Poderá a Universidade ser Popular?

a experiência da Universidade Popular dos Movimentos Sociais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2024.v33.n76.p116-135

Palavras-chave:

Educação popular, Universidade popular, Colonialidade, Democratização da educação

Resumo

Buscando compreender como se dão as relações entre a educação popular e a universidade, o presente artigo realiza um breve resgate histórico da educação popular e aborda o elitismo, colonialismo e crescente mercantilização das universidades convencionais, bem como a pluralidade de experiências populares que têm vindo a ser desenvolvidas no ensino superior para, em seguida, apresentar a Universidade Popular dos Movimentos Sociais (UPMS), demonstrando as divergências e convergências entre ela e as demais experiências. O trabalho conclui defendendo a complementariedade entre a pedagogia do oprimido que inspira a educação popular e a pedagogia da articulação posta em prática pela UPMS.

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Biografia do Autor

Fábio André Diniz Merladet, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Unirio)

Fábio Merladet é atualmente pesquisador com bolsa de Pós Doutorado CNPq/FAPERJ na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. É também Doutor em "Pós-Colonialismos e Cidadania Global" pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES-UC) e coordenador da Universidade Popular dos Movimentos Sociais (UPMS). Sua atuação acadêmica e profissional têm como foco pedagogias e metodologias de participação social, formação, educação popular e articulação de organizações e movimentos sociais. Foi investigador vinculado ao "Projeto ALICE: Espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências do mundo" e investigador vinculado ao "Núcleo de Estudos das Produções Autorais Indígenas nas Américas". Desde 2017 tem realizado diversas consultorias para a Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (Flacso), o Centro de Educação e Assessoramento Popular (CEAP), a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com foco no desenvolvimento de metodologias de organização, facilitação e sistematização de processos formativos e participativos. 

Edite Maria da Silva de Faria, Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Mulher negra, nordestina, professora, nascida no campo. Possui graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia, mestrado e doutorado em Educação e Contemporaneidade pela UNEB. Realizou pós-doutoramento na Universidade do Estado do Pará. Desenvolve estudos, pesquisas e extensão universitária.
Professora Adjunta do Departamento de Educação-Salvador, Campus I da UNEB. Professora Permanente do Mestrado em Educação de Jovens e Adultos (MPEJA)/UNEB, vinculada a Área de Concentração 2 Formação de Professores e Políticas Públicas. Membro da Coordenação Colegiada do Fórum Regional de EJA do Território do Sisal da Bahia. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Política e Avaliação Educacional (GEPALE) Bahia. Líder do Grupo de Pesquisa Educação do Campo e Contemporaneidade da UNEB e pesquisadora do Grupo de Pesquisa GEPALE UNICAMP. Pesquisadora associada a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED) membro do GT 18. Membra da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN). Curadora do Café com Paulo Freire Bahia.

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Arquivos adicionais

Publicado

2024-12-13

Como Citar

DINIZ MERLADET, F. A.; SILVA DE FARIA, E. M. da. Poderá a Universidade ser Popular? a experiência da Universidade Popular dos Movimentos Sociais. Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, [S. l.], v. 33, n. 76, p. 116–135, 2024. DOI: 10.21879/faeeba2358-0194.2024.v33.n76.p116-135. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/faeeba/article/view/20582. Acesso em: 18 dez. 2024.