A produção documental de Antonio Olavo: lutas e memórias do povo negro
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2021.v6.n18.p490-508Palavras-chave:
Documentário; Antonio Olavo; NarrativasResumo
A contribuição do cinema documentário para a compreensão de fatos históricos e pautas contemporâneas tem se confirmado nos últimos anos com uma produção significativa de filmes, sobre temas variados. Este artigo aborda a obra do cineasta baiano Antonio Olavo, realizador de cinco filmes documentários de longa metragem, uma série para TV e diversos curtas e médias-metragens sobre a história social e, particularmente, a memória negra no Brasil. Buscamos compreender a trajetória profissional do cineasta entrelaçada com sua história de vida, as concepções sobre o fazer cinematográfico e as esferas de influências incorporadas em sua obra. Para isso apresentamos seus principais filmes, destacando a série documental Travessias Negras (2017) sobre trajetórias particulares de estudantes universitários cotistas, buscando referências nas narrativas que se articulam em continuidades e rupturas, evidenciando sentidos diante do padrão de discriminação racial que se faz presente na sociedade brasileira. Privilegiamos o entendimento sobre cinema e narratividades a partir de autores como Xavier (2003), Bernadet (2017), Benjamin (1994), Matos (2001), entre outros, e utilizamos entrevistas com o cineasta colocando em perspectiva suas percepções acerca das lutas históricas de resistência, sobre preconceito, racismo, políticas afirmativas e cinema negro.
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