"Continuidade" e "descontinuidade": o processo da construção do conhecimento científico na história da ciência.

Autores

  • Funikazu Saito Pontifícia Universidade Católica - PUC-SP

DOI:

https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2013.v22.n39.p%25p

Resumo

Historiadores da ciência e educadores têm apresentado propostas que procuram aproximar história da ciência do ensino de ciência há algum tempo. Essas propostas enfatizam aspectos formais da ciência moderna, dedicando pouca atenção para o processo da construção do conhecimento científico. Desse modo, tem-se valorizado as epistemologias baseadas na ideia de ruptura, tais como as epistemologias de Gaston Bachelard e de Thomas Kuhn. Para muitos educadores, as noções de “obstáculo epistemológico” de Bachelard e de “mudança de paradigma” de Kuhn parecem romper com a visão linear e progressista do desenvolvimento do conhecimento científico.Dessa forma, educadores têm buscado pautar suas propostas em teses descontinuístas sem levar em consideração de que elas próprias são resultados de uma forma de pensar o mundo, e foram elaboradas e instituídas frente ao conhecimento científico de uma época. Assim, mais do que pautar a aproximação da história do ensino em aspectos formais, o autor propõe neste artigo uma abordagem contextualizada, pautada em tendências historiográficas mais atualizadas. Especial atenção é dada ao contexto em que as epistemologias de Bachelard e de Kuhn foram elaboradas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Funikazu Saito, Pontifícia Universidade Católica - PUC-SP

Doutor em História da Ciência pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Pesquisador do CESIMA(PUC-SP). Professor do PEPG em História da Ciência (PUC-SP). Professor do PEPG em Educação Matemática (PUC-SP).

Referências

ALFONSO-GOLDFARB, A. M. O que é História da Ciência. São Paulo: Brasiliense, 1994.

______. Como se daria a construção de áreas interface do saber. Kairós, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 55-66, 2003.

______. Centenário Simão Mathias: documentos, métodos e identidade da história da ciência. Circunscribere,São Paulo, v. 4, p. 5-9, 2008.

ALFONSO-GOLDFARB, A. M; BELTRAN, M. H. R. (Org.). O laboratório, a oficina e o ateliê: a arte de fazer o artificial. São Paulo: Educ/FAPESP, 2002.

______. (Org.). Escrevendo a História da Ciência: tendências, propostas e discussões. São Paulo: Educ/Livraria da Física/FAPESP, 2004.

______. (Org.). O saber fazer e seus muitos saberes: experimentos, experiências e experimentações. São Paulo:

Educ/Livraria da Física/FAPESP, 2006.

ALFONSO-GOLDFARB, A. M.; FERRAZ, M. H. M.; BELTRAN, M. H. R. A historiografia contemporânea e as ciências da matéria: uma longa rota cheia de percalços. In: ALFONSO-GOLDFARB, A. M.; BELTRAN, M. H. R.

(Org.). Escrevendo a História da Ciência: tendências, propostas e discussões historiográficas. São Paulo: Educ/

Fapesp/Ed. Livraria da Física, 2004. p. 49-73.

AYALA, M. La enseñanza de la Física para la formación de profesores de Física. Revista Brasileira de Ensino de Física, São Paulo, v. 14, n. 3, p. 153-161, 1992.

BACHELARD, G. A epistemologia. Lisboa: Edições 70, 2006.

______. A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro:Contraponto,1996.

______. A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto,1996.

______. A filosofia do não: filosofia do novo espírito científico. 5. ed. Lisboa: Presença, 1991.

______. O racionalismo aplicado. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.

BELTRAN, M. H. R. História da Ciência e Ensino: Algumas considerações sobre a Construção de Interfaces. In:

WITTER, G. P.; FUJIWARA, R. (Org.). Ensino de Ciências e Matemática: análise de problemas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009. p.179-208.

BELTRAN, M. H. R.; SAITO, F. História da ciência, epistemologia e ensino: uma proposta para atualizar essediálogo. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 8., 2011, Campinas.Anais... Campinas: Unicamp, 2012. No prelo.

BELTRAN, M. H. R.; SAITO, F.; TRINDADE, L. dos S. P. (Org). História da Ciência: tópicos atuais. São Paulo:CAPES/Livraria da Física, 2010.

_____. (Org.). História da Ciência: tópicos atuais 2. São Paulo: CAPES/Livraria da Física, 2011.

BUTTERFIELD, H. As origens da ciência moderna. Lisboa: Edições 70, 2003.

CACHAPUZ, A., PRAIA, J.; JORGE, M. Da educação em ciência às orientações para o ensino das ciências: um repensar epistemológico. Ciência & Educação, Bauru, v. 10, n. 3, p. 363-381, 2004.

CANGUILHEM, G. Ideologia e racionalidade nas ciências da vida. Lisboa: Edições 70, 1977.

CARRILHO, M. M.; SÀÁGUA, J. Objectivos e Fronteiras do Conhecimento. In: CARILLHO, M. M. (Org.).

Epistemologia: posições e críticas. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1991. p. vii-l.

CASTRO, R. S. de. História da Ciência: investigando como usá-la num curso de segundo grau. Caderno Catarinense

de Ensino de Física, Florianópolis, v. 9, n. 3, p. 225-237, 1992.

GAGALIARDI, R. Cómo utilizar la historia de las ciencias en las enseñanza de las ciências. Enseñanza de las ciências, Vigo, v. 6, n. 3, p. 291-296, 1988.

GARCIA, R; PIAGET, J. Psicogênese e História das Ciências. Trad. de M. F. M. R. Jesuíno. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1987.

GIL-PÉREZ, D. Tres paradigmas basicos en la enseñanza de la ciencias. Enseñanza de las Ciencias, Vigo, v. 1, p. 26-33, 1983.

GIORDAN, A.; VECCHI, G. de. As origens do saber: das concepções dos aprendentes aos conceitos científicos.

ed. Porto Alegre: Artes Médica, 1996.

KOMINSKY, L.; GIORDAN. M. Visões sobre ciências e sobre o cientista entre estudantes do ensino médio. Química Nova na Escola, São Paulo, v. 15, p. 11-18, 2002.

KUHN, T. S. Theory change as structure-change: comments on the Sneed formalism. Erkennis, v. 10, p. 179-199, 1976.

______. A estrutura das revoluções científica. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1997.

______. Comensurabilidade, comparabilidade, comunicabilidade. In: KUHN, T. S. O caminho desde a estrutura:ensaios filosóficos, 1970-1993, com uma entrevista autobiográfica. São Paulo: Ed. Unesp, 2006. p. 47-76.

McGUIRE, J. E.; RATTANSI, P. M. Newton and the ‘Pipes of Pan’. In: COHEN, I. B.; WESTFALL, R. S. (Ed.).Newton: texts, background, commentaries. London: Norton, 1995. p. 108-143.

MARTINS, A. F. P. História e filosofia da ciência no ensino: há muitas pedras nesse caminho... Caderno Brasileiro

de Ensino de Física, Florianópolis, v. 24, n. 1, p. 112-131, 2007.

MASTERMAN, M. A natureza do paradigma. In: LAKATOS, I.; MUSGRAVE, A. (Org.). A crítica e o desenvolvimento

do conhecimento. São Paulo: Cultrix, 1978. p. 72-108.

MATTHEWS, M. R. History, philosophy, and science teaching. New York: Routledge, 1994.

______. História, filosofia e ensino de ciências: a tendência atual de reaproximação. Caderno Catarinense de Ensino de Física, Florianópolis, v. 12, n. 3, p. 164-214, 1995.

MIGUEL, A.; MIORIM, M. A. História na educação matemática: propostas e desafios. Belo Horizonte: Autêntica,2005.

PAGEL, W. Paracelsus and the neoplatonic and gnostic tradition. Ambix, Cambridge, v. VIII, n. 3, p. 125-166, 1960.

______. The prime matter of Paracelsus. Ambix, Cambridge, v. IX, n. 3, p. 117-135, 1961.

______. Paracelsus, an introduction to philosophical medicine in the era of the Renaissance. Basel: Karger, 1982.

PASQUINELLI, A. Carnap e o positivismo lógico. Lisboa: Edições 70, 1983.

POPPER, K. R. A lógica da pesquisa científica. 9. ed. São Paulo: Cultrix, 1993.

______. O conhecimento objetivo: uma abordagem evolucionária. São Paulo: Edusp; Rio de Janeiro: Itatiaia, 1979.

______. Conjecturas e refutações. Coimbra: Almedina, 2003.

PRAIA, J.; CACHAPUZ, A.; GIL-PÉREZ, D. Problema, teoria e observação em ciência: para uma reorientação

epistemológica da educação em ciência. Ciência & Educação, Bauru, v. 8, n. 1, p.127-145, 2002.

RATTANSI, P. M. The social interpretation of science in the Seventeeth Century. In: MATHIAS, P. (Ed.). Science and society 1600-1900. Cambridge: Cambridge University Press, 1972. p. 1-32.

______. Newton and the wisdom of the ancients. In: FAUVEL, J.; FLOOD, R.; SHORTLAND, M.; WILSON, R. (Ed.). Let Newton be! Oxford: Oxford University Press, 1988. p. 185-201.

ROSSI, P. Naufrágios sem espectador: a ideia de progresso. São Paulo: UNESP, 2000.

SAITO, F. História da Ciência e ensino: em busca de diálogo entre historiadores da ciência e educadores. História

da Ciência e Ensino: construindo interfaces, São Paulo, v. 1, p. 1-6, 2010.

______. O telescópio na magia natural de Giambattista della Porta. São Paulo: Educ/Livraria da Física/FAPESP, 2011.

SAITO, F.; BROMBERG, C. História e Epistemologia da Ciência. In: BELTRAN, M. H. R.; SAITO, F.; TRINDADE, L. dos S. P. (Org.). História da Ciência: tópicos atuais. São Paulo: CAPES/Livraria da Física, 2010. p. 101-117.

SCHLICK, M. Textos de Moritz Schlick. In: SCHLICK, M.; CARNAP, R.; POPPER, K. R. Coletânea de textos.

São Paulo: Abril Cultural, 1975. p. 9-116.

SILVA, C. C. (Org.). Estudos de História e Filosofia das Ciências: subsídios para aplicação no Ensino. São Paulo:

Livraria da Física, 2006.

SILVEIRA, F. L. da. A filosofia da ciência e o ensino de ciências. Em Aberto, Brasília, v. 11, n. 55, p. 36-41, 1992.

TRINDADE, L. et al. História da Ciência e Ensino: alguns desafios. In: BELTRAN, M. H. R.; SAITO, F.; TRINDADE,

L. dos S. P. (Org.). História da Ciência: tópicos atuais. São Paulo: CAPES/Livraria da Física, 2010. p. 119-132.

YATES, F. A. Giordano Bruno e a tradição hermética. São Paulo: Cultrix, 1988.

______. The rosicrucian enlightenment. London: Routledge, 2001.

______. The occult Philosophy in the Elizabethan Age. London: Routledge, 2003.

Publicado

2013-06-24

Como Citar

SAITO, F. "Continuidade" e "descontinuidade": o processo da construção do conhecimento científico na história da ciência. Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, [S. l.], v. 22, n. 39, 2013. DOI: 10.21879/faeeba2358-0194.2013.v22.n39.p%p. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/faeeba/article/view/338. Acesso em: 28 mar. 2024.