Edições anteriores

  • Ecologias Humanas
    v. 10 n. 11 (2024)

    A Revista “Ecologias Humanas”, da Sociedade Brasileira de Ecologia Humana – SABEH, tem publicação semestral e submissão com fluxo contínuo. Nesta edição, Volume 10, Nº 11, apresenta uma miríade de conhecimentos vinculados às reflexões pretéritas e atuais seja, como campo de saber, caracterizado por delineamentos ambientais multitemáticos e multiescalares; seja pela riqueza epistemológica, pela práxis da Ecologia Humana e o fértil diálogo com que se entrelaçam diversas concepções de conhecimentos   contidos nos saberes aqui compartilhados.

    Inicia-se esta coletânea pelo protagonismo das mulheres serranas cujos espaços vividos se vinculam às concepções Ecofeministas, como prática e como protagonismo político. Em seguida, observa-se um conjunto de debates relacionados a abordagens físico-naturais, visando demonstrar o monitoramento de chuvas para o semiárido nordestino. Ainda nessa esteira, delineia-se, em perspectiva etnoecologica e de ancestralidade, o relato da produção de óleos essenciais numa perspectiva de afirmação das práticas ancestrais principalmente a  “divindades como Orixas, Inkisis e Caboclos”.

    Também é encontrada nesse número, uma explanação que muito contribui para compreensão dos saberes do Território Quilombola “de Brejão dos Negros, localizado na cidade de Brejo Grande em Sergipe”.  Caminhando na seara das perspectivas identitárias e da importância do Ecopertecimento, encontramos uma contribuição nas análises das letras musicais cantadas por Luiz Gonzaga.

    Seguindo a rota textual, sublinha-se os tempos e contratempos de usos da Cannabis, ressaltando, principalmente, “aspectos de conhecimentos milenares inerentes às óticas que divergem e se confrontam com concepções mais recentes” desse debate.  Finalizando esta seleta, na sessão de resenhas o leitor encontrará uma tradução das ideias do célebre antropólogo Franz Boas (1858, Alemanha - 1942, EUA) que se constitui em uma importante contribuição epistemológica para a ecologia Humana.

    Diante do exposto, convidamos a todos e todas para aproveitarem o conteúdo e desejamos uma excelente leitura.

    Editores da Revista Ecologia Humanas da SABEH

  • Foto: Maria do Socorro Pereira de Almeida

    Ecologias Humanas
    v. 9 n. 10 (2023)

    Neste número da Revista Ecologias Humanas da SABEH, abraçamos artigos e resultados de pesquisas acadêmicas sobre o grande tema: Ecologia Humana: teoria e prática. A ideia de aglutinar concepções em torno dessa grande vertente de conhecimentos não tem a pretensão de reunir todo estado da arte dessa vertente. O que intentamos foi iniciar esforços (grifo nosso) para trazer conhecimentos epistemológicos e de natureza prática sobre a Ecologia Humana, no intuito de contribuir com nossos leitores para um melhor entendimento sobre esse campo de conhecimento, de pesquisa e de trabalho que ainda é pouco difundido.

    Ao nos voltarmos para a diversidade e coexistência de diferentes concepções da Ecologia Humana, adentramos em um terreno em que se prestigia a pluralidade na unidade do saber, tendo como elemento de centralidade o reconhecimento de que tal unidade prescinde de diálogo, cooperação e motricidade solidária dos diversos sujeitos sociais que atuam e interatuam para compreender a diversidade da vida, como um todo, no seu movimento de ser e estar no mundo cujas contradições e desigualdades se tornam cada vez mais agonizantes, ao contrário do que se deveria buscar, que é o direito à vida e a humanidade numa cultura de respeito aos direitos de todos, a democracia, a tolerância e a paz.

    Nesse sentido, o primeiro artigo contempla a condição plural da Ecologia Humana, como diriam os próprios autores: “a ecologia humana seja adisciplinar, científica, disciplinar ou como constructo teórico-epistemológico, possibilita processos de produção científica que contribuem para a consolidação desse campo de conhecimento que parece estar em um contínuo processo de construção”.

    No segundo artigo, trata-se do Povo Pankararu Opará em suas lutas para assegurar caminhos para sua existência com dignidade, com respeito à pluralidade, e reconhecimento da diversidade de ser-partícipe da construção de sua própria história e das relações por eles estabelecidas com a Natureza, em particular com sua relação multidimensional, no qual compreendem o Rio Opará ou Rio São Francisco como sujeito de Direito. No terceiro artigo, busca-se evidenciar o papel que as escolas desempenham na educação ambiental na localidade de Lagoa de Dentro no município de Ibipitanga-BA.

    No quarto artigo, como bem acentua o autor, as preocupações se voltam para a abordagem geosistêmica quanto à região semiárida, evidenciando-se as características das “unidades de paisagens, quanto às suas potencialidades e limitações ao uso pelas atividades humanas”.

    No quinto artigo, discute-se primeiramente, a agricultura dinamizada com uso de capital e tecnologias intensivas para depois refletir sobre os processos socioespaciais de organização da agricultura familiar, tendo como objetivo compreender suas características e principais formas de atuação.

    No sexto artigo, o estudo apresenta um olhar panorâmico sobre alguns aspectos do Nordeste brasileiro no intuito de evidenciar perspectivas da Ecologia humana de modo que se emerjam fatores essenciais dos subespaços nordestinos sob o prisma da relação humano-natureza.

    No sétimo e último artigo, o texto é revelador de algumas observações sobre as perspectivas ambientais nas obras Bichos, de Miguel Torga, e Vidas Secas, de Graciliano Ramos. A autora tem como objetivo revelar as concepções de sagrado nessas obras, especialmente através do conto Jesus, da obra torguiana, e do episódio Inverno de Vidas Secas.

    O oitavo artigo traz uma contação autobiográfica de visões de ancestralidade e identidade indígena Guerém e da comunidade Tukum Mirim no processo de reconhecimento e pertencimento étnico-territorial em Valença – BA.

    Fica, portanto, o nosso convite ao regozijo de se conectar pela leitura com o conhecimento, saberes e fazeres estruturais do mundo, sejam eles sociais-metabólicos ou das concepções simbólicas diligentemente tratadas pela Ecologia Humana. 

     

    Dra. Maria do Socorro Pereira de Almeida

    Dr. Sérgio Luiz Malta de Azevedo

    Chefes de Editoração da Revista Ecologias Humanas

    Dezembro/2023

  • Ecologias Humanas
    v. 8 n. 9 (2022)

    A Revista Ecologias Humanas, volume 08 nº 09 de 2022, destaca a questão dos Povos Originários no Brasil. Esta temática vem à tona, em momento bastante crítico na conjuntura da luta política desses Povos. Os assentamentos que foram encontrados pelos povos europeus, durante a fase pioneira da formação do território nacional (processo de colonização), sofreram toda espécie de abjeção. Da catequese que atuou na descaracterização cultural, admoestação para escravização até a morte pelo extermínio dos indígenas. Pode-se dizer o mesmo, em relação à população de ascendência afro que foi forçada a migrar para o Brasil a propósito da escravização.

    Há muito que a situação desses povos, que denominamos de tronco “civilizatório” da nossa brasilidade, é de invisibilidade e silenciamento com a negação de todos os direitos necessários à dignidade humana. São populações vilipendiadas pelos poderes governamentais e pela sociedade dominante brasileira. Nos últimos quatro anos, em particular, esse desprezo foi por demais acentuado. Com a anuência e atuação direta do Estado, os Povos Originários amargaram toda sorte de desprezo que se pode imaginar. Dessa forma, a partir desse contexto é que esse número temático vem destacar a questão dos Povos Originários na contemporaneidade.

    Vemos, pois, que nunca foi tão importante falar sobre os povos pioneiros, tal iniciativa como uma contribuição, ao que se deve somar muitas outras iniciativas que, certamente, vem tomando corpo Brasil afora, visando lentificar a conjuntura de desqualificação e invisibilização desses grupos, daqueles que são a própria razão e emoção de sermos o que somos e de nos afirmamos como povo multicultural em virtude de nossas origens com respeito e reconhecimento identitário.

    Diante desse contexto, os autores fazem uso de uma pesquisa exploratória para analisar a vulnerabilidade, a que se encontram submetidos, os Povos Indígenas do Estado de Pernambuco. Demostram, sobretudo, expedientes de aviltação na regularização dos TI. Tal situação é ultrajante para os indígenas pernambucanos, dado que são as próprias instituições do Estado Brasileiro que são responsáveis por essa afronta aos Povos Originários.

    O segundo artigo, versa, nas palavras dos próprios autores “as formas de vida e vivências dos povos tradicionais, a partir das particularidades observadas nos Terreiros de cultura Banto de Juazeiro - BA e no cotidiano da Comunidade Tamoquim de Sobradinho, município do semiárido brasileiro, que servem como perspectiva educultural [e que são] indicativas para práticas institucionais brasileiras”.

    No terceiro artigo, a ênfase recai sobre o estudo dos Ciganos Calons, na Região Nordeste. Em particular, destaca-se as demandas por acesso aos direitos, não só materiais, no sentido de negação as suas demandas básicas, mas, também, imateriais do povo cigano estudado. Já no quarto artigo, os autores se dedicam a analisar a Etnoictiologia de Pescadores Artesanais, tematizando através de um estudo integrativo à bibliografia pertinente ao estado da arte de trabalhos brasileiros.

    No quinto artigo, os autores se debruçam sobre as tecnologias sociais como instrumento de fortalecimento do sentimento de unidade étnica, entendida como pertencimento cultural entre Quilombos no Semiárido brasileiro. No sexto artigo envida-se reflexões sobre a relevância da interculturalidade e do multiculturalismo. Para isso, a autora faz uso de seu espaço de vivência como educadora e como profissional integrante do Atendimento Educacional Especializado (AEE) numa escola municipal de Ibipitanga/BA.

    No sétimo e último artigo o autor se volta para o contexto de gestão de crise da UNIMED Vale do São Francisco, durante o período de ápice da pandemia COVID-19. Conclui que nos dois anos da pandemia, houve melhora média dos indicadores financeiros e perfil favorável no número de beneficiários ativos da aludida cooperativa de serviço de saúde.

    Dado o contexto das importantes contribuições científicas que recebemos para esse número da revista da SABEH, queremos registrar o nosso agradecimento aos diagramadores, autores e leitores que tem, a olhos vistos, mais um registro do trabalho que a SABEH vem desenvolvendo no âmbito da produção e difusão de trabalhos científicos. Sendo assim, desejamos a todos e todas uma boa leitura!

  • Ecologias Humanas
    v. 7 n. 8 (2021)

    Tempo que passa, que leva, que traz, que fere e que cura. Tempo que ensina, que espreita e, muitas vezes, brinca com o nosso psicológico. Dilata-se, mas certas vezes parece curto quando não nos permitimos acompanhá-lo. Este é o ano de 2021 que emite suas últimas luzes, é natal e mais uma vez estamos receosos. Há dois anos mudamos nossas rotinas, nossos encontros, nosso convívio, nossas vidas.

    Há dois anos que lamentamos, choramos vidas perdidas, sentimos saudades e aprendemos que não é eu ou você, somo nós, um emaranhado de vidas que se cruzam de alguma forma para cumprir o estado de ser e estar, juntamente com outras milhões de espécies que, não raramente, ignoramos, depreciamos, maltratamos, destruímos... Por que não paramos quando ainda havia tempo? A pandemia da Covid – 19 mostrou todas as vulnerabilidades da sociedade em todas as dimensões, econômicas, sociais, culturais, políticas, da cidadania. Mostrou, também, que precisamos ter outra forma de relação com o meio ambiente e mais respeito à vida. Que precisamos tratar as desigualdades sociais, as diferenças de gênero, étnicas, culturais, dentre tantas outras modalidades de manifestação e representação da vida, com mais atenção, respeito e humanidade.

    É diante de todos esses aspectos e reflexões, que a revista Ecologias Humanas, da SABEH, vem a público com seu oitavo número e queremos, em princípio, agradecer a todos os colaboradores, (revisores, diagramadores e comissão editorial), bem como todos os autores que contribuíram para mais esse feito. Sem fugir do nosso objetivo, observamos mais uma vez a importância inter e transdisciplinar desse instrumento de ensino-aprendizagem e de difusão do conhecimento científico. O leitor, neste número, se depara com sete artigos feitos com empenho e responsabilidade os quais passamos a conhecer.

    Abrindo nossa seleta, encontra-se o texto intitulado A imagem como produtora de sentidos e a temática ambiental em Um dia um rio de Léo Cunha e André Neves, das autoras Maria Joice Araújo Batista e Maria do Socorro Pereira de Almeida que tratam da importância da leitura de imagem e de temáticas ambientais na literatura infantil. As autoras, ao analisarem a citada obra, o fazem conferindo uma excelente leitura subliminar ao desastre ambiental ocorrido na cidade de Mariana - MG, quando uma usina de rejeitos de minérios invadiu o Rio Doce.

    Na sequência dos textos temos o artigo O impacto socioambiental dos mapas digitais inteligentes na justiça penal: por uma cidade midiática e informacionalmente alfabetizada, escrito por Adérica Ynis Ferreira Campos e Sérgio Luiz Malta de Azevedo. O texto se debruça sobre o fato de os mapas inteligentes serem feitos de modo que estejam ao alcance de todos os indivíduos sociais, já que todos precisamos ser alfabetizados para o manejo adequado desse instrumento de orientação e deslocamento espacial. Da forma como são postos esses mapas “inteligentes”, podem produzir resultado contrário ao esperado e os indivíduos serem criminalizados ao invés de auxiliados cartograficamente.

    Continuando, temos o artigo Fundamentos da transdisciplinaridade e do pensamento complexo na Ecologia Humana, escrito por Maryângela R. de Aquino Lira Lopes e Eliane Maria de Souza Nogueira, o qual discute conceitos e percursos da Ecologia Humana bem como sua importância, complexidade e ampla ligação às variadas áreas de conhecimento numa perspectiva transdisciplinar.

    Seguindo adiante, a autora Paola Odònílé nos traz o artigo intitulado Racismo nas representa- ções coloniais do Estado, em suas instituições, sobre comunidades tradicionais de terreiro – CTTRO em que discute a origem e os motivos do preconceito, até hoje presente, sobre os povos de terreiro bem como as representações do período colonial que ainda repercutem negativamente na atuação do Estado brasileiro.

     

    Nesta antologia se encontra, também, o texto Naufrágios como substrato para recifes artificiais: representações sociais sobre a relação entre naufrágios e biodiversidade por mergulhadores brasileiros, de Giulianna Saggioro Loffredo. A autora identifica e analisa, com desprendimento, as representações sociais sobre as relações entre naufrágios e biodiversidade marinha entre mergulhadores.

    Na sequência encontramos o texto os aspectos modernistas e socioculturais em Macunaíma de Mário de Andrade, de Francinalva Leite Rocha e Maria do Socorro Pereira de Almeida. As autoras analisam a citada obra, observando os aspectos modernistas empregados pelo autor, bem como a estética e o estilo usado por ele para compor a obra. Assim, o texto traz, também, as perspectivas socioculturais que embasam a narrativa como elemento da ecologia do ser e do estar no mundo, tomando como elementos balizadores a miscigenação do povo brasileiro.

    Fechando nosso arcabouço científico e didáticopedagógico, temos o artigo O jogo de xadrez e sua relevância pedagógica: relato de experiência, dos autores Adriana Soely André de Souza Melo, Sérgio Luiz Malta de Azevedo, Rogério de Melo Grillo e Carlos Alberto Batista Santos. O texto discute a importância do lúdico na aprendizagem, a importância histórica do jogo de Xadrez e como ele, (adotado como metodologia ativa) pode ajudar no desenvolvimento cognitivo de estudantes em todos os níveis de ensino.

    Diante do exposto, entregamos ao público ledor mais esse construto científico e esperamos que o tempo que virá se encarregue de nos trazer dias melhores de esperança, paz e muito amor nos corações dos humanos para que possamos olhar com mais cuidado e zelo para o meio ambiente e para os nossos irmãos não-humanos dos universos vegetal, animal, mineral, assim como de todas as outras dimensões existentes da terra.

    É nesse clima de agradecimento e esperança que convidamos os leitores a explorarem os textos aqui oferecidos com muito carinho.