MEMÓRIAS DIGITAIS: ESCRITAS DE SI NAS COMUNIDADES ESCOLARES DO ORKUT
DOI:
https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2013.v22.n40.p259-270Keywords:
Escritas de si, Memórias escolares, Comunidades do Orkut, História da EducaçãoAbstract
Neste artigo procuro refletir sobre as escritas de si encontradas na rede social do Orkut, mais especificamente nas comunidades escolares do Colégio Militar do Rio de Janeiro e do Colégio Marista São José do Rio de Janeiro, considerando-as escritas autobiográficas virtuais sobre a vida escolar; nas palavras de Sibilia (2008), um verdadeiro festival de vidas privadas, um “show do eu”. Se a mão dos sujeitos incansavelmente deslizava, anotava os apontamentos da vida cotidiana em diários íntimos, cadernos, folhas, em caráter secreto, num tempo das tecnologias digitais, o usuário move-se sobre teclados, telas, deixando registros da sua vida, tornando, portanto, visíveis as suas histórias do cotidiano escolar. Como os usuários narram as suas histórias escolares? Quem são esses navegadores? Essas questões me instigam a pensar que o registro das experiências escolares possibilita ao sujeito “desnudar-se” (SOUZA, 2006). Valho-me dos estudiosos Chartier (2002), Aymard (2009), Muzart (1998), Lèvy (1999) e Lejeune (2008) para ajudar a pensar que os sujeitos também se constroem nos diversos suportes das escritas pessoais. Assim, essas escritas de si postadas na web podem se constituir elos no tecido das lembranças dos sujeitos que não se intimidam em contar as suas histórias escolares nesses novos suportes de escrita.
Downloads
References
AYMARD, Maurice. Amizade e convivialidade. In: CHARTIER, Roger. História da vida privada 3: da Renascença aos séculos das luzes. São Paulo, Companhia das Letras, 2009. p. 439-481.
BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoievski. São Paulo: Forense universitária, 1979.
BAUMAN, Zygmun. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
BERGMANN, Leila Mury. Por favor, aula hoje não!: o Orkut, os professores e o ensino. In: COUTO, Edvaldo Souza; ROCHA, Telma Brito (Org.). A vida no Orkut: narrativas e aprendizagens nas redes sociais. Salvador: Eduufba, 2010. p. 57-78.
BERNARDO, Gustavo. A leitura simpática do assombro. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 ago. 2008. Revista Ideias, p. 14.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1976.
BRITTO, Sérgio. Epitáfio. Disponível em: <http://www.musica.uol.com.br>. Acesso em: 14 out. 2010.
CARUSO, Andrea. Traço de União como vitrine: educação feminina, ideário católico e práticas escolanovistas no periódico do Colégio Jacobina. 2006. 210 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.
CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Fundação Editora da Unesp, 1999.
______. Os desafios da escrita. São Paulo: Editora UNESP, 2002.
DELORY-MOMBERGER, Christine. Biografia e educação: figuras do indivíduo projeto. São Paulo: Paulus, 2008.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975.
FISCHER, Rosa Maria Bueno. Mídia, máquinas de imagens e práticas pedagógicas. 2006. Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2011.
GIANNETTI, Cecília. O amor está no ar. O Globo, Rio de Janeiro, 03 abr. 2011. Revista de O Globo, p. 12.
GULLAR, Ferreira. A razão poética. 1996. Disponível em: <http://www.casadobruxo.com.br/poesia/f/razao.htm >. Acesso em: 20 jan. 2010.
HOMERO. Odisséia. Trad. Odorico Mendes. São Paulo: Ars Poética/EDUSP, 2000.
HOUAISS, Antônio. Prefácio que deveria ser posfácio. In: MACHADO, Ana Maria. Recado do nome: leitura de Guimarães Rosa à luz do nome de seus personagens. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003. p. 7-12.
LACERDA, Lilian de. Álbum de leitura: memórias de vida, histórias de leitoras. São Paulo: Ed. UNESP, 2003.
LEJEUNE, Philippe. O pacto autobiográfico: de Rousseau à internet. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2008.
LÈVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999.
LISPECTOR, Clarice. Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
MACHADO, Ana Maria. Recado do nome: leitura de Guimarães Rosa à luz do nome de seus personagens. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003.
MARCUSCHI, Luís Antônio; XAVIER, Antonio Carlos. Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção de sentido. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.
MIGNOT, Ana Chrystina Venancio. Decifrando o recado do nome: uma escola em busca de uma identidade pedagógica. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, DF, v. 74, n. 178, p. 619-638, set./dez. 1993.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000.
MUZART, Zahidé Lupinacci. Do navegar e de navegantes. In: CONGRESSO NACIONAL DA ABRALIC, 1998, Florianópolis. Anais... Florianópolis: Abralic, 1998.
ORKUT. Comunidade do Colégio Marista São José do Rio de Janeiro. Fórum Quem estudou na década de 70. 2004a. Disponível em: . Acesso em: 14 set. 2011.
______. Comunidade do Colégio Marista São José do Rio de Janeiro. Fórum Bola ao Mastro. 2004b. Disponível em: . Acesso em: 16 set. 2011.
______. Comunidade do Colégio Militar do Rio de Janeiro. Fórum Vc se lembram do seu número? 2005a. Disponível em: . Acesso em: 10 abr. 2011.
______. Comunidade do Colégio São Bento do Rio de Janeiro. Página dos Membros. 2005b. Disponível em: . Acesso em: 09 mar. 2010.
NICOLACI-DA-COSTA, Ana Maria (Org.). Cabeças digitais: o cotidiano na era da informação. Rio de Janeiro: PUC Rio, São Paulo: Loyola, 2006.
RICOUER, Paul. Tempo e narrativa. São Paulo: Papirus, 1994.
ROCHA, Olívia Candeia Lima. Escritoras piauienses: pseudônimos, flores e espinhos. Mafuá - Revista de Literatura em Meio Digital, Florianópolis, n. 00, dez. 2003. Disponível em: <http://www.mafua.ufsc.br/oliviacandeia.html>. Acesso em: 15 jan. 2006.
SIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
SOUZA, Elizeu Clementino. O conhecimento de si: estágios e narrativas de formação de professores. Salvador: UNEB, 2006.
VIÑAO, Antonio. Las autobiografias, memorias y diarios como fuente historico-educativa: tipologia y usos. TEIAS: Revista da Faculdade de Educação da UERJ, Rio de janeiro, n. 1, p. 82-97, jun. 2000.
Published
How to Cite
Issue
Section
License
O encaminhamento dos textos para a revista implica a autorização para a publicação.
A aceitação para a publicação implica na cessão de direitos de primeira publicação para a revista.
Os direitos autorais permanecem com os autores.
Após a primeira publicação, os autores têm autorização para a divulgação do trabalho por outros meios (ex.: repositório institucional ou capítulo de livro), desde que citada a fonte completa.
Os autores dos textos assumem que são autores de todo o conteúdo fornecido na submissão e que possuem autorização para uso de conteúdo protegido por direitos autorais reproduzido em sua submissão.
Atualizado em 15/07/2017