Das "Mina" às meninas na Linju:
tecendo anseios, trilhas e (contra)pontos
DOI:
https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2021.v30.n62.p16-29Palabras clave:
Literatura para crianças e jovens, Linguagens das margens, Protagonismo negro, Lei 10.639/03Resumen
Este texto resulta da atuação das autoras no campo das literaturas afro-brasileiras e africanas destinadas às crianças e aos jovens. Trata-se, no caso, de uma das linguagens das margens ainda preterida nas instituições acadêmicas enquanto campo de pesquisa (OLIVEIRA, 2010). Levando-se em conta o impacto do racismo estrutural e epistêmico, além da necessidade de romper com tais correntes de pensamentos (LIMA; SOUZA, 2018), focaliza-se o protagonismo negro em três narrativas publicadas após a sanção da Lei Federal 10.639/03. O objetivo é, portanto, destacar alguns aspectos inovadores nas seguintes narrativas: A cor da ternura, de Geni Guimarães (1989) e ilustração de Saritah Barbosa; Entremeio sem babado, de Patrícias Santana (2007) e ilustração de Marcial Ávila; e As tranças de Bintou, de Sylviane A. Diouf (2014)[1] e ilustração de Shane W. Evans. Com esse propósito, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, problematizando o racismo no Brasil e ressaltando a importancia da referida literatura na conjuntura brasileira, sem preterir as respectivas fundamentações, para quem almeja arofundar outros estudos. Foi assim demarcado o “lugar de fala” (hooks, 2019). O texto foi (re)estruturado em um momento tenso, de Covid e de recrudescimento da necropolítica (MBEMBE, 2018). Não se poderia, desse modo, ignorar o cenário no qual emerge, levando a situá-lo inicialmente e, também, trazer à cena outros pontos para o presente encontro. É o que compõe as duas primeiras seções, e, nas seguintes, como contraponto, percorre-se o universo das citadas literaturas e de estudos na área, buscando chamar a atenção para a relevância de Geni, Kizzy e Bintou, as protagonistas em foco, para aguçar a criança e o jovem que habitam em cada um de nós, a despeito das travessias. Enfim, para além do desalento e da Covid-19, concluímos que as linguagens das margens aqui entrelaçdas são mais que um convite à leitura e podem contribuir para nutrir a subjetividade, a sensibilidade e a nossa criatividade, na arte de tecer o caminhar.
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Atualizado em 15/07/2017