Relações entre política e religião na defesa de uma educação "neutra"

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2020.v29.n58.p134-149

Palavras-chave:

Religião - Política - Ideologia de gênero - Movimento Escola Sem Partido

Resumo

A luta encampada contra a chamada “ideologia de gênero”, impulsionada principalmente após as discussões e aprovações dos Planos de Educação em 2014 e 2015, é uma das facetas do Movimento Escola Sem Partido (MESP) e é central para a militância conservadora cristã no Brasil. Para contribuir com este debate, este artigo pretende discutir as relações entre política e religião no caso da batalha contra a palavra “gênero” no Plano Estadual de Educação do Paraná. Na primeira parte, discuto a laicidade do Estado, refletindo sobre este conceito à luz dos estudos do sociólogo Antônio Flávio Pierucci e das/os antropólogas/os Paula Montero e Emerson Giumbelli. Na segunda parte, analiso o uso de argumentos jurídicos para defender pautas religiosas, focando especificamente no caso da discussão do Plano Estadual de Educação do Paraná. Por fim, problematizo a ausência da palavra “gênero” deste documento como parte de uma cruzada contra as pautas que envolvem esse campo de estudos.

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Biografia do Autor

Karina Veiga Mottin, Universidade Federal do Paraná

Doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Paraná. Linha de pesquisa: "Educação: Diversidade, Diferença e Desigualdade Social". Pesquisadora do  Laboratório de Investigação de Corpo, Gênero e Subjetividades na Educação (Labin).

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Publicado

2020-07-04

Como Citar

VEIGA MOTTIN, K. Relações entre política e religião na defesa de uma educação "neutra". Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, [S. l.], v. 29, n. 58, p. 134–149, 2020. DOI: 10.21879/faeeba2358-0194.2020.v29.n58.p134-149. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/faeeba/article/view/8071. Acesso em: 19 abr. 2024.