Vol. 8 Núm. 9 (2022): Ecologias Humanas
A Revista Ecologias Humanas, volume 08 nº 09 de 2022, destaca a questão dos Povos Originários no Brasil. Esta temática vem à tona, em momento bastante crítico na conjuntura da luta política desses Povos. Os assentamentos que foram encontrados pelos povos europeus, durante a fase pioneira da formação do território nacional (processo de colonização), sofreram toda espécie de abjeção. Da catequese que atuou na descaracterização cultural, admoestação para escravização até a morte pelo extermínio dos indígenas. Pode-se dizer o mesmo, em relação à população de ascendência afro que foi forçada a migrar para o Brasil a propósito da escravização.
Há muito que a situação desses povos, que denominamos de tronco “civilizatório” da nossa brasilidade, é de invisibilidade e silenciamento com a negação de todos os direitos necessários à dignidade humana. São populações vilipendiadas pelos poderes governamentais e pela sociedade dominante brasileira. Nos últimos quatro anos, em particular, esse desprezo foi por demais acentuado. Com a anuência e atuação direta do Estado, os Povos Originários amargaram toda sorte de desprezo que se pode imaginar. Dessa forma, a partir desse contexto é que esse número temático vem destacar a questão dos Povos Originários na contemporaneidade.
Vemos, pois, que nunca foi tão importante falar sobre os povos pioneiros, tal iniciativa como uma contribuição, ao que se deve somar muitas outras iniciativas que, certamente, vem tomando corpo Brasil afora, visando lentificar a conjuntura de desqualificação e invisibilização desses grupos, daqueles que são a própria razão e emoção de sermos o que somos e de nos afirmamos como povo multicultural em virtude de nossas origens com respeito e reconhecimento identitário.
Diante desse contexto, os autores fazem uso de uma pesquisa exploratória para analisar a vulnerabilidade, a que se encontram submetidos, os Povos Indígenas do Estado de Pernambuco. Demostram, sobretudo, expedientes de aviltação na regularização dos TI. Tal situação é ultrajante para os indígenas pernambucanos, dado que são as próprias instituições do Estado Brasileiro que são responsáveis por essa afronta aos Povos Originários.
O segundo artigo, versa, nas palavras dos próprios autores “as formas de vida e vivências dos povos tradicionais, a partir das particularidades observadas nos Terreiros de cultura Banto de Juazeiro - BA e no cotidiano da Comunidade Tamoquim de Sobradinho, município do semiárido brasileiro, que servem como perspectiva educultural [e que são] indicativas para práticas institucionais brasileiras”.
No terceiro artigo, a ênfase recai sobre o estudo dos Ciganos Calons, na Região Nordeste. Em particular, destaca-se as demandas por acesso aos direitos, não só materiais, no sentido de negação as suas demandas básicas, mas, também, imateriais do povo cigano estudado. Já no quarto artigo, os autores se dedicam a analisar a Etnoictiologia de Pescadores Artesanais, tematizando através de um estudo integrativo à bibliografia pertinente ao estado da arte de trabalhos brasileiros.
No quinto artigo, os autores se debruçam sobre as tecnologias sociais como instrumento de fortalecimento do sentimento de unidade étnica, entendida como pertencimento cultural entre Quilombos no Semiárido brasileiro. No sexto artigo envida-se reflexões sobre a relevância da interculturalidade e do multiculturalismo. Para isso, a autora faz uso de seu espaço de vivência como educadora e como profissional integrante do Atendimento Educacional Especializado (AEE) numa escola municipal de Ibipitanga/BA.
No sétimo e último artigo o autor se volta para o contexto de gestão de crise da UNIMED Vale do São Francisco, durante o período de ápice da pandemia COVID-19. Conclui que nos dois anos da pandemia, houve melhora média dos indicadores financeiros e perfil favorável no número de beneficiários ativos da aludida cooperativa de serviço de saúde.
Dado o contexto das importantes contribuições científicas que recebemos para esse número da revista da SABEH, queremos registrar o nosso agradecimento aos diagramadores, autores e leitores que tem, a olhos vistos, mais um registro do trabalho que a SABEH vem desenvolvendo no âmbito da produção e difusão de trabalhos científicos. Sendo assim, desejamos a todos e todas uma boa leitura!