Os estratagemas psicológicos utilizados pelo Programa do Movimento Escola sem Partido

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2020.v29.n58.p27-289

Palavras-chave:

Educação. Autoritarismo. Estratégias. Escola.

Resumo

O artigo tem como objetivo explicitar os estratagemas psicológicos utilizados pelo Movimento Escola sem Partido em seus projetos de lei, desvelando as estratégias psicológicas empregadas para suscitar concordância e adesão dos sujeitos aos discursos e métodos do Movimento. Realizou-se uma análise de conteúdo dos projetos de lei do Movimento apresentados na esfera federal. Foi possível constatar que o Movimento utiliza reiteradamente de estratagemas típicos da propaganda totalitária, que buscam se aproveitar da debilidade dos sujeitos na sociedade que os predispõe a discursos autoritários. Ainda que os projetos não tenham sido aprovados na esfera federal, seus discursos produziram efeitos no campo das políticas públicas de educação, bem como nas escolas e na sociedade. Embora haja certa imprecisão quanto aos seus objetivos, é possível concluir que o Movimento busca impedir a experiência mais básica de uma educação diversa e democrática, impondo a uniformização do pensamento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Claudia Helena Gonçalves Moura, Pós-doutoranda no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.

Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de São João del-Rei. Mestre em Psicologia pela mesma universidade. Doutora em Psicologia escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo. Professora do Curso de Psicologia da Universidade José do Rosário Vellano, Unifenas. Pós-doutoranda no Instituto de Psicologia pela Universidade de São Paulo.

Pedro Fernando da Silva, Universidade de São Paulo

Docente do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Doutor em Psicologia Social pela PUC/SP. Coordenador do Laboratório de Estudos sobre o Preconceito/USP

Referências

ADORNO, T. W. Antissemitismo e propaganda fascista. In ______. Ensaios sobre psicologia social e psicanálise. São Paulo: Unesp, 2015a, p.137-152. (Texto originalmente publicado em 1946).

ADORNO, T. W. Teoria freudiana e o padrão da propaganda fascista. In: _______. Ensaios sobre psicologia social e psicanálise. São Paulo: Unesp, 2015b, p.153-189. (Texto originalmente publicado em 1951).

ADORNO, T. W. Tabus sobre a profissão de ensinar. In: _______. Educação e emancipação. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1995a, p. 97-118. (Obra original publicada em 1967).

ADORNO, T. W. Educação após Auschwtiz In:_______. Educação e emancipação. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1995b, p. 119-138. (Obra original publicada em 1967).

ADORNO, T. W. La técnica psicológica de las alocuciones radiofónicas de Martin Luther Thomas. In: ________. Escritos sociológicos II. Primera Parte. Madrid: Akal, 2015. (Obra originalmente publicada em 1975).

CACIAN, Natália. Ministério tira ‘identidade de gênero’ e ‘orientação sexual’ da base curricular. Folha de São Paulo. 06 abr. 2017. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/04/1873366-ministerio-tira-identidade-de-genero-e-orientacao-sexual-da-base-curricular.shtml>, Acesso em: 12 ago. 2019.

CÂMARA DOS DEPUTADOS. Projeto de Lei 7180 de 2014. Altera o Artigo 3° da Lei 9.394 de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: < https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1230836&filename=PL+7180/2014>, Acesso em: 20 jul. 2019.

CÂMARA DOS DEPUTADOS. Projeto de Lei 867 de 2015. Inclui entre as diretrizes e bases da educação nacional, o “`Programa Escola sem Partido”. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=1050668>, Acesso em: 20 jul. 2020.

CÂMARA DOS DEPUTADOS. Projeto de Lei 246 de 2019. Inclui entre as diretrizes e bases da educação nacional, o “`Programa Escola sem Partido”. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2190752>, Acesso em: 20 jul. 2019.

CARONE, I. Fascismo on the air: estudos frankfurtianos sobre o agitador fascista. Lua Nova revista de cultura e política, v. 55, n. 56, p. 195-217, 2002.

CHAUÍ, M. A ideologia da competência. São Paulo: Autêntica; Fundação Perseu Abramo, 2014.

HORKHEIMER. M. Prejuicio y carácter. In: ________. Sociedad en transición: estudios de filosofía social. Barcelona: Península, 1976, p.167-178. (Texto originalmente publicado em 1952).

HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. W. A massa. In: ________. (Orgs). Temas básicos da sociologia. 2a ed. São Paulo: Editora Cultrix, 1973a, p. pp.78-92. (Obra originalmente publicada em 1956).

HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. W. Ideologia. In: ________. (Orgs). Temas básicos da sociologia. 2a ed. São Paulo: Editora Cultrix, 1973b, p.184-205. (Obra originalmente publicada em 1956).

HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. W. Elementos do anti-semitismo: limites do esclarecimento. In: ________. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Ed. Reimpressa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006, p. 139-171. (Obra original publicada em 1947).

KANT, I. Resposta à pergunta: O que é o Iluminismo? In: ______. A paz perpétua e outros opúsculos. Tradução de Artur Mourão. Lisboa/Portugal: Edições 70, 2009, p. 9-18. (Original publicado em 1784).

MARCON, A. N., PRUDÊNCIO, L. E. V.; GESSER, M. Políticas públicas relacionadas à diversidade sexual na escola. Psicologia Escolar e Educacional. n. 20 v. 2, p. 291-301, maio/ago. 2016.

MOVIMENTO ESCOLA SEM PARTIDO. Site oficial do Movimento. Disponível em:< https://www.escolasempartido.org/>. Data de acesso: 20 fev. 2020.

PENA, F. O discurso reacionário de uma “escola sem partido”. In: GALEGGO, E. S. (Org.). O ódio como política: a reinvenção da direita no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2018.

REIS, T.; EGGERT, E. Ideologia de gênero: uma falácia construída sobre os planos de educação brasileiros. Educação & Sociedade. n. 38, v. 138, p. 9-26, jan./mar. 2017.

SILVA, C. S. F; BRANCALEONI, A.P. L.; OLIVEIRA, R. R. Base Nacional Comum Curricular e diversidade sexual e de gênero: (des) caracterizações. Revista Ibero-americana de estudos em educação. n. 14, v.2, p.1538-1555, jul. 2019.

TOKARNIA, M. MEC retira termo “orientação sexual” na versão final da Base Curricular. Agência Brasil. 07 abr. 2017. Disponível em:< http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2017-04/mec-retira-termo-orientacao-sexual-da-versao-final-da-base-curricular>, Acesso em: 12 ago. 2019.

Publicado

2020-07-04

Como Citar

MOURA, C. H. G.; DA SILVA, P. F. Os estratagemas psicológicos utilizados pelo Programa do Movimento Escola sem Partido. Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, [S. l.], v. 29, n. 58, p. 270–289, 2020. DOI: 10.21879/faeeba2358-0194.2020.v29.n58.p27-289. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/faeeba/article/view/8133. Acesso em: 12 nov. 2024.