Entre biografemas e incidentes: histórias insólitas e sem fama de uma professora imaginária
DOI:
https://doi.org/10.31892/rbpab2525-426X.2021.v6.n19.p844-859Palavras-chave:
Docência, Fantástico, Autoficção, TranscriaçãoResumo
Este texto problematiza a identidade docente como algo fixo, propõe uma docência que tenha como modo de operar uma identidade fictícia a partir das noções de biografemas e incidentes apresentadas por Roland Barthes (2004a; 2004c). Essa problematização se dá na forma de uma autoficção, onde se abre espaço para uma transcriação, com Haroldo de Campos (2013) e Sandra Corazza (2013) do fazer docente, encontrando no fantástico de Julio Cortázar uma maneira de relatar a si, de modo que se possa borrar as fronteiras entre real e ficção. Trata-se da fantasia de escritura de uma professora em formação, de uma docência em movimento e que escreve para conhecer. Utiliza como artifício a história de uma professora imaginária que relata a si enquanto moradora de um bairro, ao modo de Gonçalo M. Tavares. O texto busca discutir a possibilidade de descentralizar, fragmentar e desconstruir o conceito de professor enquanto o de um ser uno, homogêneo e essencial.
Downloads
Referências
BARTHES, Roland. Crítica e verdade. São Paulo: Perspectiva, 1970.
BARTHES, Roland. S/Z. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.
BARTHES, Roland. Sade, Fourier, Loyola. São Paulo: Martins Fontes, 2004a.
BARTHES, Roland. Inéditos I: teoria. São Paulo: Martins Fontes, 2004b.
BARTHES, Roland. Incidentes. São Paulo: Martins Fontes, 2004c.
BARTHES, Roland. A preparação do romance II: a obra como vontade. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
BARTHES, Roland. O rumor da língua. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
BARTHES, Roland. Aula: aula inaugural da cadeira de semiologia literária do Colégio de França, pronunciada no dia 7 de janeiro de 1977. São Paulo: Cultrix, 2013.
BARTHES, Roland. O prazer do texto. São Paulo: Perspectiva, 2015.
BARTHES, Roland. Roland Barthes por Roland Barthes. São Paulo: Estação Liberdade, 2017.
BARTHES, Roland. Fragmentos de um discurso amoroso. São Paulo: Editora UNESP, 2018.
BORGES, Jorge Luis. Ficções. São Paulo: Cia das letras, 2007.
BERMEJO, Ernesto Gonzáles. Conversas com Cortázar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002.
DELEUZE, Gilles. Conversações (1972-1990). São Paulo: Editora 34, 2013.
CAMPOS, Haroldo de. Haroldo de Campos: Trancriação. (Org. Marcelo Tápia, Thelma Médici Nóbrega.) São Paulo: Perspectiva, 2013.
COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
CORAZZA, Sandra Mara. Uma vida de professora. Ijuí: Ed. Unijuí, 2005
CORAZZA, Sandra Mara. O que se transcria em educação?. Porto Alegre: UFRGS; Doisa, 2013.
CORAZZA, Sandra Mara. Didática da tradução, transcriação do currículo (uma escrileitura da diferença). Revista Pro-Posições, Campinas, Unicamp, v. 26, n. 1, p. 105-122, jan./abr. 2015a. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/pp/v26n1/0103-7307-pp-26-01-0105.pdf . Acessado em: 01/03/2021.
CORAZZA, Sandra Mara. Discurso do método biografemático. In: CORAZZA, Sandra Mara; OLIVEIRA, Marcos da Rocha; ADÓ, Máximo Daniel Lamela. Biografemática na educação: vidarbos. (Org.) Porto Alegre: UFRGS; Doisa, 2015b. p. 25-46.
FOUCAULT, Michel. O Corpo Utópico / As Heterotopias. São Paulo: n-1 Edições, 2013.
GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Palavra e verdade na filosofia antiga e na psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.
HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção. Rio de Janeiro: Imago, 1991.
NIETZSCHE, Friedrich. Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral. In: MARÇAL, Jairo. (Org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 530-541.
PEREC, Georges. A vida modo de usar. São Paulo: Companhia das letras, 2009.
PEREC, Georges. Aproximações do quê? In: Revista Alea: estudos neolatinos., Rio de Janeiro, UFRJ, vol. 12, número 1, p. 177-180, janeiro-julho/2010. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/alea/v12n1/v12n1a14.pdf . Acessado em: 01/03/2021.
PEREC, Georges. Tentativas de esgotamento de um local parisiense. São Paulo: Gustavo Gilli, 2016.
PERRONE-MOISÉS, Leyla. Texto, crítica, escritura. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
PIGLIA, Ricardo. Anos de formação: Os diários de Emílio Renzi. São Paulo: Todavia, 2017.
PREGO, Omar. O fascínio das palavras: entrevistas com Julio Cortázar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1991.
ROAS, David. A ameaça do fantástico: aproximações teóricas. São Paulo: UNESP, 2014.
SANTIAGO, Silviano. Meditação sobre o ofício de criar. In: Aletria: revista de estudos de literatura, Belo Horizonte, UFMG, v. 18, p. 173-179, jul-dez/2008. Disponível em: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/aletria/article/view/1450. Acessado em: 08/03/2021.
SILVA, Rodrigo Lages da. A ficção: uma aposta ético-política para as ciências. In: Fractal: Revista de psicologia, Niterói, UFF, v. 26, p. 577-592, outubro/2014. Disponível em: https://periodicos.uff.br/fractal/article/view/5042/4892 . Acessado em: 01/03/2021.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Monstros, ciborgues e clones: os fantasmas da Pedagogia Crítica. In: SILVA, Tomaz Tadeu da. (Org.) Pedagogia dos monstros: os prazeres e os perigos da confusão de fronteiras. Belo Horizonte: Autêntica, 2000, p. 11-22.
SILVA, Tomaz Tadeu da. O fim das metanarrativas: o pós-modernismo. In: SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2015, p. 111-116.
TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. São Paulo: Perspectiva, 2017.
VALÉRY, Paul. Variations sur les Bucoliques. Paris: Gallimard, 1956.