E-ISSN: 2318-7085
Chamada 2023.1
Temática: Narrativas originárias: línguas, artes e cosmologias indígenas. |
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Chamada 2023.2
Temática: Educação Escolar Indígena: interfaces entre saberes, práticas escolares e modos de vida dos povos originários.
Chamada para contribuições Volume 11, nº. 2 (2023.2) - Educação Escolar Indígena: interfaces entre saberes, práticas escolares e modos de vida dos povos originários. |
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Objetivos: Trata-se de um dossiê que acolherá artigos, ensaios, resenhas, narrativas, todos inéditos, que versem sobre as línguas, políticas, práticas pedagógicas e projetos educacionais indígenas, nas mais diversas e plurais formas de relatos de experiências interessados em refletir acerca do debate da Educação Escolar Indígena versando sobre questões relacionadas às pedagogias indígenas, aspectos socioeducacionais, culturais, políticos e da própria Educação Escolar Indígena, na interface dos povos e sua cosmovisão de mundo.
As lutas políticas, estratégias de resistências e emergências dos movimentos indígenas que ocuparam o cenário nacional no final do século passado caracterizou-se como “o que podemos chamar de movimento indígena brasileiro, ou seja, um esforço conjunto e articulado de lideranças, povos e organizações indígenas objetivando uma agenda comum de luta, como é a agenda pela terra, pela saúde, pela educação e por outros direitos” (Baniwa, 2006, p.59). A garantia desses direitos, reconhecidos e assegurados na Constituição de 1988 (Art. 231 e Art. 210), logrou, entre outros direitos reclamados, a contextualização da educação escolar nos territórios indígenas e políticas de formação específica, diferenciada, mais ampla de professores indígenas locais. A educação escolar indígena, pautada em uma perspectiva dos saberes e tradições dos povos originários, despontou como princípio no fortalecimento dos modos de vida, projetos futuros das comunidades e tradições que pautaram os projetos das escolas nas comunidades indígenas com a autoria de lideranças comunitárias, comunidade, anciãos e professores indígenas, os principais interessados em promover uma mudança efetiva nas práticas e nas tradições de ensinar e aprender na cultura e com a cultura das comunidades, sendo as línguas e as memórias as bases para essa reconfiguração escolar firmada na premissa de que “o que a sociedade nacional chama de educação nós [povos tradicionais] chamamos tradição” (Nhenety KX in Memória. Índios na visão dos índios (GERLIC, 2012)). Com o acesso às tecnologias de informação e comunicação, este recurso aproximou e permitiu que alguns povos pudessem registrar digitalmente suas expressões, conhecimentos e representações de si mesmos e mostrar para indígenas e não indígenas o mundo plural que os abarca, além do acesso a outras formas e métodos de partilhas de saberes e modos de vida definidos pelas comunidades. O xamã e líder político Davi Kopenawa, argumenta ter escrito o livro “A Queda do Céu: palavra de um xamã yanomami” (2015) para que os brancos possam enfim ouvir as vozes da floresta e, quem sabe, pensar “com mais retidão a seu respeito?” De modo análogo, lideranças indígenas, a exemplo de Ailton Krenak, Gersen Baniwa, Sônia Guajajara, cacique Mário Juruna fazem ecoar, em lugares como a Câmara dos Deputados e na Assembleia Constituinte (Brasília, 1987), a voz da ancestralidade como tantas outras vozes que somam e reverberam o pensamento de Valdelice Kaiowá que diz ser preciso “fazer o papel falar” em dias atuais e o ensinamento de Cacique Lázaro Kiriri “Queremos uma escola que não o índio se torne médico sem deixar de ser índio”. Foi a partir desses movimentos que, homens e mulheres indígenas, usando seus “arcos e flechas”, ressignificados em suas tradições e ancestralidades, fizessem destes as suas novas “armas”. Eliane Potiguara foi a primeira mulher indígena a publicar em 1989: A terra é a mãe do índio, preparado e publicado pelo GRUMIN (Grupo Mulher – Educação Indígena), coordenado pela autora. Assim como Kopenawa, Nhenety KX, Potiguara e tantos outros intelectuais indígenas, escrevem na língua portuguesa para chamar a atenção dos juruás ‘homens brancos’ (em Tupi-Guarani), em todos os sentidos possíveis. O escritor Daniel Munduruku lançou em 1996 o livro Histórias de índio, cujo título disparou o boom da literatura indígena voltada para o público infantojuvenil, escrita pelos próprios indígenas. Diante da imensa pluralidade do universo das tradições e modos de vida dos povos originários, reconhecer uma educação específica, intercultural, diferenciada, comunitária, bilíngue e ancorada na inserção dos principais interessados em suas questões é um imperativo para se pensar se “existe ainda a possibilidade da não-escola, como forma de não submissão ao Estado para algum(s) povo(s) indígena(s), ou é uma fatalidade (um mal necessário, para todos) a escola?” (D’Angelis, 2012). Sabemos que o livro [didático] é uma ferramenta do conhecimento [científico ocidental] e como bem destaca Krenak, há séculos que os povos originários vêm articulando suas Ideias para adiar o fim do mundo, nas suas diversas cosmologias e cosmogonias. Ademais, esta é a Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032), a qual marca um período ímpar no movimento de fortalecimento das lutas e resistências das ditas "línguas minoritárias/minorizadas", em detrimento ao português, mantido como língua majoritária pelo colonialismo linguístico no território nacional, que, há séculos, oficializa a língua nacional do Brasil como monolíngue. É preciso reorganizar o direito à políticas linguísticas dos povos originários, fomentando, criando e implementando políticas educacionais e linguísticas nas quais tanto as línguas quanto às práticas educacionais indígenas construídas, definidas e aprimoradas pelos próprios indígenas tomem o seu devido lugar e valor como um patrimônio cultural das populações originárias e instrumento principal de fortalecimento dos projetos comunitários, no território nacional. Lembrar que é a escola que se encontra em território indígena, isto faz toda a diferença para se pensar em tradição oral, sabedorias indígenas, formação continuada de professores, alfabetização em língua indígena materna (L1), material didático através do qual seja incorporado, principalmente, o universo do signo dentro da cosmologia indígena, produzidos por professores indígenas, fazendo uso do livro e toda sorte de material como um canal para restabelecer outras formas de interlocução com os juruás, reafirmando o que postula a Declaração Universal dos Direitos Linguísticos (artigo 28º 1996): “Todas as comunidades linguísticas têm direito a um ensino que permita aos seus membros adquirirem um conhecimento profundo do seu patrimônio cultural [...], assim como melhor conhecimento possível de qualquer outra cultura que desejem conhecer”. Assim, a Revista Grau Zero deseja abrir mais esse espaço de troca de conhecimentos e debate para contribuir com várias formas de leituras e/ou interpretações pertinentes a questões das educações indígenas: sobre ações e políticas de fortalecimento da língua indígena; autoria e autonomia de produção literária, formação de professores indígenas na Educação Intercultural, elaboração de currículos educativos próprios, processos próprios de aprendizagem, dentre outros temas que irão surgir. É um espaço proposto para compreender mais sobre tradição, memória, as culturas ancestrais e projetos comunitários de povo que constituem o Brasil com sua característica forte na multiplicidade de línguas e riqueza pluricultural dos seus povos, abordando reflexões que perpassam pelas práticas formativas de professores indígenas e não indígenas, relatos de experiências e de projetos pedagógicos e educacionais voltados para essas questões que envolvam e/ou dialogam com os povos originários, serão todos bem-vindos. Este é um convite para autoras, autores, pesquisadoras e pesquisadores indígenas e não indígenas, nacionais e (inter)nacionais.
Data limite: 30/04/2023
Cronograma dezembro/2022: lançamento da chamada até abril/2023: recebimento de artigos Organizadores: Anny Carneiro Santos - Doutoranda em Crítica Cultural/Turma Multicampi Canudos (PPGCC/UNEB) Kárpio Márcio de Siqueira - Doutorando em Crítica Cultural/Turma Multicampi Canudos (PPGCC/UNEB) Telma Cruz Costa - Doutoranda em Crítica Cultural/Turma Multicampi Canudos (PPGCC/UNEB)
Obs: Os textos devem ser submetidos pelo próprio site, para fazer a submissão, é necessário ser cadastrado, caso não seja, clique no link acima (cadastro) e preencha os dados do formulário, lembrando que deve ser escolhida a opção autor |
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