O Que Ensinam Livros Didáticos de Biologia Sobre Mulheres Brasileiras da Ciência?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21879/faeeba2358-0194.2023.v32.n72.p148-169

Palavras-chave:

Gênero e Ciência, gênero e educação, Ensino de Biologia, Livro didático

Resumo

Este artigo apresenta resultados de pesquisa sobre ensinamentos de livros didáticos de Biologia, aprovados em editais do Programa Nacional do Livro Didático, acerca das mulheres brasileiras da ciência. A pesquisa, apoiada nos Estudos Culturais, Feministas e em conceitos foucaultianos, tomou a noção de livro didático como dispositivo, documento e artefato cultural. A análise dos livros foi fundamentada a partir das análises documentais e culturais. Os livros marcam a presença das mulheres brasileiras da ciência nos textos didáticos ora contribuindo para (re)produção e veiculação de uma história da ciência marcada pelo viés androcêntrico e ora apresenta certas rupturas e descontinuidades, fissuras com tal história. As rupturas e descontinuidades podem contribuir para subverter o discurso dominante e possibilitar uma educação não-sexista no que tange à veiculação de saberes sobre ciência e cientistas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Elenita Pinheiro de Queiroz Silva, Universidade Federal de Uberlândia

Doutora em Educação e professora Associada da Universidade Federal de Uberlândia - MG

Claudiene Santos, Universidade Federal de Uberlândia

Doutora em Psicologia e professora Associada da Universidade Federal de Uberlândia - MG

Referências

AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia. São Paulo: Moderna, v. 1, 2010.

AMARAL, Caroline Amaral; CASEIRA, Fabiani Figueiredo; MAGALHÃES, Joanalira Corpes. Artefatos Culturais: Pensando algumas possibilidades para a discussão dos corpos gêneros e sexualidades. In: MAGALHÃES, Joanalira Corpes; RIBEIRO, Paula Regina Costa. (Orgs.). Debates contemporâneos sobre educação para a sexualidade. Rio Grande: Ed. da FURG, 2017

ARRAZOLA, Laura Susana Duque. Ciência e Crítica Feminista. In: COSTA, Ana Alice Alcântara; SARDENBERG, Cecilia Maria Bacellar (Orgs.) Feminismo, Ciência e Tecnologia. Coleção Bahianas, v. 8. Salvador/ BA, 2002, p. 67-77.

BANDEIRA, Lourdes. A contribuição da crítica feminista à Ciência. Estudos Feministas, v. 16, n. 1, p. 207-228, 2008.

BRASIL. Fundo Nacional de desenvolvimento da Educação. Programa Nacional do Livro didático. Dados estatísticos. S.d Disponível em: https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/programas-do-livro/pnld/dados-estatisticos. Acesso em: 24 abr. 2022.

BARRETO, Andreia. A mulher no ensino superior: distribuição e representatividade. Cadernos do GEA, n. 6, 2014. Disponível em: http://flacso.org.br/files/2016/04/caderno_gea_n6_digitalfinal.pdf. Acesso em 24 abr. 2022.

BELLO, Alessandro; ESTÉBANEZ, María Elina. Uma equação desequilibrada: aumentar a participação das mulheres na STEM na LAC. Montevidéu: UNESCO. 2020. 44p.

BULDU, Mehmet. Young children’s perceptions of scientists: a preliminary study. Educational Research, v. 48, n. 1, p. 121-132, 2006.

CARMO, Karlla Vieira do. A Evolução nos livros didáticos de Biologia frente ao PNLD 2018: aproximações e distanciamentos. 2019. 269 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2019.

CASEIRA, Fabiani Figueiredo; MAGALHAES, Joanalira Corpes. Meninas e jovens nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação: raça-etnia, gênero e ciência em alguns artefatos. Revista Diversidade e Educação, v. 7, n. especial, p. 259-275, 2019.

COSTA, Maria Vorraber; SILVEIRA, Rosa Hessel; SOMMER, Luis Henrique. Estudos culturais, educação e pedagogia. Revista Brasileira de Educação, n. 23, p. 36 – 61, 2003.

CUNHA, Rocelly; DIMENSTEIN, Magda; DANTAS, Candida. Desigualdades de gênero por área de conhecimento na ciência brasileira: panorama das bolsistas PQ/CNPq. Saúde em Debate, v. 45, n. especial, p/ 83-97, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sdeb/a/X4B8B69D9cPFhxQbZDQSD6c/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 24 abr. 2022.

FERREIRA, Alessandra Pavolin Pissolati. As mulheres da ciência: uma análise dos livros didáticos de biologia aprovados no PNLD 2012, 2015 e 2018. 2022. Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Uberlândia. 2020.

FREITAS, Lucas Bueno de; LUZ, Nanci Stancki. Gênero, Ciência e Tecnologia: estado da arte a partir de periódicos de gênero. Cadernos Pagu [Online], n. 49, 2017.

HARAWAY, Donna. Saberes Localizados: a questão da Ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, v. 5, p. 07-41, 1995

HENNING, Paula Corrêa. Profanando a Ciência: relativizando seus saberes, questionando suas verdades. Currículo sem Fronteiras, v.7, n. 2, p. 158-184, 2007.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Agência IBGE Notícias. População chega a 205,5 milhões, com menos brancos e mais pardos e pretos. Disponível em: https://censoagro2017.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/18282-populacao-chega-a-205-5-milhoes-com-menos-brancos-e-mais-pardos-e-pretos. Acesso em: 24 abr. 2022

IDG - Instituto de Desenvolvimento e Gestão. Meninas na escola, mulheres na ciência: ferramentas para professores da educação básica. Rio de Janeiro: IDG/Museu do Amanhã, 2020, 72p.

KELLER, Evelyn Fox. Qual foi o impacto do feminismo na Ciência? Cadernos Pagu, n. 27, p. 13-34, 2006.

KOSMINSKY, Luis; GIORDAN, Marcelo. Visões sobre Ciências e sobre cientistas entre estudantes do ensino médio. Química nova na escola, São Paulo, n. 15, p. 11-18, 2002.

LAQUEUR, Thomas. Inventando o sexo: corpo e gênero dos gregos a Freud. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001. 313p.

LETA, Jaqueline et al. As mulheres na pesquisa, no desenvolvimento tecnológico e na inovação: uma comparação Brasil/França. Revista do Serviço Público, v. 57, n. 4, p. 531-548, 2006.

LIMA, Betina Stefanello. Políticas de equidade em gênero e ciências no Brasil: avanços e desafios. 2017. Tese (Doutorado em Ciências Sociais). Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade Estadual de Campinas. 2017.

LIMA, Betina Stefanello; BRAGA, Maria Lúcia de Santana; TAVARES, Isabel. Participação das mulheres nas ciências e tecnologias: entre espaços ocupados e lacunas. Gênero, v. 16, n. 1, p. 11-31, 2015. Disponível em:

https://periodicos.uff.br/revistagenero/article/view/31222/18311 Acesso em: 24 abr. 2022.

LINHARES, Sérgio; GEWANDSZNAJDER, Fernando; PACCA, Helena. Manual do professor. In: LINHARES, Sérgio; GEWANDSZNAJDER, Fernando; PACCA, Helena. Biologia Hoje. 3a Ed. São Paulo: Ática, v. 1, 2016.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis-RJ: Vozes, 1997.

LÖWY, Ilana. Ciências e Gênero. In: HIDRATA, H. et al. (Org.) Dicionário Crítico do Feminismo. São Paulo, SP: Editora UNESP, 2009, p. 40-44.

MAGALHÃES. Joanalira Corpes. Corpos transparentes, exames e outras tecnologias médicas: a produção de saberes sobre sujeitos homossexuais. 2012. 185f. Tese (Doutorado em Educação em Ciências) – Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, 2012

MELO, Hildete Pereira; RODRIGUES, Ligia. Pioneiras da Ciência no Brasil: uma história contada doze anos depois. Ciência e Cultura [Online], v. 70, n. 3, 2018.

MILLER, David et al. The Development of Children's Gender-Science Stereotypes: A Meta-analysis of 5 Decades of U.S. Draw-A-Scientist Studies. Child Development, v. 89, n. 6, p. 1943-1955, 2018. Disponível em: https://srcd.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/cdev.13039. Acesso em 24 abr. 2022.

MORAES, Ana Luiza Coiro. A análise cultural: um método de procedimento em pesquisas. Revista de Epistemologias da Comunicação, v. 4, n. 7, p. 28 – 36, 2016.

Nobel Prize. The Nobel Prize. Disponível em: https://www.nobelprize.org. Acesso em: 18 set. 2020.

NUCCI, Marina Fisher. Crítica feminista à Ciência: das “feministas biólogas” ao caso das “neurofeministas”. Revista Estudos Feministas [online], v. 26, n.1, 2018.

OLIVEIRA, Luciana Rodrigues de; MAGALHÃES, Joanalira Corpes. Esse é o Show da Luna: investigando gênero, ensino de Ciências e pedagogias culturais. Domínios da imagem, v. 11, n. 20, p. 95-118, 2017.

ONUBR – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Agenda 2030. Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/. Acesso em: 08 de jan. de 2020.

REIS, Pedro; GALVÃO, Cecília. O diagnóstico de concepções sobre os cientistas através da análise e discussão de histórias de ficção científica redigida pelos alunos. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 5, n. 2, p. 213- 234, 2006.

REIS, Pedro; RODRIGUES, Sara; SANTOS, Filipa. Concepção sobre os cientistas em alunos do 1° ciclo do Ensino Básico: “poções, máquinas, monstros, invenções e outras coisas malucas”. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 5, n. 1, p. 51- 74, 2006.

RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. São Paulo: Pólen, 2019. 112p.

SARDENBERG, Cecilia Maria Bacellar. Da crítica feminista à Ciência a uma Ciência feminista. In: COSTA, Ana Alice Alcântara; SARDENBERG, Cecilia Maria Bacellar. (Orgs.) Feminismo, Ciência e Tecnologia. Coleção Bahianas, v. 8. Salvador/ BA, 2002, p. 89-120

SCHIENBINGER, Londa. O feminismo mudou a Ciência?. São Paulo: EDUSC, 2001. 384p.

SILVA, Elenita Pinheiro de Queiroz. A invenção do corpo e seus abalos: diálogos com ensino de Biologia. 2010. Tese (Doutorado em Educação). Programa de Pós-graduação em Educação. Universidade Federal de Uberlândia. 2010.

SILVA, Elizabete Rodrigues da. A (in)visibilidade das mulheres no campo científico. Revista HISTEDBR [online], n. 30, p. 133-148, 2008.

SILVA, Fabiane Ferreira da; RIBEIRO, Paula Regina Costa. A inserção das mulheres na Ciência: narrativas de mulheres cientistas sobre a escolha profissional. Linhas Críticas, v. 18, n. 35, p.171-191, 2012.

SILVÉRIO, Florença Freitas; VERRANGIA, Douglas. O cientista é um homem branco ocidental: uma análise de livros didáticos de Biologia. ABATIRÁ - Revista de Ciências Humanas e Linguagens, v. 2, n. 3, p. 332-360, 2021.

SOUZA, Ângela Maria Freire de Lima e. O viés androcêntrico em Biologia. In: COSTA, Ana Alice Alcântara; SARDENBERG, Cecilia Maria Bacellar (Orgs.) Feminismo, Ciência e Tecnologia. Coleção Bahianas, v. 8. Salvador/ BA, 2002, p. 77-89.

UNESCO. Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). Brasília: UNESCO, 2018. 84p.

VENTURINI, Anna Carolina; FERES-JÚNIOR, João. Políticas de ação afirmativas na pós-graduação: o caso das universidades públicas. Cadernos de Pesquisa, v. 50, n. 177, p. 882-909, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cp/a/dyyLjXzMKQCwnbz4DwZCGdK/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 24 abr. 2022.

WEEKS, Jeffrey. O corpo e a sexualidade. In: LOURO, Guacira Lopes. O corpo educado: Pedagogias da sexualidade. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2000, p. 35-83.

WORTMANN, Maria Lúcia; Veiga-Neto, Alfredo. Estudos Culturais da Ciência & Educação. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2001. 136p.

WORTMANN, Maria Lúcia. O uso do termo representação na Educação em Ciências e nos Estudos Culturais. Pro-posições, v. 12, n. 1, p. 151-161, 2001.AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Pólen, 2019. 152p.

Arquivos adicionais

Publicado

2023-11-17

Como Citar

PAVOLIN PISSOLATI FERREIRA, A.; PINHEIRO DE QUEIROZ SILVA, E.; SANTOS, C. O Que Ensinam Livros Didáticos de Biologia Sobre Mulheres Brasileiras da Ciência?. Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade, [S. l.], v. 32, n. 72, p. 148–169, 2023. DOI: 10.21879/faeeba2358-0194.2023.v32.n72.p148-169. Disponível em: https://revistas.uneb.br/index.php/faeeba/article/view/17715. Acesso em: 19 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Temático 72