A interface sujeito-agência no campo curricular: que contribuições das pesquisas (auto)biográficas?
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2019.v4.n11.p714-728Palavras-chave:
Agência, Sujeito, Currículo, Estudos (auto)biográficos.Resumo
Considerando a intensificação da inserção dos estudos narrativos e/ou (auto)biográficos no campo do currículo, nos últimos anos, o objetivo deste texto é refletir sobre a articulação sujeito-agência, nos estudos do campo curricular, a partir das contribuições teórico-metodológicas das pesquisas (auto)biográficas. Nosso interesse em compreender os processos de subjetivação em contextos de formação, nos faz apostar nesta abordagem como um campo profícuo para pensar a complexa relação entre sujeito e estrutura, na leitura política do social. Trata-se de reconhecer a potencialidade analítica das narrativas (auto)biográficas, na compreensão da agência para além do par binário resistência e sujeição, hegemonicamente mobilizado nas análises do campo educacional, como polos dicotômicos e excludentes. Em diálogo com autores como Judith Butler (2014), Gert Biesta (2013) Christine Delory-Momberger (2011a; 2011b; 2012; 2014; 2016; 2017) e Saba Mahmood (2005; 2006), apostamos teoricamente no entendimento de que “tornar-se sujeito” ou produzir subjetividades políticas depende diretamente da regulação e, portanto, os meios que garantem a subordinação dos sujeitos são os mesmos que possibilitam a rebeldia ou o deslocamento em relação a essa sujeição.
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