As mulheres da EJA

do silenciamento de vozes à escuta humanizadora

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2021.v30.n63.p131-150

Palavras-chave:

Educação de Jovens e Adultos. Mulheres. Memórias. Trajetórias. Educação.

Resumo

 

A reflexão proposta neste artigo resulta de uma pesquisa realizada com mulheres, estudantes da EJA de um município do Paraná, tendo como objetivo compreender suas trajetórias escolares e identificar as dificuldades vivenciadas, os motivos para retornarem ao espaço escolar e o papel da educação em suas vidas. Para tanto, dentro de uma abordagem qualitativa, a metodologia utilizada foi a pesquisa documental e a história oral temática, organizadas e analisadas na perspectiva da análise de conteúdo de Bardin (2016). Os resultados demonstraram trajetórias permeadas por abandono escolar, dificuldades socioeconômicas e preconceitos e a educação como uma via para a conquista de um espaço na sociedade. Evidenciou-se a necessidade da escuta das vozes femininas, (re)conhecendo suas experiências de vida com vistas à elaboração de propostas pedagógicas humanizadoras e emancipadoras, considerando o contexto de exclusão ao qual, historicamente, essas estudantes foram submetidas.

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Biografia do Autor

Francisca vieira lima, Universidade Federal do Paraná

Doutoranda em Educação - UFPR - Linha Cognição, Aprendizagem e Desenvolvimento Humano. Mestra em Educação - UFPR. Graduação em Pedagogia e Educação Física. Bacharelado em Ciências Contábeis pela Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí/UNESPAR com Habilitação em Matemática (Licenciatura Plena). Especialização em Educação de Jovens e Adultos e Educação Matemática. Integrante do Grupo de Pesquisa EPEJA - Pesquisa Interinstitucional CNPQ Fundamentos e Autores Recorrentes do Campo da Educação de Jovens e Adultos no Brasil: a construção de um glossário eletrônico. Atualmente é coordenadora pedagógica e compõe o quadro de gestoras do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos de São José dos Pinhais/SEED/PR. 

Telefone: (41) 99671 8749

Andreia Faxina Wiese, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ (UNESPAR)

Mestre em Sociedade e Desenvolvimento pela Universidade Estadual do Paraná/UNESPAR. Especialista em Gestão Empresarial e em Neuropsicopedagogia. Graduada em Administração com Habilitação em Marketing e em Pedagogia pelo Centro Universitário de Maringá/UNICESUMAR.

Sonia Maria Chaves Haracemiv, UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

Atua nos seguintes Programas da UFPR: Programa de Pós-Graduação em Educação. Linha Cognição, Aprendizagem e Desenvolvimento Humano.
Programa de Pós-Graduação em Educação - Mestrado Profissional. Linha Formação da Docência e Fundamentos da Prática Educativa.
Pesquisadora do Grupo de Estudos Pesquisa de Cognição, Aprendizagem e Desenvolvimento Humano - Coordenadora do Projeto de Pesquisa Vozes do Cárcere - Paz e não violência em busca de um novo modelo de gestão penal.
Pesquisadora do Grupo de Estudos Pesquisa de Avaliação e Currículo - UNIRIO
Pesquisadora Cnpq no Projeto Fundamentos e Autores Recorrentes do Campo da Educação de Jovens e Adultos no Brasil: a construção de um glossário eletrônico. Coordenadora do Eixo EJA e Tecnologias do EPEJA. 

Integrante do Projeto Educação em Direitos Humanos:Educação básica: ensino e formação docente, coordenado por Ana Maria Dietrich da Universidade Federal do ABC de São Paulo. 

Membro da Comissão Permanente para Elaboração, Implementação e Implantação da Política Estadual de Atenção às Mulheres Privadas de Liberdade e Egressas do Sistema Penal do Paraná - PEAME. 

Pesquisadora da Rede Internacional Luso-Brasileira de Pesquisa Colaborativa em Educação de Jovens, Adultos e de Pessoas Idosas – BRASILUEJA, Brasil, Portugal, Espanha e México.  

Membro do GT do Observatório Social Saúde em  Instituições  Prisionais e Justiça Criminal

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Publicado

2021-09-29

Como Citar

LIMA, F. vieira; WIESE, A. F. .; HARACEMIV, S. M. C. As mulheres da EJA: do silenciamento de vozes à escuta humanizadora. Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, [S. l.], v. 30, n. 63, p. 131–150, 2021. DOI: 10.21879/faeeba2358-0194.2021.v30.n63.p131-150. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/faeeba/article/view/11123. Acesso em: 16 abr. 2024.