“Eu ia de cabeçudinho” - diálogos entre Educação Artística e Educação Patrimonial
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2019.v4.n10.p344-358Palavras-chave:
Património cultural, Educação artística, Formação inicial de professoresResumo
Gigantones e Cabeçudos constituem um conjunto figurativo presente em festas e romarias do norte de Portugal. O artigo retoma o tema dos Gigantones e Cabeçudos sob o canon da infância, numa perspetiva curricular que integra educação artística e patrimonial. A escola, formalmente empossada na função de contribuir para a salvaguarda das tradições culturais, que lugar deixa à criança no momento de participar nos celebrativos locais? Como respeita seus modos de ressignificar a festa e como se posiciona face às subjetividades e ao seu direito de ser co-construtora de um sentido de pertença social próprio? O projeto interroga o olhar da criança e a influência das mídias no entretecer do seu imaginário. Procura sensibilizar os futuros educadores para o direito da criança se implicar como ator nas dinâmicas patrimoniais, explorando os contributos da educação artística na abordagem à educação patrimonial. Revisita-se o road-map da etnografia nacional, referências patrimoniais e convocam-se aspetos emanados da metodologia do trabalho de projeto e da educação patrimonial. A avaliação evidenciou a escuta e a liberdade da criança nos projetos que a implicam; a importância de abordagens interdisciplinares e do modelo oficinal na relação com aprendizagens significativas na formação inicial; a aproximação dos formandos aos contextos profissionalizantes.
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