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