Heróis em campus de batalha: representações biográficas de professores universitários durante as Culture Wars
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2024.v9.n24.e1199Palavras-chave:
Literatura contemporânea, Literatura estadunidense, Culture Wars, Self-fashioning, AutoficçãoResumo
Analisando as representações de professores universitários tal como delineadas por algumas obras artísticas publicadas no contexto das Culture Wars, durante as décadas de 1990 e 2000 nos EUA, objetiva-se indicar uma série de características compartilhadas por tais representações e suas possíveis motivações contextuais. O corpus dessa análise imagológica abarca as seguintes obras: A marca humana, de Philip Roth; Ravelstein, de Saul Bellow; o documentário Derrida, de Kirby Dick e Amy Ziering Kofman; a biografia Derrida, de Benoît Peeters; e Stoner, de John Williams. Após sugerir as razões histórico-sociais por trás de certas semelhanças nas representações de professores universitários nesse contexto estadunidense, envolvendo segredos, escândalos e espetacularização, indicar-se-á de que modo essas obras se valem de estratégias discursivas complexas para promover a tomada de consciência acerca de um processo de self-fashioning [automodelamento], não apenas da perspectiva de seus personagens e narradores, mas também de seus próprios autores. Ao fim da exposição, aventa-se e problematiza-se a possibilidade de aproximação dessa noção de self-fashioning daquilo que parte da crítica literária contemporânea tem chamado de autoficção.
Downloads
Referências
ADLER, Eric. Classics, the Culture Wars, and Beyond. Ann Arbor: University of Michigan Press, 2016.
ARAÚJO, Nabil (org.). Imagens em discurso II: escrita do outro como escrita de si. Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2020.
BELLOW, Saul. Ravelstein. Tradução de Léa Viveiros de Castro. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
BERNAL, Martin. Geography of a Life. Bloomington: Xlibris, 2012.
BLOOM, Allan. O declínio da cultura ocidental: Da crise da universidade à crise da sociedade. Tradução de João Alves dos Santos. São Paulo: Best Seller, 1989.
BLOXHAM, John. Ancient Greece and American Conservatism. London; New York: I. B. Tauris, 2018.
BRANDÃO, Jacyntho Lins. O fosso de Babel. São Paulo: Nova Fronteira, 1997.
CUSSET, François. French Theory: Foucault, Derrida, Deleuze & Cie et les mutations de la vie intellectuelle aux États-Unis. Paris : Éditions de la Découverte, 2003.
DERRIDA. Direção de Kirby Dick e Amy Ziering Kofman. Jane Doe Films, 2002. 1 DVD (86 min.).
GREENBLATT, Stephen. Renaissance Self-Fashioning: From More to Shakespeare. Chicago; London: The University of Chicago Press, 1980.
GREENE, Thomas. The Flexibility of the Self in Renaissance Literature. In: DEMETZ, Peter; GREENE, Thomas; NELSON, JR. Lowry (Ed.). The Disciplines of Criticism: Essays in Literary Theory, Interpretation, and History. New Haven; London: Yale University Press, 1968, p. 241-264.
HALLETT, Judith P.; NORTWICK, Thomas Van (Ed.). Compromising Traditions: The personal voice in classical scholarship. London; New York: Routledge, 1996.
HANSON, Victor Davis; HEATH, John. Who Killed Homer? The Demise of Classical Education and the Recovery of Greek Wisdom. New York; London; Toronto; Sydney; Singapore: The Free Press, 1998.
HOMERO. Ilíada. Tradução e prefácio de Frederico Lourenço – São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2013.
KLINGER, Diana. Escrita de si como performance. Revista Brasileira de Literatura Comparada, n. 12, p. 11-30, 2008.
KLINGER, Diana. Escritas de si, escritas do outro: o retorno do autor e a virada etnográfica. 3. ed. Rio de Janeiro: 7Letras, 2016.
PAGEAUX, Daniel-Henri. Elementos para uma teoria literária: imagologia, imaginário, polissistema. Trad. de Katia A. F. de Camargo. In: PAGEAUX, Daniel-Henri. Musas na encruzilhada: ensaios de literatura comparada. São Paulo; Santa Maria: EdURI; Hucitec; EdUFSM, 2011, p. 109-27.
PEETERS, Benoît. Derrida: biografia. Trad. André Telles. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.
PEETERS, Benoît. Trois ans avec Derrida: Les Carnets d’un biographe. Paris : Flammarion, 2010.
ROTH, Philip. A marca humana. Tradução Paulo Henriques Britto. 1. ed. São Paulo: Companhia de Bolso, 2014.
SIN-LÉQI-UNNÍNNI. Ele que o abismo viu: epopeia de Gilgámesh. Tradução do Acádio, introdução e comentários Jacyntho Lins Brandão. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.
WELLBERRY, David. The Specular Moment: Goethe’s Early Lyric and the Beginnings of Romanticism. Stanford: Stanford University Press, 1996.
WILLIAMS, John. Stoner. Tradução Marcos Maffei. Rio de Janeiro: Rádio Londres, 2015.