DESCOLONIZANDO A PESQUISA COM A CRIANÇA – UMA LEITURA PÓS-COLONIAL DE PESQUISA
DOI:
https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2013.v22.n40.p187-197Palavras-chave:
Pesquisa, Infância, Cultura, SubalternidadeResumo
Este artigo objetiva problematizar a atividade de pesquisa, pondo em foco como as pesquisas dão voz à criança e, em diálogo com Spivak, que questiona se pode o subalterno falar, alinhamos a discussão nos nexos entre infância-subalternidadepesquisa. Nesse sentido, a partir do que já foi visto numa perspectiva qualitativa de pesquisa, marcada pela polissemia dessa produção e procurando seguir adiante nos debates já existentes sobre a temática, argumentamos a partir dos estudos culturais e pós-coloniais, propondo uma pesquisa que, deslocando o próprio sentido de colonização e problematizando-o, questione a subalternidade da infância. Questionamos: o que dar voz ao outro na e pela pesquisa implica? A partir do diálogo com Bhabha, Bakthin e Spivak, argumentamos que o ato de pesquisar se dá de forma contingencial no entre-tempo da enunciação. Emerge como efeito do espaço intersubjetivo de significação e como negociação, articula de forma contingencial e contextual sua produção. Nesse “entre” reside a pesquisa e dele emerge a agência política do pesquisador. Diante disso, discutimos a pesquisa com a infância, trazendo alguns eventos de pesquisa em análise.
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Atualizado em 15/07/2017